Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Insegurança lá e cá

Da Assessoria

A pouco mais de dois meses dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o que se vê nos céus não são brilhar de fogos de artifício, mas sim o reluzente brilho dos projéteis das armas de fogo a cruzar a abóbada celeste da Cidade sede do maior evento esportivo do mundo.

Os grandes eventos esportivos, na maioria das vezes, são vulneráveis no quesito segurança mesmo com todo aparato das forças de defesa. Na Cidade sede dos Jogos Olímpicos, morre-se assassinado por assaltantes, até num simples passeio de bicicleta, nos parques cariocas.

Podemos ficar aliviados – Minha nossa! Aliviados, nem pensar – mas as falhas de segurança não é incompetência apenas do País verde-amarelo. É que talvez a bandidagem-terrorista seja mais capacitada.

Quem não se lembra do atentado a bomba na linha de chegada da maratona de Boston em abril de 2013, que deixou três mortos e mais de 260 feridos. Os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev foram os que arquitetaram o ato terrorista, Tamerlan foi morto pela polícia e Dzhokhar condenado à morte em maio de 2015. A polícia americana agiu rápido, contudo, vidas foram ceifadas.

Ainda relembrando, mesmo que sem querer. Em novembro de 2015, os atentos que assolaram Paris onde homens-bomba atacaram os arredores do Stade de France, que sediava um amistoso entre França e Alemanha. Tragédia maior seria se tivesse ocorrido dentro do estádio. Assim como em Boston, a polícia francesa se comportou igual aos filmes americanos, ou seja, chegou depois do crime.

Como estamos em ano olímpico, voltaremos quase quarenta e quatro anos atrás, mais especificamente na madrugada de 5 de setembro de 1972, para relembrar o triste episódio onde oito jovens do grupo Setembro Negro, vestidos como atletas escalaram os portões da Vila Olímpica de Munique, na Alemanha e fizeram vários reféns, matando onze atletas israelenses. Aqui, mais uma vez as forças de segurança nada puderam fazer.

A partir desse episódio é que a preocupação com a segurança em eventos esportivos passou a ser tratada com maior seriedade. Tanto é que os controles se tornaram mais rígidos a ponto de impedirem a entrada de atletas sem identificação na Vila Olímpica de Londres em 2012, como foi o caso do campeão olímpico, o alemão Robert Harting, que teve sua credencial roubada.

Será que o Rio de Janeiro conseguirá impor adequado controle de segurança tanto na Vila Olímpica quanto nas cercanias? Pelo andar da carruagem, uma resposta positiva ainda é duvidosa.

Basta ver o ocorrido recentemente com equipes de velejadores de quatro países (Dinamarca, Grã-Bretanha, Irlanda e Nova Zelândia), que estavam se aclimatando na Baía de Guanabara, um dos cartões postais do Mundo e palco de disputas dos Jogos Olímpicos. Quando ninguém esperava, nem mesmo os funcionários do iate clube onde os atletas treinavam, eis que cruza o céu balas vindas de um tiroteio entre bandidos e polícia. Imaginem e cena! Que vergonha para os anfitriões.

Esse fato repercutiu internacionalmente com declarações negativas (óbvio né!), por parte do Comitê Olímpico dos quatro países. O Comitê Rio 2016 tratou logo de abafar o caso com a promessa de que informaria com antecedência à polícia, onde delegações e atletas iriam realizar treinamentos e reconhecimento de local, para dessa forma manter a segurança dos atletas. E a proteção da comunidade carioca e fluminense como fica?

Em parágrafos anteriores tratamos de atos terroristas propriamente ditos, contudo, não devemos nos esquivar dos atos de violência que diuturnamente assolam o Brasil, em particular, o Rio de Janeiro.

Não devemos esquecer, muito menos as forças de segurança, que atos terroristas podem sim ocorrer em solo tupiniquim, afinal de contas, as Olímpiadas irá reunir mais de duas centenas de países em um mesmo lugar, países inclusive inimigos históricos estarão dividindo o mesmo teto.

O pesquisador e especialista em segurança Fabricio Rebelo afirma que, uma das características de atos terroristas está em sua imprevisibilidade. Um ataque a qualquer delegação do país que se escolha como alvo tem exatamente o mesmo efeito de atacá-lo em seu próprio solo, mesmo que esta delegação esteja em uma nação tida como “neutra”. Portanto, não devemos pensar que estamos imunes a essa possibilidade.

Pois, a todo momento temos acompanhado no noticiário o avanço vertiginoso de atos terroristas praticado por fundamentalistas que se reinventam diariamente, a bola da vez é o recrutamento de jovens principalmente europeus para encabeçarem suas fileiras de “homens-bomba”, os intitulados “salvadores da pátria”.

Na contramão desse poderio de provocar carnificinas, anda nossos responsáveis pela segurança nacional, pois trabalham sempre no achismo, na negação. Ao invés de ações concretas em serviço de inteligência, reestruturação das polícias, maior controle na entrada de estrangeiros pelos aeroportos e fronteiras secas, vemos nossas autoridades, políticas inclusive, afirmarem que somos o país da “paz e amor”. Estão tão confiantes que foi dispensado, em alguns casos, os vistos de estrangeiros que virão assistir os jogos. Um absurdo.

Não podemos acreditar no acaso, só porque pensamos que somos o país da “paz e amor”, que “Deus é brasileiro” e que o Papa é argentino. Muitos por aí não acreditam em nada disso.

Claiton Cavalcante é Contador, Pós-graduado em Contabilidade Pública e Controladoria Governamental
 
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