Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Questão de talento ou de voto Excelência?

Palavras do Presidente do Senado: – “Só colocaram outro nome para indicação política. Será que as pessoas indicadas antes não tinham talento?” Perguntou ele, durante café da manhã com jornalistas.

Ao que ele mesmo respondeu: – “Não tinham talento, mas tinham voto”.

Exercitando assim sua ironia ao comentar a iniciativa da criação de um “banco de talentos” para o preenchimento de cargos técnicos dos escalões secundário e terciário do Governo Federal em mais uma tentativa de fazer valer as velhas e descabidas práticas de negociar espaço em órgãos e empresas públicas para amigos, parentes e correligionários em troca de voto, coisa que até a pouco tempo ele mesmo criticava.

Ora, ora, ora! Quer mais é que tudo permaneça como dantes no quartel de Abrantes de maneira a que os parlamentares continuem a ocupar e/ou indicar nomes para os cargos públicos sem a necessária qualificação técnica, bastando para tanto que tenham voto.

Essa tática passou a ficar cada vez mais evidente quando foi empregada tão logo foram confirmadas as eleições das presidências do Senado e da Câmara Federal. As intenções dos dois eleitos são exatamente as mesmas, tanto que convergem quanto ao objetivo final, querem espaço para negociar e o pior, a imprensa parece concordar com eles, pois também querem espaço para bisbilhotar. Basta observar que não perdem oportunidade de promover essa perniciosa estratégia alimentando o assunto todas as vezes em que os parlamentares são entrevistados. Os novatos que se cuidem, afinal elegeram duas figuras representativas de um passado que o povo não queria para dirigi-los no presente.

Sobre esta situação (da eleição para as presidências da Câmara e do Senado) cabe explorar o espaço para analisar filosoficamente a frase “não tinham talento mais tinham voto”, senão vejamos:

Fato inquestionável 01- os dois parlamentares eleitos têm talento político e voto;
Fato inquestionável 02 –  são frutos do passado se passando por resultados do presente;

Fato questionável 01 – talento e voto são a mesma coisa?
Fato questionável 02 – talento técnico é a mesma coisa que talento político?

Pois bem, dos males o menor, diriam o desavisados ou aqueles que não querem se aprofundar no assunto para não se comprometerem, o que nos permite fazer outras duas perguntinhas básicas sobre o comportamento dos parlamentares em relação ao nosso futuro e que não querem calar:

– Qual será o preço político da Reforma da Previdência?
– O que restará da proposta de combate ao crime e a corrupção encaminhada ao congresso?

A resposta pode ser dada de uma só vez, porque tudo dependerá da reação do governo a essa tentativa explicita de fazer com que tudo volte a depender da uma eventual sucumbência à “política do toma lá, dá cá” praticada no passado ou da validação dos votos que elegeram a esperança de acabar com essa prática destrutiva que tanto contribuiu para que confundíssemos os conceitos de Nação, Pátrias, País e Estado.

Para recuperarmos nossa sanidade política e intelectual será preciso recorrer resumidamente ao velho e bom Dicionário Houaiss onde:

Nação sublinha os valores culturais comuns a uma população – “comunidade de indivíduos que, dispersos em áreas geográficas e políticas diversas, estão unidos por identidade de origem, costumes, religião”;

Pátria salienta um país ou território enquanto realidade afetiva a que grupos e indivíduos estão ligados – “país em que se nasce e ao qual se pertence como cidadão”;

País refere-se a um território com organização política própria – “território geograficamente delimitado e habitado por uma coletividade com história própria”;

 Estado é a entidade responsável pela organização de um território e da vida da população ou do conjunto de populações que aí habitam – “conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação”.

Ao que tudo indica, a velha prática de se fazer política daquela maneira pretende manter essas definições em permanente confusão para que permaneçam juntas e misturadas em nossas mentes. Assim, a população nada cobrará e não ira atrapalhar seus planos.


Marcelo Augusto Portocarrero é Engenheiro Civil.
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