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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

Crise moral e crise ética

Divulgação


O Brasil, neste mês de maio de 2017, está sendo sacudido por uma sequência de escândalos que vão do presidente da República, servidores da Procuradoria Geral, a ministros do Superior Tribunal Federal. Em todos os casos envolvendo Batistas, sejam os irmãos “açougueiros” ou o playboy Eike, com decisões polêmicas em todos eles.

O que existe na realidade é uma crise moral agravada por um sistema político exaurido pela burocracia empregatícia. Em um sistema liberal, o Estado não pode ser um empregador, ainda mais estar entre os principais empregadores, como ocorre no Brasil. Como afirmou Thomas Sowell, “É difícil imaginar uma maneira mais perigosa de tomar decisões do que deixá-las nas mãos de pessoas que não pagam o preço por estarem erradas”.
 
Práticas viciadas e conservadoras nas instituições públicas em geral tem um alto custo: econômico, jurídico (legalidades) e moral. Quem paga a conta é a sociedade que, em se tratando de vício, dependência, deseja e abomina ao mesmo tempo. Isso faz as pessoas quererem sempre passar em um concurso público para se “efetivarem” nas mordomias ou em privilégios das atividades operacionais. Acrescente aí os eleitos. Como afirmou Clovis Rossi, “num pais de miseráveis, não é surpresa a barriga vir na frente da ética e da moral”.
 
A iniciativa privada mal intencionada associada a malandragem do vício operacional dos agentes público cria um ambiente deteriorante da moral e da ética. Infelizmente, dentro deste contexto, o progresso pensado pelos envolvidos não considera a ética como uma boa conselheira, nem a moral como um exemplo a ser seguido.
No dia-a-dia das negociações escusas, governantes (políticos e funcionários públicos) e governados (empresários) não fizeram distinção entre ética e moral, usaram as duas palavras como se fossem sinônimos de um casuísmo qualquer.
 
Estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras. Assim, a moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa (Leis). Enquanto a ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade. A ética é filosófica e científica (comportamento, ação, intenção).

Logo, o debate não é mais sobre a direita ou a esquerda. A doença brasileira (ausência de moral e de ética) não tem partido, ideologia e nem classe social. O crime contra o dinheiro público virou status social, é sinônimo de “esperteza” e sucesso. Vide Odebrecht, JBS, OGX e etc.
 
O acometimento viral da falta de caráter (ético e moral) passa também pelas políticas de Estado. Ongs, Direitos Humanos, organizações sociais, direitos de minorias, sindicatos, associações, cooperativas, sindicatos patronais, organizações empresariais e relações pessoais em geral. Temos muitos códigos (moral) e pouca virtude (ética) que regulam as relações e interesses na sociedade.
 
Em um momento tão critico como agora, precisamos mais de virtuosidades que ideologia. O crime tem que ser punido exemplarmente. Quem fugir da ética (comportamento) tem, fatalmente, que ser atropelado pela moral (lei).  Oscar Wilde afirmou que “chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter”.
 
Ser ético, ter moral, não matar, não furtar, não aceitar a injustiça, não se calar diante de fatos errados, não concordar com frases feitas para desqualificar o oponente, não fazer propaganda para políticos corruptos, não defender vampiros da coisa pública, não compactuar com nenhum crime, seja ele qual for, não se vender por nada, não comprar brigas políticas seletivas para levar vantagem... Se cada um fizer a sua parte, isso se mentaliza positivamente para o bem comum. No mais, a democracia não é para todos, mas para aqueles que prezam pela ética e pela moral social.

*João Edisom de Souza é analista político e professor universitário em Cuiabá
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