Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

Opinião

Economia criativa em Mato Grosso

Economia Criativa é o conjunto de atividades econômicas que dependem do conteúdo simbólico, da criatividade, como fator mais expressivo para a produção de bens e serviços. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), agrega os segmentos da Economia Criativa em quatro grandes áreas: consumo [arquitetura, publicidade, design e moda], Cultura [patrimônio e artes, artes cênicas,  música e expressões culturais], Mídias [editorial e audiovisual] e tecnologia [biotecnologia, P&D e TIC].
 
Hoje, a economia criativa é parte importante da economia global, com reconhecida importância para a geração de emprego, riqueza e comércio internacional, e como um importante eixo de promoção da inclusão social, da diversidade e prosperidade futura. No Brasil, estes setores empregam aproximadamente um milhão de pessoas por meio de mais de 240 mil empresas, e movimentam por ano cerca de R$ 110 bilhões, ou mais de 2% do produto interno bruto (PIB). Os números de 2015 fazem parte do levantamento da Firjan, que indica ainda que estes setores pagam salários três vezes maiores à média de mercado.
 
Acreditando no enorme potencial de desenvolvimento que Mato Grosso tem também neste segmento e apostando na diversificação da sua matriz econômica, o Governo do Estado lançou em setembro de 2015 o “Programa de Desenvolvimento da Economia Criativa”, envolvendo cinco secretarias de estado: Trabalho, Ciência e Tecnologia, Cultura, Educação e Desenvolvimento Econômico. Com apoio inicial do Sebrae e da Barcelona Media, foi desenvolvido um programa que agora começa a sair do papel com ações em diversas frentes.
 
Uma delas se deu na semana passada com o Prêmio MT Criativo. Sete projetos nas áreas de tecnologia, comunicação e design foram premiados e lançados na última quinta-feira no Espaço Magnólia. Além do apoio financeiro, o Estado incentivou a união dos empreendedores e a criação de uma rede que os fortalecesse. O lançamento em conjunto já faz parte deste espírito de cooperação que marca a renovação da economia mundial.
 
O projeto do Núcleo de Mídias Livres Representa, por exemplo, desenvolve conteúdo de rádio e TV focado em educação e cultura com o objetivo de dar voz e espaço à periferia da região metropolitana de Cuiabá, que já fechou negócio com a Feira do Vinil e com o site de financiamento coletivo Toztão, outro projeto apoiado pelo Prêmio, para a realização de uma campanha promocional.
 
Este mesmo Núcleo também irá somar forças com o site Criatividade em Pauta, outro premiado, que tem o objetivo de mapear e disseminar iniciativas criativas e inovadoras em diversos segmentos. Criado pela jornalista Karina Arruda, o site traz, além de agenda cultural, reportagens, artigos e ideias inovadoras da Economia Criativa.
 
Neste lançamento, todos aproveitaram para adquirir produtos do projeto Arte em Buriti, também premiado, desenvolvido em Chapada dos Guimarães a partir da capacitação de artesãos para trabalharem com o buriti, uma versátil palmeira encontrada em várias partes do país. Os produtos são desenvolvidos com design sofisticado e capazes de atender mercados exigentes, e serão também difundidos através da parceria dos sites premiados na mesma ocasião.
 
Chegando num ótimo momento de desenvolvimento do audiovisual brasileiro, também estava presente o empreendedor Sernon Nonres, criador da plataforma Kinin, conhecida como o Netflix do cinema nacional. Trata-se de um canal de streaming de vídeo que surge como alternativa para distribuição de obras audiovisuais independentes, voltada para o público consumidor de filmes brasileiros independentes que não consegue ver ou rever esses filmes que geralmente são exibidos apenas em festivais de cinema. A plataforma é 100% gratuita e o usuário pode ver, rever e compartilhar os filmes nas redes sociais por meio do site.
 
Silvair Frazão, também contemplado no edital, desenvolveu o game Pop Pop Recicla, um jogo digital educativo que aborda a classificação de resíduos sólidos passando pelos principais pontos turísticos de Mato Grosso. O objetivo é reforçar a necessidade de evitar o descarte dos resíduos sólidos na natureza e despertar a consciência ambiental nas crianças.
 
Fechando o grupo de sete premiados, o projeto Ecomúsica no Museu visa desenvolver instrumentos musicais a partir da confecção artesanal com a utilização de materiais recicláveis, e realizar um curso de formação voltado para pessoas atuantes nos setores criativos. De acordo com Lilian Bazzi, a ideia surgiu porque “a sociedade precisa repensar e recriar seus modos de produção para formas sustentáveis e eficientes”. O projeto será tocado pela Associação Cultural Cena Onze, tendo em sua equipe de trabalho os músicos Josué Carvalho e Paulo César Teixeira. As oficinas serão realizadas no Museu Histórico de Mato Grosso e têm previsão de início para agosto.
 
A Cultura tem enorme capacidade de operar de forma transversal, em parceria com diversos setores da administração pública. Existe, claro, grande valia nos valores simbólicos e intangíveis dos patrimônio cultural imaterial porém, trata-se também de um setor composto por diferentes atividades econômicas, com cadeias produtivas próprias, que influenciam gastos e receitas públicas e privadas. É preciso compreender sua dinâmica e os resultados que podem trazer para a economia de Mato Grosso, com significativa geração de trabalho, renda, e tributos. A Economia Criativa, com seu amplo espectro de atividades, é um setor com importante caráter estratégico que quanto mais forte e estruturado, mais servirá ao propósito fundamental de contribuir para o desenvolvimento de Mato Grosso e do país.
 

Leandro Carvalho é secretário de Estado de Cultura
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