Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

Opinião

A Afetividade como mediadora no processo de alfabetização

Este texto é uma pequena reflexão sobre a afetividade no processo de alfabetização. As reflexões que apresento são de um contexto em o processo de ensinar e aprender nos anos iniciais do ensino fundamental ganhou novo significado a partir de 2013, com a implantação em todo o País, do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, um compromisso do Governo Federal em parceria com estados e municípios para alfabetizar todas as crianças em idade escolar até os oito anos de idade. Para alcançar esse objetivo a Universidade Federal de Mato Grosso- campus de Rondonópolis, parceira desse programa, passou a realizar formação continuada, nas diferentes áreas do conhecimento, aos professores alfabetizadores da rede pública. Essas formações trouxeram muitas reflexões, apresentaram novas metodologias e novo olhar para a criança e como acontece sua aprendizagem.

Professores adotaram nova postura profissional e humana demonstrando afeto com seus alunos. Essa é minha impressão, enquanto Orientadora de Estudo do PNAIC. ao comparar as práticas pedagógicas dos professores alfabetizadores antes e após as formações realizadas, evidenciando como as mesmas são importantes. Nesse sentido, destaco os avanços na prática pedagógica com planejamentos e rotinas melhores elaboradas, a partir do diagnóstico psicogenético dos alunos em sua sala de aula, contendo atividades interventivas para superação de hipóteses dos níveis da aquisição da leitura e escrita dos alunos.

Evidenciando um novo modo de enxergar a própria prática e o aluno, agora valorizado e respeitado em sua infância e em seus direitos de aprendizagens, aliando e alinhando o conhecimento técnico com doses de afetividade, possibilitando aprendizagens e o sucesso escolar dos alunos em processo de alfabetização e letramento. As leituras, palestras, atividades, discussões e estudos advindos com o PNAIC tem proporcionado aos professores resgatar a consciência da importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem.

Há relatos dos professores, durante os encontros formativos, apontando que a ausência de uma educação que aborde a emoção, o sentimento, tanto na sala de aula quanto na família, causa enormes danos à criança que não poderão ser sanados apenas pela ação pedagógica. Nesse sentido, pais e professores tem discutido nas reuniões promovidas pelas escolas a questão da afetividade no trato com a criança em pleno desenvolvimento cognitivo, emocional e social, como medida de afirmação da personalidade e da aprendizagem escolar. No entanto, pouco resultado positivo vem sendo alcançado tanto nas famílias como nas escolas.  Muito se relatou das contribuições do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, ao apontar novos olhares, revisitar conceitos, apresentar metodologias e conhecimentos mais condizentes as transformações surgidas com as tecnologias disponibilizadas ao mundo atual.

Contudo, houve quase que unanimidade nas afirmações de que todos esses artifícios tecnológicos entusiasmam a todos, mas não superam o efeito que a afetividade entre o professor e o aluno em sua trajetória escolar. Muitos professores são conscientes que a afetividade é um fator importante a ser considerado no processo de alfabetização. Contudo, os professores, na maioria das vezes, não se sentem preparados para lidar com as situações emotivas, sentimentais de desordem psicológica, financeira e social de origem familiar da criança e trazida por ela para sala de aula. Surgem, então, novas necessidades a serem superadas, talvez em outras formações focadas nessa especificidade tão presente em nossas escolas. Uma vez que a escola sendo o primeiro espaço social da criança fora da família deve ser um local acolhedor onde a criança se sinta segura e protegida, aceitando esse novo espaço com naturalidade e prazer. Cabe, a equipe de gestão escolar da escola, preparar esse ambiente e ao professor dispensar doses de afeto no trato diário com ela, o que sem dúvida, favorecerá a superação de suas deficiências de aprendizagens e seu sucesso escolar se efetivará.

Portanto, compreender a relevância da afetividade como mediadora da aprendizagem na alfabetização proporciona ao professor e a criança momentos prazerosos no convívio em sala de aula, facilitando sem dúvida a aprendizagem da criança. Esta é uma constatação da minha experiência, neste ano, como Orientadora de Estudo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, em Várzea Grande-MT. Encerro esse pequeno ensaio refletivo sobre a importância da afetividade processo de alfabetização, fazendo uso de uma das muitas contribuições do saudoso e querido professor alfabetizador Paulo Freire, ao afirmar: “a escola, pode, a partir de uma posição político-crítico-reflexivas, se comprometer também com o dispositivo da mudança. Ainda que estruturada em posições verticais rígidas, na frieza tecnicista remanescente e, além disso, ser mantenedora de ideologias dominantes, ela pode ser um espaço para se fazer uma educação com “(...) afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança (...)”(Freire.1996,p.143).
“Não se pode pensar numa sociedade humanizada onde o afeto não se faz presente”
 
Palavras-chave: PNAIC. Afetividade, Prática Pedagógica.  Aprendizagem,
 
Sônia Regina de Souza Neves
Orientadora de Estudo-Várzea Grande – MT
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet