Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Opinião

“2018: Eu acredito! Eu acredito!”

Em 31 de maio de 2009 muitos não se lembrarão que foi um dia histórico e muito comemorado pela classe política de Mato Grosso que contaminou a população com o anúncio da FIFA, de que Cuiabá seria uma das 12 cidades sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014.

A expectativa semeada desde 2006 se concretizava naquele momento de união e ajustes de indiferenças partidárias, com a memorável cena  da aglomeração de centenas de pessoas na Praça 8 de abril, palco de grandes manifestações, diante do trio elétrico concorrido pelas inúmeras autoridades, sob o comando do então Governador Blairro Maggi, ao lado do Ex-presidente da ALMT José Riva, do Ex-prefeito de Várzea Grande Murilo Domingos, Wilson Santos, Valtenir Pereira e outros “Pais da Criança nascida”.

Que comecem as obras!! Que se abram as portas dos cofres do Estado!
Discursos populistas iludiam a população quanto as vantagens de sediar a Copa, sem explicitar que seriam apenas 15 dias de competição e apenas 4 partidas de seleções poucos atrativas.

Os meses passavam e as ideias mirabolantes se transformavam em grandes e desorganizados canteiros de obras, que criavam transtornos aos empresários, aos motoristas e transeuntes, sem que ninguém enxergasse o término das obras.

Vale lembrar de algumas, como o rasgo realizado nas principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande para a passagem do VLT, as Trincheiras na Miguel Sutil, a morte de um patrimônio histórico como o Estádio Governador José Fragelli “Verdão”, a ampliação do Aeroporto e os Centros de treinamento do Pari e da UFMT. Investimentos que ultrapassariam a casa dos 5 bilhões de reais.

Eis que a população assiste a tudo com um misto de sentimentos, entre a indignação e a revolta, sem ao menos imaginar que poucos conseguiriam comprar um ingresso para ver um dos jogos na mega obra da Arena Pantanal, orçada inicialmente por quase 400 milhões, que consumiu mais de 1 bilhão, sem conclusão até então.

E na grande estreia (13/06/14) do primeiro jogo, as obras inacabadas, inclusive as da Arena, não influenciaram na transmissão da partida para o mundo. Afinal, a Empresa especializada contratada pela FIFA mostrava apenas o palco do grande show e contabilizava as cifras milionárias com o evento. Enquanto isso, o Estado brasileiro mobilizvaa toda sua estrutura de segurança pública e defesa para garantir a imagem de um País seguro e organizado.

E não é que ao final da Copa, para sorte das autoridades, tudo transcorreu com tranquilidade, sem registros que pudessem manchar a imagem do Brasil.

Os legados são inegáveis, em quase todas as cidades sedes e Cuiabá não foi diferente. A sujeirada dos bastidores foram mostradas pelos órgãos de controle e fiscalização, enquanto o torcedor chorrava os 7 gols da Alemanha, empresários e políticos que coordenavam os desvios de milhões das obras inacabadas, se divertiam mais uma vez, com a sensação da impunidade e a certeza que enganaram a todos.
E mal a vegonha da goleada passou,as eleições 2014 já desviava novamente a atenção da população e parte dos milhões desviados eram aplicados às campanhas de diversos atores que estavam no palco da Copa do Mundo.

Quatro anos se passaram, as lágrimas secaram, mas a o orgulho ferido do povo matogrossense se mostra aflorado, pois pagamos a conta dessa herança, dos malfeitos com a malversação do dinheiro retirado do orçamento da soma dos impostos de cada cidadão. A crise, o desemprego e notícias da continuação da corrupção.
“A culpa foi do Silval barbosa ou do Sérgio Cabral?”

“Não!! da folha de pagamento dos servidores públicos estaduais!!!” RGA não!!!Repasses aos hospitais filantrópicos, Não!Duodécimos sim! Reforma da previdência Sim!”

E o povo o que faz nesse espaço de tempo? Aguarda a Copa da Rússia para gritar “Trás o Hexa Brasil! Força Neymar!”

Que a esperança seja fortalecida pela vontade de vencer, não apenas a Copa do mundo, mas também a corrupção, a impunidade e falta de consideração para com o cidadão, por parte dos que se dizem eleitos para combater a tãofamosa corrupção. 

Aos brasileiros e todos os estrangeiros que residem neste País tropical resta o ressoar do grito “EU ACREDITO! EU ACREDITO! EU ACREDITO!”. Mas, em que e em quem acreditamos?
 

Arthur Nogueira é Policial Rodoviário Federal, Ex-Superintendente da PRF/MT de maio de 2013 a maio 2017. Bacharel em administração e direito. Especialista em políticas para gestão pública.
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