Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Cumplicidade

Pouco valorizada, a cumplicidade talvez seja o mais forte pilar para uma convivência duradoura e prazerosa. 

Uma lástima que não a encontremos com relativa frequência, já que o nível de exigência é variável de pessoa para pessoa. 

Nietzsche dizia: Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia. 

São tantas as nuances necessárias para conseguir que alguém realmente nos faça companhia que, com o passar dos anos, vamos desistindo desse sonho. 

Quando ele acontece, não mais são necessárias palavras de convencimento ou de discórdia, já que as percepções mútuas e simultâneas são automáticas em função da extrema afinidade mental, e nos sentimos, então, verdadeiramente acompanhados. 

Isso é válido para as poucas amizades reais, e quando acontece nas relações amorosas, é uma bela vivência. 

Nas relações entre pais e filhos é muito comum o aparecimento do ciúme quando a diferença de afinidade provocada pela cumplicidade é percebida. 

Aqueles que, embora muito amados, não conseguem nos fazer companhia, instigam reflexões, sem que possamos, na maioria das vezes, detectar a causa. 

O fato é que relações, de qualquer tipo, sem esse tempero da cumplicidade vão se tornando pesadas, com pouca ou nenhuma intimidade e despidas de qualquer interesse maior, independentemente do tempo que elas durem. 

Passamos a usar máscaras na convivência do dia a dia, o que nos descaracteriza totalmente como pessoas. 

Formam-se relações formais, mentirosas, ainda que supostamente cordiais. 

O despojamento pessoal, aliado ao diálogo franco, é o único caminho a ser tomado para fazer aflorar o desnudamento mental, sempre muito mais difícil e complicado que o físico. 

Com certeza, vale a pena tentar... 

Gabriel Novis Neves
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