Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Bendito jiló!

No nosso dia a dia, somos invadidos por lembranças que às vezes chegam de modo inesperado e surpreendente. Hoje, o jiló - imagine só - ativou a minha memória. A diarista que trabalha comigo é mineira e cozinha muito bem. Quando vem a minha casa, costuma cozinhar como oferenda a alguém sem muita disposição de fazer comida só pra si. Só os netos, praticamente, conseguem arrancar a arte de cozinhar de dentro desta mulher que prefere ficar na lida com as palavras e a respiração.

No meu ofício de professora de Anubhava Yoga e terapeuta corporal Ayurveda, as práticas respiratórias são fundamentais, pois a abordagem do trabalho que realizo nessa área baseia-se na experiência com a respiração, onde um dos propósitos é vivenciar, regular e relaxar esse ato vital.  

Mas voltando ao jiló, é um fruto que aprendi a apreciar na Índia. Fazia um curso de Yoga e terapia Ayurveda, e, à época, purgava as dores do coração. Por causa do peito em dor, o professor me recomendou comer jiló, uma vez que o fruto faz bem ao coração. 

Então, instantaneamente, escutei a voz interior que disse: Mire-se no jiló e trate de curar seu coração. Ainda que amargo, mas sabendo preparar, transforma-se num prato muito apreciado.  Se você aceitar o amargo de sua natureza, torna-se alimento saboroso e de valor para a saúde.

Hoje, sentindo o coração um tanto quanto despedaçado, lembrei-me do bendito jiló... Fui à feira e comprei cerca de dois quilos da fruta amarga pra comer durante a semana. A santa Augusta cuidou do almoço. Pronto! Tivemos um banquete vegetariano, em que jiló foi o prato principal. De repente, vi o azeite italiano à minha frente, presente de meu filho, que sabe ser sua mãe apreciadora de azeite e vinho. 

Então, comi jiló acompanhado de azeite, puro, como remédio para o coração e as artérias. Uma tentativa de impedir que o colesterol - gordura ruim - prejudique a minha saúde.

E me esbaldei com o verde amargo em meu prato, o azeite italiano, de excelente qualidade, derramando e avivando o sabor do jiló, em perfeita combinação, embora de nacionalidades e de naturezas tão distintas!

Foi assim que me ocorreram reminiscências que deram origem a este texto. Costumo relacionar azeite a pão italiano, massas, pastas e saladas, em especial. Agora, inseriu-se em minha memória ao suavizar e propiciar um sabor ímpar ao amargo do jiló. Perfeito para o meu momento atual, em que tento proteger o coração de emoções desavisadas...

E você, caro leitor, animou-se a incluir com mais frequência em suas refeições esse fruto da planta herbácea jiloeiro (solanum gilo), originário da África, que ajuda a proteger o coração e as artérias, entre tantos outros benefícios para a saúde? 
 

*ENILDES CORRÊA é Administradora, palestrante e cronista. Terapeuta corporal Ayurveda, Profª de Yoga e de reeducação em respiração com formação e aperfeiçoamento na Índia.

Email: solautoconhecimento@gmail.com
Website: www.solatoconhecimento.com.br
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