Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

A Cuiabá de 25000 habitantes II

Isto parecia incrível, mas acontecia em Cuiabá.

Universidade não havia, e quem desejava graduar-se em profissões liberais tinha que emigrar para o Rio de Janeiro ou São Paulo onde a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco já havia adquirido fama.

Muitos dos nossos homens públicos e dos nossos Mestres foram por isso, auto didatas. Muito embora não sendo diplomados, adquiriram pelo esforço próprio, uma formação profissional e um lastro de cultura que atingiram muitas vezes, a níveis admiráveis.

O desejo de progredir levou Governo e particulares a fundarem ginásios e escolas normais. Foi esse o panorama cultural que encontraram algumas celebridades nacionais que visitaram Mato Grosso, naquelas décadas, entre eles o grande Monteiro Lobato e o ínclito professor Antenor Nascentes.

Poderia ser chamada a Cuiabá de outrora a “capital da educação” e não a vergonha que hoje vive nosso país.

Não era fácil destacar-se alguém num ambiente em que pontificara um Manoel Peixoto Corsino do Amarante, que da humildade da sua meninice projetou-se, pelo seu talento, até atingir o posto de Coronel do Exercito, Professor da Escola Militar da Praia Vermelha, e preceptor dos filhos de Dom Pedro II, onde brilhavam um Candido Mariano da Silva Rondon, que pela sua inteligência, preparo profissional, bravura e civismo tornou-se conhecido no exterior, de onde veio o Presidente Theodoro Rosevelt para conhecer-lhe, a obra imortal de um Dom Aquino Correa (para o meu pai, uma das maiores inteligências deste país), duas vezes diplomado em Universidades de Roma, considerado o príncipe da literatura mato-grossense que representou o Brasil com destaque em eventos internacionais e que conquistou uma cadeira na Academia Brasileira de Letras; um Joaquim Duarte Murtinho que pela sua postura de estadista salvou o Brasil de uma de suas crises cíclicas como Ministro do Governo Campos Salles; um Virgílio Correa Filho que por tantos anos honrou Mato Grosso no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual foi Secretário Geral.

Não era fácil, dizíamos alcançar alguma notoriedade no ambiente em que pontificavam tais expoentes.

Mas, Isác Póvoas alcançou. Como homem, como Mestre formador de muitas gerações e como intelectual.

Filho de Pedro Fernandes Póvoas modesto homem de negócios, que logrou por suas ações nos terríveis dias da guerra, da tríplice aliança a Comenda de Cavaleiro da Ordem da Rosa, uma das mais altas condecorações do Império, e os galões de Oficial da Guarda Nacional, posteriormente incorporadas ao Exército teve Isác (o certo é com só um A), no recesso do lar o espelho em que podia mirar-se para forjar a sua individualidade de homem educado, intransigente e cumpridor de seus deveres para com a Pátria e a Sociedade.

Você endinheirado, porem aculturado que queria acabar com nossa Secretaria de Cultura já tinha ouvido falar nestes vultos? Tinha  nada......

Continua....

Eduardo Póvoas - pós-graduado pela UFRJ.
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