Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Opinião

Aos que nos deixaram

Rogério Florentino / OLHAR DIRETO


 
Lúcio Tadeu, Clóvis Roberto, Auro Ida, Marcos Coutinho, Walter Rabello, Jorge Estevão, Luizão Acosta, Rubens Neves, Clovito Hugueney, Ademir Rodrigues, William Gomes, Jorge Moreno...
 
Vou escrever na primeira pessoa, porque eu tinha prometido que não mais produziria qualquer texto de homenagem póstuma a ninguém. Contudo, fui provocado por colegas a escrever um artigo em homenagem ao Jorge Bastos Moreno. E, sim, eu caí na armadilha e vim dar rápidas pinceladas sobre o pouco que Deus nos permitiu conviver, em amizade. Vou falar pouco sobre o profissional, porque muito já foi publicado e veiculado nas emissoras, e abordar mais o que soube sobre o amigo Jorge.
 
Antes de tudo, ele era um gentleman! Fino no trato com os amigos, educado ao extremo, em condições de colocar fim a qualquer discussão com um leve sorriso e, principalmente, capaz de tirar o paletó do próprio corpo para doar a um amigo que estivesse sentindo frio.
 
Moreno foi-me apresentado por Paulo Leite, Marcos Lemos e Auro Ida, nos idos de 1991 ou 1992. A memória anda falha, então, eu não me recordo a data correta. Paulo Leite e Auro Ida se foram. Marcão é o atual secretário de Comunicação de Várzea Grande.
 
No mesmo dia, também me apresentaram formalmente ao jornalista Eraldo Pereira (Rede Globo), a quem eu já conhecia informalmente dos botequins de Cuiabá, em encontros noturnos da campanha eleitoral de 1990.
 
Dizem que pouco aproveito das amizades para a minha vida profissional e, talvez, isto seja verdadeiro, principalmente em se tratando do amigo – blogueiro de O Globo. Em mais de 25 anos de amizade, talvez tenha pedido no máximo uns dois favores para o Moreno analisar e, se considerasse pertinente, publicar em sua coluna. E vira e mexe, ele me questionava: “e aí, mano, está precisando de alguma coisa?” Eu sempre respondia que não.
 
Bom vivant e ótimo goumet, ele amava a culinária cuiabana. E, a convite de Paulo Leite e Luciana Leite, participei de almoços e jantares com Jorge Moreno que se pareciam com autênticas festas de formatura – mais de 50 convidados e, às vezes, mais de 100. Normalmente, encontros regados à base de peixes de água doce.
 
Quando passei a ir com maior freqüência a Brasília, quase sempre ao lado do jornalista Marcos Coutinho (in memorian), diretor do Olhar Direto morto em 2013, os almoços e jantares com Jorge Moreno eram inevitáveis. Após se fartar em comilanças, talvez por lampejos de sentimento de culpa, ele sempre dizia que estava prestes a começar uma “dieta revolucionária”, que supostamente tinha dado certo com grupos de obesos de país ‘X’ ou de país ‘Y’.
 
Entretanto, Jorge Moreno recusava a limitar seu prazer de apreciador de bons pratos. E, desta forma, viveu como quis, curtiu como ninguém, escreveu como nunca e morreu prematuramente, como muitos gênios. Provavelmente é o melhor jornalista nascido em Mato Grosso. Sem tirar nem por.
 
A redação celeste está em festa, pois possui os melhores jornalistas de todos os tempos, capitaneados por Jorge Moreno, Auro Ida, Marcos Coutinho, Luizão e Jorge Estevão, entre outros. Espero passar mais algumas chuvas por aqui, antes de me juntar ao grupo de comunicação celestial.
 
*Ronaldo Pacheco é jornalista em Cuiabá e editor de Política do Olhar Direto.
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