Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Golpe e nada mais

Os patrocinadores do golpe de Estado encheram Cuiabá de cartazes cujos dizeres se resumem sempre na ideia de que o golpe é o começo da mudança. Uma mudança que começa com a usurpação do poder e com o desrespeito às regras da democracia será sempre uma mudança para pior. O governador Pedro Taques faz parte da equipe do golpe. 
 
A campanha de cartazes em Cuiabá faz parte do conjunto da campanha dos golpistas. Os grandes meios de comunicação antes centraram seus esforços na realização do golpe. Aprovado o mesmo no circo de horrores que é a Câmara do Deputados, dirigem agora estes meios, juntamente com a oposição, todos os seus esforços para fazer a propaganda de que não se trata de um golpe.
 
O argumento é infantil: dizem que o impeachment está claramente contemplado na Constituição brasileira e, por isso, não se trata de um golpe. E espalham aos quatro ventos esta desinformação. Chegou ao ponto do senador escravocrata Ronaldo Caiado querer impedir o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardoso, de argumentar e demonstrar que se trata do mais asqueroso golpe. Perdeu, pois uma das marcas registradas desta elite oposicionista é justamente a falta de cultura geral e política e, consequentemente, a incapacidade de argumentar.
 
Sim, o impeachment está contemplado na Constituição brasileira e está regulamentado naquela lei de 1950. Mas não se trata do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Ora, dirão vocês, a Dilma não pode ser impedida? Em hipótese qualquer presidente pode ser impedido, desde que haja crime de responsabilidade. Não é o caso da Presidenta Dilma. Aliás, a Presidenta Dilma tem um histórico singular. Enquanto até o mais ignaro vereador do mais ignoto município tem um caso na justiça, a Presidente Dilma não tem nenhum. Sequer aquele que querem imputar a ela a todo custo e que chamam de Pedaladas.
 
São todos pedaladores. Se pedir crédito suplementar for crime para a Dilma, deverá também ser crime para o Temer, para o Anastasia e para todos os governadores que lançaram mão desse expediente vezes sem contar. Vamos ver no que vai dar este golpe. O fato é que se onsolida como golpe e entrará para a história como golpe e o mundo inteiro já o reconhece como golpe, menos o Pedro Taques e sua turminha.
 
O que não foi golpe contra o Presidente Collor, torna-se golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff. Não se trata aqui de defender o PT, direito que tem todo cidadão brasileiro enquanto este país se considerar livre. Trata-se de defender e preservar a democracia. Se perdermos o respeito pela lei e pelas regras da democracia, aí sim, instalaremos no país a maior das inseguranças e será uma insegurança para todos.
 
Pena que o nosso Judiciário tem sido amplamente conivente com este golpe. Não apenas conivente, mas o tem promovido escandalosamente reafirmando mais uma vez o que sempre foi: um judiciário do caos, da direita e do mais puro absolutismo. Uma das várias instituições brasileiras que não funciona.
 
* Paulo da Rocha Dias É jornalista, autor do livro de crônicas "Um chapéu, um cavalo branco e uma lanterna" e professor do Curso de Jornalismo da UFMT.
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