Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

O sistema econômico tem suas leis, não respeitá-las é o começo do fim

A ciência econômica não é uma área das exatas, mas também obedece a certas leis que, descumpridas, reduzem a prosperidade material de uma nação. O não entendimento destas leis, bem como sua substituição pela ideologia tem como resultado o caos vivenciado pelos nossos irmãos da Venezuela, vítimas de um governo ideológico que massacra a população em nome de ideias ultrapassadas e julgadas pela história como nocivas, destruidoras e imorais.

A mais elementar dessas leis trata da escassez. Os recursos são finitos e as necessidades humanas infinitas. Deste axioma emerge um mandamento: não gastarás mais do que arrecadas! Qualquer pai de família entende bem o que significa tal mandado. Infelizmente, o agente econômico Governo insiste em desrespeitá-lo. As consequências? Bem ... nós as conhecemos como ninguém.

Outro desdobramento da lei acima é a de que “não existe almoço grátis”, como diria Milton Friedman[1]. Mandamento solenemente desrespeitado, especialmente pelos setores mais a esquerda e por governos populistas, o mito de que bens e serviços estatais podem ser ofertados “de graça” corrói o pensamento, doutrina massas insanas de que o trabalho é um instrumento de opressão e corrompe o dever de que cada ser humano deve, antes de mais nada, ser o grande responsável pela sua existência e sobrevivência. Em grande medida, o fracasso absoluto do ideal comunista advém da não observância desta premissa.

Outra lei importante e óbvia reside no fato insofismável de que governos não produzem riqueza e de que não existe “redistribuição de riqueza” e sim “destruição de riqueza”. Temas caros à esquerda, ainda hoje, sob o colapso das economias comunistas, assistimos “pensadores” doutrinarem massas incautas de que é possível a oferta de bens e serviços pelo Estado ao mesmo tempo em que o modo de produção capitalista (único arranjo desenvolvido pela espécie humana capaz de criar riqueza) é defenestrado, bem como o empreendedor, tratado como alguém vil e sádico explorador do trabalho alheio. A velha visão de mundo marxista.  

Independente de você concordar ou não com a filosofia de Ayn Rand[2], sobretudo sua defesa do egoísmo ético (cada indivíduo é um fim em si mesmo, não devendo sacrificar suas vidas por outros, nem sacrificar os outros por si), é possível extrair algumas lições de seu mais famoso romance, A Revolta de Atlas, e, guardadas as devidas proporções, estabelecer um paralelo com o cenário nacional. Neste volumoso romance (mais de 1.200 páginas), o Governo americano paulatinamente, após beneficiar-se por décadas dos inventos e inovações trazidas pelo livre-empreendedorismo, passa a adotar políticas redistributivistas e intervencionistas em grau cada vez maior, sufocando a classe empresarial. Alguns empresários submetem-se à política governamental para o assombro daqueles que viam nesta forma de intervenção o colapso do sistema capitalista americano.

[1] *1.912/+2.006. Economista, estatístico e escritor norte-americano que lecionou na Universidade de Chicago por mais de três décadas. Foi um notável defensor da liberdade econômica individual e da democracia.

[2] *1905/+1982. Escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, mais conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo, e por seus romances

Com uma tributação cada vez mais intensa e o conluio de empresários corruptos com o governo e manipulação de políticos desonestos, todo o sistema entra em uma espiral descendente com o decréscimo cada vez maior da riqueza produzida e o aumento de uma massa dependente de políticas assitencialistas.

Subitamente, inúmeros empreendedores começam a desaparecer misteriosamente. Sem as grandes mentes inovadoras e sustentadoras do sistema, este não mais se sustenta, empurrando o país para o totalitarismo.

Bem, mas e a tal “moral da história” prometida? Com excessão dos grandes empresários protegidos por políticas criminosas como aquelas que são objeto de ação penal desvendada pelo operação lava-jato, a grande verdade é a de que o Brasil hoje não propicia condições para a atividade empreendedora.

Muitos estão migrando para o Paraguai para investir e gerar negócios naquele país, dado o ambiente hostil e inseguro que o Brasil se tornou para a geração de riqueza. Perceba que o Governo não abre postos de trabalho (concurso público é outra história). É a iniciativa privada, o empreendedor com sua poupança e uma boa ideia na cabeça para satisfação de uma necessidade humana, vai alocar recursos em um ambiente de concorrência para, com o lucro gerado, reinvestir e dar sustentabilidade ao negócio. São estas pessoas (raras por sinal) que estão deixando de investir em nosso país. É o pior dos mundos!

Atente para os discursos que já estão em pauta. Desconfie de postulantes a cargos no executivo e legislativo que ainda defendem mais estado e menos mercado. Perguntem a tais cidadãos qual é a fórmula mágica que trará prosperidade, emprego e renda em um cenário onde não existe segurança jurídica e razoabilidade tributária para empreender.

Ou o Brasil decide o que quer ser ou seremos mais uma vez atropelados pelo bonde da história. Uma economia competitiva que gera riqueza ou um Estado gigante que acolhe todos sob seu manto protetor, independente de sua contribuição? Como dizia Margaret Thatcher: “se tem alguém recebendo sem trabalhar, tem alguém trabalhando sem receber”. O Estado precisa caber dentro do orçamento público, financiado por uma carga tributário próxima de 40% do PIB. A continuar nesse ritmo estaremos inviabilizados como país e a próxima geração comprometida economicamente.
O assunto é sério!
 

Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)
 


 
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