Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

Opinião

​O Brasil e as 17 ODS da ONU

Uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para mensurar a percepção da população brasileira sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que deverão ser implementados por todos os países do mundo durante os próximos 13 anos até 2030, revelou que a erradicação da pobreza e da fome, a garantia de saúde e educação de qualidades são as metas mais apontadas pelos cidadãos brasileiros quando questionados sobre os temas. Conforme os registros da pesquisa, que foi realizada em parceria com o Ibope, 2.002 cidadãos maiores de 16 anos foram entrevistados em 143 municípios brasileiros no mês de abril deste ano.

Além das ações mais citadas como prioridades para o Brasil, segundo a ONU, os ODS ainda englobam compromissos acerca do alcance da igualdade entre homens e mulheres; a garantia ao acesso à água, ao saneamento e à energia elétrica; as opções dos governos pelas energias renováveis; crescimento econômico e empregos dignos; apoio à infraestrutura de qualidade, à industrialização sustentável e à inovação.

Já os outros objetivos tratam sobre a redução das desigualdades; em tonar as cidades e as comunidades mais sustentáveis; em promover padrões sustentáveis de produção de consumo; em implementar ações para combater as mudanças climáticas; em proteger e recuperar os rios e oceanos; em recuperar terras e florestas; em proporcionar acesso à justiça e promover a paz. Para que tudo isso comece a engrenar, a ONU recomenda que os países devam fortalecer as parcerias institucionais entre si.  

O motivo pelo qual os brasileiros escolheram àqueles objetivos (a erradicação da pobreza e da fome, a garantia de saúde e educação de qualidades) como ações prioritárias para o país é justamente pela vergonhosa realidade – de miserabilidade e subdesenvolvimento – que hoje eles enfrentam.     

De acordo com um estudo realizado no início do ano pelo Banco Mundial, o número de pessoas vivendo na extrema pobreza no Brasil deverá aumentar até o fim de 2017. Conforme o estudo, o número de pessoas extremamente pobres crescerá 1,7 milhão – de 6,8 milhões em 2015 para 8,5 milhões em 2017, elevando a proporção de pessoas extremamente pobres de 3,4% em 2015 para 4,2% neste ano.

Já o número de pessoas moderadamente pobres aumentará em 2,5 milhões - de 17,3 milhões em 2015 para 19,8 milhões em 2017. Além disso, segundo o relatório "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo", divulgado pela ONU no final de 2015, cerca de 3,5 milhões de pessoas ainda passam fome no Brasil, ou seja, encontram-se subalimentadas.

Porém, a vigente situação caótica da economia acaba agravando ainda mais esse quadro de marginalização social. Hoje, cerca de 14 milhões de cidadãos continuam desempregados e sem nenhuma esperança de ver uma luz no fim do túnel, já que a economia ainda patina na crise fiscal e política.

No entanto, mesmo o país ainda estando muito longe de superar essa triste realidade, o governo atual não tem se esforçado para estruturar políticas públicas que possam orientar os entes da federação brasileira (Municípios, Estados e União) a fim de começar alcançar tais metas da ONU. Mas, ao contrário, no último ano, o pacote de medidas econômicas e políticas adotadas pelo Governo de Michel Temer (PMDB) têm colaborado para distanciar ainda mais o país desses objetivos do desenvolvimento sustentável.

Não obstante a isso, a república de Temer está deliberadamente na contramão da visão institucional da ONU e somente articulando políticas que favorecem a concentração de renda nas mãos de uma pequeníssima parcela da sociedade, em detrimento da sustentabilidade econômica e social de todo país.   

Portanto, diante desse destino "holocáustico" que se apresenta à Nação, onde os excluídos dessa pátria lesada já não têm mais direitos e nem vez, será muito difícil o governo brasileiro conseguir legitimidade internacional para firmar parcerias institucionais com outros países com o intuito maior de tentar superar esse drama de país subdesenvolvido.


Marcelo Ferraz é jornalista e escritor.   
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