Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Opinião

Porque a Rede é contra o Bolsonaro?

Esta semana meu partido viveu uma situação inusitada. Recebemos, pelo grupo no WhatsApp dos filiados à Rede Sustentabilidade em MT, links de notícias com manchetes do naipe "líder da Rede apoia Bolsonaro" – um dos portais, inclusive, começa a matéria com "a Rede, em Cuiabá, parece estar furada" e, não bastasse a bordoado gratuita, termina dizendo que posicionamentos "de viés mais conservador e de direita, (são) justamente o contrário do que prega a Rede, com uma ideologia mais voltada para a esquerda".
 
Bixo, não basta avacalhar minha legenda do coração, ainda tem que bagunçar a cabeça do cidadão-leitor-eleitor? Minha frustração, contudo, não é com o jornalista, mas com seja quem for que, de dentro do partido, procede por meio obscuros, sub-reptícios como este, plantando sensacionalismo infundado e expondo a agremiação a esse tipo de escracho. A Rede é um partido jovem, constituído de forma orgânica e horizontal – com muito a melhorar, mas é o melhor que há.
 
Mas retornemos ao tema central: Por que a Rede é contra o Bolsonaro. Em primeiro lugar, o partido Rede Sustentabilidade não é contra ninguém, nosso papel não é polarizar – antes, é esclarecer as pessoas sobre as posições absurdas que essa polarização artificial impõe. Segundo, e o principal: A Rede é um partido que valoriza – portanto, respeita – a diversidade, inclusive a ideológica. Assim, cabem aqui pessoas que vieram do DEM ou do PSOL, por exemplo, tanto quanto pessoas que jamais tiveram filiação. Tolerância é via de mão dupla.
 
Isso significa que alguém contra o aborto é compatível com a Rede? Sim, tanto quanto alguém a favor do aborto – o mesmo se aplica à legalização das drogas e, acredito, a quase tudo que seja compatível com um Estado Democrático de Direito. O que isso quer dizer? Quer dizer que você só não pode fazer uso da sua liberdade civil de se manifestar pacificamente em locais públicos para defender que você e os demais percam esse direito. Defender intervenção militar e sandices similares é isso. E começa por aí nosso problema com Jair - mas tem mais.
 
Outro ponto é o seu discurso, intolerante ao extremo com toda divergência de pensamento e opinião, e estimulante dessa intolerância em todos que compram seu arquétipo. Reparem: Apoiadores frenéticos de Bolsonaro não só são uníssonos nos 'argumentos' (o que afinal não é tão difícil, visto que o comum no populismo são soluções simples para problemas complexos – vide Lula), como também são muito característicos no animus, na intensidade. Em outras palavras, aquela agressividade típica de 'elite insatisfeita dona da razão'. Um perigo, nível nazi.
 
Portanto é aí que reside nosso problema, da Rede, com Jair Bolsonaro. Entendemos que o clamor das ruas é por uma democracia de alta intensidade, que represente o interesse dos cidadãos, e o respeito à diversidade e a cultura de paz – valores centrais do partido – são condições sine qua non para esse upgrade na democracia. A intolerância – tanto dos discursos de Bolsonaro e Feliciano quanto o cuspe de Jean Wyllys – são incompatíveis conosco. Junto à exigência de ficha limpa, internalizar esses conceitos é a única exigência na Rede.
 
Isso quer dizer que se não sou a favor de intervenção militar, respeito a diversidade de opinião não fazendo discursos de intolerância e sou ficha limpa, a Rede é o meu lugar? Isso mesmo! E, se você já apoiou Bolsonaro, Lula, Chavez, Aécio, enfim, e curtiu esse papo de não violência e sustentabilidade: Cabe você na Rede também, porque não? Nosso partido é um instrumento da sociedade para 'hackear' a política, como diz nosso porta-voz nacional, Gustavo Fávaro – aos 27, ele é o mais jovem 'presidente' de partido do Brasil, e divide o encargo com Marina.
 
Ambos, tanto Marina Silva quanto o Gustavo – além, claro, da apaixonante Heloísa Helena – estarão em Cuiabá neste sábado (16/12), a partir das 9h no auditório do Hotel Paiaguás, para dialogar com a sociedade mato-grossense sobre 'dinamização econômica e geração de emprego e renda no campo e na cidade', um dos 18 eixos programáticos que vem sendo discutidos em eventos similares pelo país. Que tal participar? Independente de sua posição sobre esse tema, ou sobre qualquer outro, você é muito bem vindo. Isso é Rede.


Fellipe Correa foi o candidato a vereador mais votado da Rede Sustentabilidade Cuiabá em 2016, é filiado ao partido desde sua formalização, em 2015, e é voluntário das campanhas de Marina Silva desde 2010.Página no Facebook: @FellipeCorreaMT
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