Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

Opinião

As histórias cuiabanas e os políticos

Ao redor de Cuiabá, podemos encontrar uma grande quantidade de chácaras, sítios e pequenas fazendas. É tradição entre as famílias cuiabanas ter um lugar no mato, para cultivar, criar e reunir as famílias nos fins de semanas e mesmo ter uma qualidade de vida voltada para o lazer com: pescarias, banho de córrego e andar a cavalo, desenvolver pequenas roças de banana, milho, mandioca, e criar galinha caipira, cabrito, leitoa e algumas vaquinhas de leite, tudo é produzido para o consumo e o bem viver, sem usar venenos ou agrotóxicos, sem invadir propriedade do alheio, sem olho gordo nos vizinhos, nem pensar em acumulação desenfreada como se ao morrer pudesse levar tudo para o mundo das almas.

Nessas chácaras eram realizadas grandes festas ao “Santo de Devoção”, com rezas e danças de cururu e siriri, jogos de truco espanhol, e é ali, que as famílias tradicionais cuiabanas transferem os conhecimentos, sobre as culinárias tradicionais, os bolos e os doces, ali no fogão de lenha, prepara-se: o “ensopadon”, o “reviradon”, o sarapatel e costelinha de Porco caipira com arroz; a farofa de banana e no Forno à lenha prepara-se: o assado de cabrito; a cabeça de boi estorricada e o bolo de arroz cheirando até lá na vizinhança. Nessas reuniões de família nas chácaras são preparadas as comidas de sabores mais cuiabano do que nunca, ali na mesa grande do sítio os membros da família contam histórias e perpetuando as tradições deste povo nascido no Centro da América do Sul com muito orgulho.

As experiências de vida são passadas de pai para filho, fica sempre a filosofia do prazer de viver a vida. E nessa conversa fala-se de coisas boas, é como se estivessem preparando um cálice de sabedoria e propagandeando a realização em torno dos pensamentos positivos, pois a maior missão dos pais cuiabanos é formar os filhos com um curso superior, como: médico, advogado, economista, engenheiro, etc.

Os filhos mesmo depois de graduados ficam a ouvir as velhas histórias contadas pelos antecessores cuiabanos, e ao amanhecer nas varandas dos sítios toma-se o “guaraná ralado na grosa”, escutando os pássaros na cantiga do amor animal celebrando a beleza de cada dia que chega, até sair a primeira refeição do dia: o famoso “quebra torto”.

Ainda hoje me lembro das histórias contadas pelo meu querido pai “Joaquim Saçurana” e uma delas reproduzo aqui, é sobre a caso do Porco Caititu: essa raça de animal que anda sempre em bando, a procurar roças, principalmente as de milho, e quando o bando entra numa roça, faz um estrago danado.

- Um morador vizinho vindo de outras plagas, na sua filosofia de acumular e nunca repartir, vendo sempre sua plantação parcialmente destruída pela invasão dos Caititus, o fazendeiro ganancioso, fez uma armadilha e conseguiu pegar um porco, e com toda a raiva do mundo pegou-o e aos gritos dizia: “porco safado” prepare-se para morrer. E sem dó, colocou um litro álcool sobre o corpo do animal e em seguida tacou fogo, este porco saiu em desabalada carreira e entrou na roça de milho e como as palhas estavam secas, o fogo destruiu toda roça do malvado fazendeiro em um lapso de hora. 

Na vida temos que saber que é melhor dar um pouco do que se tem, do que querer acumular tudo que se produz. Sempre que fazemos uma malvadeza ela volta a nós mesmo com a mesma intensidade e rapidez. A natureza não vinga, simplesmente ela coloca as coisas no eixo e no trilho da vida, é muito importante saber que somos os responsáveis por tudo aquilo que cativamos.

Fica a certeza que a raiva volta-se contra a quem faz o uso dela, a raiva não é amiga de ninguém, e quando ela cobra um preço, é muito alto e agourento, o mal sempre volta contra aqueles que o pratica.

*Economista Wilson Carlos Fuá – É Especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos.
Fale com o Autor:  wilsonfua@gmail.com
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