Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

O mundo distópico do PT

É difícil terminar a leitura do famoso romance “1984” do escritor Geoge Orwell (pseudômino de Eric Arthur Blair. 1903/1950) e não associar com algumas práticas do mundo político brasileiro, notadamente do maior partido da esquerda nacional, cuja liderança está centralizada de forma monolítica no ex-presidente e atual presidiário em Curitiba Luis Inácio Lula da Silva.

O mundo “futurista” de Orwell está divido em três super-estados: Oceânia, Eurásia e Lestásia (sempre em estado constante de guerra um com o outro). Na Oceânia, onde acontece a história do herói Winston Smith, a sociedade está estratificada sob o comando único de um partido, liderado pelo “Grande Irmão” e o núcleo central do partido. Abaixo temos o partido externo com seus burocratas vigiados 24h/dia por tele-telas e um complexo de inteligência estatal chamado de “polícia das ideias”. Por fim, a terceira camada, representando 85% da população, tem-se a massa chamada de “proletas”. Bem, não vou discorrer sobre a história do romance (recomendo a leitura), contudo, uma das estratégias do partido único para manter a alienação desta sociedade distópica é o chamado “duplipensamento”.

Duplipensamento significa a “capacidade de abrigar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e acreditar em ambas”, mas, atenção, esse processo precisa ser consciente, ou não seria conduzido com a necessária precisão, mas também precisa ser inconsciente, do contrário traria um sentimento de falsidade e, portanto, de culpa.

Eu sei, é um padaradoxo. Todavia, como explicar determinados fenômenos que acontecem no Brasil atual, notadamente com a situação em que se encontra o PT, seus membros da diretoria, filiados e, mais incrível ainda, os 30% de eleitores que nas últimas pesquisas declaram voto ao seu “líder messiânico”, presidiário e réu em diversas ações penais? O duplipensamento ou, também como é conhecido no mundo da psicologia, a dissonância cognitiva (quando existe uma incoerência entre as atitudes ou comportamentos que acreditam ser o certo com o que é realmente praticado) parece ser a técnica operativa adotada pelas esquerdas para mostrarem-se ao mundo após a derrocada e catastrófica permanência no poder em treze anos.

A construção da narrativa do “golpe” pelos “intelectuais orgânicos” petistas pós processo constitucional do impedimento da ex-presidente Dilma; a mitológica narrativa de que o ex-presidente presidiario Lula nunca soube do maior esquema de corrupção da história da nação e ainda ser a “alma mais honesta do país”; a articulação farsesca e rocambolesca de lançar a candidatura presidencial de um condenado na justiça à presidência da república absolutamente impedido pela lei vigente; as ideias incoerentes e destituídas de lógica e racionalidade pregadas pelas vozes políticas à esquerda como a construção de um estado social que fornece tudo a todos enquanto vociferam e defenestram o único arranjo possível capaz de gerar a riqueza necessária a bancar essa conta: o sistema capitalista, e assim os exemplos seguem ao infinito...

Como estamos a falar de pessoas, em princípio portadoras das faculdades mentais do ser humano médio, intuímos que sabem tratar-se de uma realidade objetiva amplamente verificável e observável, aproximando-se de uma verdade filosófica, ou seja, é possível fundamentar cognitivamente de forma universal e permanente um juízo de validade sobre todos os temas tratados acima.

Contudo, pelo processo do duplipensamento, acreditam em seu inverso a ponto de defenderem ostensivamente este contrário como uma espécie de ato de fé. Como explicar as falas da presidente do PT e do próprio Lula? Como explicar o comportamento do eleitor petista diante de todos os fatos já revelados? Todas as falas dessas personalidades petistas são desconstruídas simplesmente ouvindo-se vídeos da época em que estavam no poder. Simples assim.

No grande estado da Oceânia do romance de Orwell o partido do Grande Irmão conseguiu impingir a ideia de que não existe realidade objetiva. “A realidade não é externa”, diz O’Brien para o herói Winston, “a realidade existe na mente humana e em nenhum outro lugar”, prossegue. Então o que é a verdade? É tudo aquilo que o partido reconhece como verdade. Impossível não identificar este diálogo com o mundo petista. Qual é a verdade do impedimento de Dilma? É aquela contada pelo PT. Mas não é isto que eu vejo no mundo dos dos fatos, você argumenta.

Não existe o mundo objetivo dos fatos, sua mente individual está sujeita a erros, portanto, a realidade existe apenas na mente humana e será aquela oriunda do partido, explica o intelectual petista.

Há uma sensação generalizada no ar de que o Brasil parece não ter mais jeito. As grandes potências atuais também tiveram um passado de adversidades, contudo, souberam escolher o caminho certo que conduz à prosperidade e progresso moral civilizacional. Infelizmente, nosso país ainda não achou esse estrada e perdeu muito tempo insistinto na trilha errada. Existem forças que ainda insistem nessa senda. Urge que esta geração abra a caminhada para que as próximas colham os frutos.
Seremos capazes?
 

Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com).
 
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