Olhar Direto

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

Desmoralização de um governo

Em 2003 eu era um petista feliz, vi pela primeira vez um trabalhador, nordestino e de origem paupérrima chegar o poder no Brasil.  Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente Luís Inácio Lula da Silva tinha chegado ao poder. Os pobres se regozijavam e viam um futuro melhor para suas vidas.

O Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980 tomou o poder executivo federal do Brasil. Governava a União Federal e por três mandatos direcionou a política brasileira.

Devido ao seu programa partidário preocupou-se em implantar medidas sociais que concretizassem os direitos econômicos e sociais para os menos favorecidos, conforme apregoa a Constituição Federal em seus artigos 5º e 7º.

Mas o xadrez político do momento impunha um desafio. O desafio da governabilidade, diante de um Congresso Nacional multifacetado de partidos políticos e, o PT sem maioria no Legislativo.

Num primeiro momento o executivo tentou uma articulação com os movimentos sociais, setores que sempre estiveram ao seu lado para forçar uma pauta social mais favorável e, indicativa de programas mais à esquerda.

A tentativa foi abortada rapidamente e logo em seguida, Lula e sua trupe, optou pelo caminho mais fácil, fechou acordos com os partidos, implantando um tipo de projeto de governabilidade. Já viram a história do Leão e o ratinho? Não me perguntem quem é quem, pois fica a seu critério definir.

Embora os liberais de todas as matizes tentem negar, é palpável as medidas tomadas para resolver os problemas sociais mais prementes do País, entre estes, a fome, as discriminações raciais, sexuais, a falta de moradia e a exclusão educacional dos mais carentes. 

Mas,  se de um lado se estendeu a mão esquerda para os desafortunados, abriu os cofres da ilegalidade com a mão direita para os partidos com representatividade no Congresso.

A conjuntura era de um mundo abarrotado de dinheiro,  os tempos lulista foram de um conjuntura externa de fartura econômica, o Brasil ampliou a participação em mais mercados  na África, Ásia e em especial no Oriente Médio.

Estava posto a conjuntura que proporcionou a fraude governamental, que só foi descoberta por brigas internas e desencadeou no escândalo chamado de Mensalão no início em 1995.

O canal que nos informou sobre isto é a mídia brasileira. Por ela ficamos sabendo os detalhes da tramoia petista para se manter no poder. No entanto, a forma de informação foi incompleta, diretiva e capciosa.

O PT errou, sim todos nós sabemos, mas e o PMDB, o PP, o PR, o PTB, o PC do B, o PSB, e os outros que faziam parte da base governista, não deveriam ser julgados na mesma proporção? Os outros são santos? E o único diabo é o PT? O enredo desta novela global nos levou a pensar que sim. Mas não é verdade.

A mesma imprensa que mostrou apenas um lado da moeda, ou seja, a banda podre do PT, tratou também de emergir os salvadores da crise que se assolou no País, concomitantemente a uma outra conjuntura mundial, agora não muito mais favorável a economia brasileira.

De maneira Inverossímil, os salvadores do caos são os mesmos que estavam no governo junto com o PT. Sim senhores e senhoras, os mesmos, os mesmos que se locupletaram há anos na velhacaria da política do toma lá dá cá. Aqueles que governam para os grandes grupos e querem um Estado Mínimo e com  uma massa de trabalhadores a moda chinesa (aos montes, com medo, acovardados e com salários miseráveis).

A salvação da crise, para os detentores do poder são Reformas que rasgam literalmente a Constituição de 1988 e o Estado Democrático de Direito e pasmem,  apresentam as mesmas com algo que vai tirar o Brasil da crise, crise criada por eles mesmos.

No entanto, um fantasma insiste em aparecer a todo momento assombrando estes desprezíveis representantes nacionais, a Lava jato, a lista de Janot, e as demais ações dos Ministérios Públicos (federal e estaduais).

Há, pois uma desmoralização da imagem dos que estão buscando a saída para a crise econômica, para além desta e até maior é a crise da legalidade, da moralidade, da honestidade, da credibilidade, da competência, enfim da falta de legitimidade que este governo não tem e que vai aprofundar a crise, por sua visão míope de querer fazer mudanças que apenas atendem aos interesses da classe empresarial. A resposta está chegando nas urnas  de 2018, com mais uma outra falcatrua, a tal da reforma política que tenta esconder os “imputáveis” pelo cargo que ainda exercem.
 
*Pedro Felix é historiador formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
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