Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

Argumento definitivo contra a pseudo narrativa do “Lula inocente - Livre"

Em minha humilde opinião a “novela” do Sr. Luis Inácio Lula da Silva já está encerrada e deveríamos continuar a vida para frente. Mas, não estamos em um país sério, e, sendo assim, continuar-se-á o folhetim tipo dramalhão mexicano esticado pelos autores e claque petista adeptos do “quanto pior, melhor”.

Argumentar para os convertidos petistas é “chover no molhado” ou “enxugar gelo”. Tentarei expor um argumento racional, independente das minhas convicções, para aqueles que ainda sentem-se inclinados a considerar a hipótese de que o criminoso presidiário em Curitiba possa ser inocente e/ou perseguido político.

Podemos resumir a situação fático-jurídica de Lula em duas hipóteses:

1. A peça de acusação elaborada pelo Ministério Público Federal, após investigação da Polícia Federal,  acolhida pela Justiça Federal (Vara do Juiz Sérgio Moro) colocando-o na posição de Réu, o processamento da ação penal (instrução e julgamento 1ª instância) e, finalmente, o julgamento do recurso de apelação pelo Tribunal Regional Federal por unanimidade, confirmando a sentença e aumentado a pena, é a expressão da verdade produzida sob as regras do processo e, todas as fases da persecução penal citada foram processadas em conformidade com as regras do estado de direito, via devido processo legal. Condenação justa e legal.

2. Lula nunca praticou os crimes a ele imputados (corrupção passiva e lavagem de dinheiro), nunca soube do caixa 2 das campanhas, todos os delatores da operação lava-jato estão mentindo (inclusive seu braço direito Palocci), nunca tomou conhecimento dos desvios ocorridos na Petrobrás coordenados pelos agentes políticos indicados por ele, não existe materialidade (provas) dos crimes,  e, ainda, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal (através de seus servidores públicos), a mídia, e tudo o mais, uniram-se em um plano diabólico articulado para perseguir e condenar Lula sem provas, sem contraditório e sem ampla defesa, com o único objetivo político de retirá-lo da vida pública, abrindo-se espaço para outros partidos assumirem o poder. Condenação injusta e ilegal.

Colocado as coisas nos termos acima, qual hipótese teria maior probabilidade em ser verdadeira? Perceba que ambas são excludentes. Para uma ser correta a outra, necessariamente, estará errada.

O filósofo medieval Guilherme de Occam formulou uma teoria denominada lex parsimoniae (lei da parcimônia) com o intuito de fornecer uma solução para problemas filosóficos, permitindo distinguir entre teorias equivalentes qual seria a mais válida. Assim, a Navalha de Occam dirá que, entre duas teorias com iguais resultados, que explicam ou preveem os mesmos fenômenos, devemos sempre escolher a teoria mais simples.

Guardadas as devidas proporções, aplicando-se a navalha de Occam às hipóteses acima formuladas, qual seria a teoria “mais simples”? Qual necessita de menos arranjos e esquemas mentais para processar um juízo de validade? Qual delas, no contexto da práxis política de nosso país, estaria mais propensa e ser o retrato verdadeiro do mais formidável esquema de corrupção da República do Brasil?

Considerando o perfil da classe política e a forma como é gerenciada a coisa pública, utilizando-se apenas o senso comum, qual hipótese indica uma convicção de verdade? Partindo-se da premissa de que os crimes desvendados pela lava-jato são uma realidade objetiva, afinal de contas, pelo dez bilhões de reais já foram devolvidos aos cofres públicos, qual hipótese apresenta uma aparência de certeza e/ou uma verossimilhança com a verdade dos fatos? Assistindo ao teatro da candidatura de Lula e a forma como ele exerce o controle absoluto do partido, mesmo de dentro da prisão, qual a hipótese que revela a verdade, uma vez que, na ocorrência dos fatos, Lula, além de estar livre, ainda era o presidente da república?

Considerando a raiz ideológica do PT (revolucionária marxista/gramscista/nasserista), qual hipótese apresenta os fatos como absolutamente compatíveis com o modus operandi da esquerda “progressista”, a qual enfatiza a justificação moral de que os fins justificam os meios? Considerando o despreza pela Lei que o PT vem exteriorizando com a tentativa canhestra de registrar a candidatura de Lula, estando inelegível, qual hipótese melhor exterioriza a índole petista para com as leis e a ordem?

Considerando o fato de que Lula ainda responde a pelo menos mais quatro ações penais e é investigado em outros inquéritos, qual hipótese registra com mais exatidão a probabilidade de haver cometido os crimes imputados? Considerando ainda, por fim, que o tratamento dispensado pelo PT a este episódio segue a mesma estratégia narrativa do processo de impedimento de Dilma (foi um “golpe”), qual a possibilidade de reputar-se como verdadeira a 2ª hipótese? ... Poderíamos continuar ad infinitum, para creio ser o bastante.

Isso posto, é preciso um esforço cognitivo descomunal, quase uma atitude de “crença” metafísica ou “fé” religiosa para validar a segunda hipótese como verdadeira. Somente mentes orgânicas do PT e aliados, imbuídos de uma atitude irracional e desesperada para não perder o líder messiânico e voltar ao poder, poderia creditar o mínimo de verossimilhança à segunda hipótese como a verdade dos fatos.

O PT não admite a alternância de poder age sob os auspícios de uma estratégia. Esta tem um objetivo claro (Art. 1º do Estatuto do Partido): implantar o socialismo democrático (na verdade, segue à risca a cartilha gramsciana de “transição para o socialismo”). Emerge desse fato a total impossibilidade ideológica do Partido reerguer-se deste cenário sombrio com outra postura. Morrerão “abraçados” defendendo suas teses arcaicas e retrógradas (aliás, como faz o PSTU), para ressurgir em outro momento político e continuar o processo de caminhada rumo à utopia do “Estado sem Estado” (Gramsci). Assim, resta apegar-se à narrativa da 2ª hipótese com todas as forças. Repetí-la à exaustão (“orquestração”) na esperança de vê-la tornar-se aceita.

Que os brasileiros aprendam como se comportam os partidos revolucionários. Absolutamente tudo é permitido para chegar e permancer no poder. Como discorreu Edmund Burke em suas “Reflexões sobre a Revolução na França” (1.790), os revolucionários procuravam uma “perfeição teórica” para a solução de dois problemas da natureza humana: dado que somos imperfeitos, seremos capazes de “realizar na Terra o que os espíritos mais humildes só esperavam encontrar no Céu?”, e, mesmo admitindo-se sermos dotados de tal perfeição, pergunta Burke, “como garantir que os resultados obtidos correspondem necessariamente aos objetivos desejados?” Essa é a “pedra” no sapato dos revolucionários.

Analise a postura e o discurso do PT e demais partidos de esquerda e compare com o diagnóstico de Burke. É óbvio que o PT não queria esse resultado, mas, não sendo deuses (embora alguns se considerem) são destituídos de onisciência e onipotência para garantirem o controle dos objetivos. Mais uma vez a história se repete, agora como farsa.

O sucesso da narrativa petista depende, em grande medida, da nossa incapacidade de reagir à altura e rechaçar o discurso vitimista ampliado pelos intelectuais orgânicos.
Em tempo: o PT registrou a candidatura do presidiário. Entre os documentos exigidos está a certidão negativa de antecedentes criminais. O documento foi apresentado. Sem mais comentários.


Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)
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