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Opinião

Os devaneios totalitários de José e o silêncio da intelectualidade de esquerda

Julio Cezar Rodrigues

O Condenado a mais de trinta anos de prisão por comandar, junto com o outro presidiário em Curitiba, uma organização criminosa, travestida de partido político, que implantou o maior esquema de corrupção institucionalizada para permanência no poder político, o guerrilheiro desnatado e mensaleiro José Dirceu, cedeu entrevista durante o lançamento de sua autobiografia (vídeo disponível em www.oantagonista.com/brasil, acessado em 01/10/2018).

Dirceu falou coisas como o “PT tomar o poder é só questão de tempo”, é preciso “tirar o poder de investigação do Ministério Público”; o Brasil deve “tirar todos os poderes do supremo e ser só corte constitucional”, uma vez que, segundo sua visão política, “só existem dois poderes, dos eleitos, que têm soberania popular, do Legislativo e do Executivo. O Judiciário é um órgão (…). Estamos caminhando para uma ditadura do Judiciário”. Acredito ser suficiente para alguns comentários.

É difícil imaginar um país sério, com um povo instruído e instituições democráticas sólidas, dois presidiários condenados por crimes envolvendo corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, exercerem influência em um processo eleitoral, a ponto de um deles indicar um “poste” rejeitado para prefeito de São Paulo em primeiro turno figurar em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Mas, nessas terras, aindo somos “premiados” com a existência de sinistras criaturas emergentes de um processo de deteriorização da alta cultura para implantar em seu lugar a hegemonia cultural gramscista.

Oriundo das lutas pela implantação da ditadura do proletariado, Dirceu integra a esquerda nacional que optou pela “guerra silenciosa” e gradual para tomada do poder político movimentando uma elite de “intelectuais” que dominaram a mídia, as cátedras universitárias e os periódicos de grande circulação. Isso são fatos já amplamente documentados e à disposição daqueles com paciência para pesquisar e entender o que está acontecendo em nosso país.

As declarações emanadas por Dirceu, caso houvessem sido proferidas pelo candidato Jair Bolsonaro, com certeza já teria movimentado a “inteligentzia” de esquerda, a totalidade da mídia e a turma do “#elenão” capitaneada por “artistas” dependentes da Lei Rouanet. Aos já decantados atributos de “racista”, “homofóbico” e “misógino”, Bolsonaro receberia o coroamento de “nazi-fascista”, como aliás, tem sido acusado por pessoas que não sabem diferenciar “alhos de bugalhos”. Concito aos “intelectuais” da esquerda, Safatle, Chauí, Jessé Souza, Paulo Henrique Amorim, artistas etc, a manifestarem-se quanto às declarações de autoritarismo anti-democrático proferidas pelo guerrilheiro, assim como fazem ao candidato do PSL.

Tolo articulador este que vos fala. Como ferverosos discípulos do ressentido e complexado Gramsci (afinal, era baixo, feio, corcunda e oriundo da Sardenha, uma das regiões mais pobres e esquecidas da Itália), como bem pontuou Meira Penna (PENNA, José Osvaldo de Meira. A ideologia do século XX. Vide Editorial. 2017), para o comunista italiano o que vale é a “existência de uma espécie de clero dominante, algo como a Ordem dos Jesuítas, organizados, obedientes, dogmáticos, revoltados com as injustiças e maldades do mundo, e firmemente dispostas a corrigí-las a qualquer preço”. Qualque semelhança com a forma do “pai dos pobres” discorrer sobre as mazelas nacionais não é mera coincidência. Lula foi forjado pela “inteligentizia” de esquerda para esse papel.

Eu compreendo nossa esquerda. Não é fácil ficar fingindo o tempo todo aquilo que não se é. Seria como mentir vinte e quatro horas por dias sobre tudo; em algum momento você vai se contradizer. O PT sempre acalentou um projeto de poder. É da natureza do partido. Está escrito em seu estatuto para todo mundo ler. É incrível como as pessoas não conseguem se atentar. Segue trecho do Art. 1º do Estatuto do PT: “(...) uma associação voluntaria de cidadaos e cidadãs que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações politicas, sociais, institucionais, econômicas, juridicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, (...) com o objetivo de construir o SOCIALISMO DEMOCRATICO” (grifo meu).

Leitor, “socialismo democrático” é um eufemismo para “socialismo real”, o único que existe doutrinariamente. Como o PT é um partido construído sob bases do pensamento de Antonio Gramsci, o democrático está colocado para arrefecer a rejeição ao comunismo, notadamente após a quedo do muro de Berlin e da dissolução da União Soviética. Em outras palavras, a ideia é chegar ao socialismo por vias democráticas, a qualquer custo. Troca-se a luta armada pela luta cultural; os assaltos a bancos por práticas de corrupção; a coletivização dos meios de produção por um engenhoso mecanismo de capitalismo de compadrio em que empresas “amigas” são protegidas pelo Governo e inseridas em um complexo esquema de corrupção como o revelado pela operação lava-jato (lembram das campeãs nacionais de Lula?); no legislativo, práticas autoritárias são substituídas por esquemas de compra de votos como revelado no mensalão.

Outro exemplo que muita gente já esqueceu: o PT, através do seu Diretório Nacional, divulgou um documento intitulado “resolução sobre conjuntura” em 17/05/2016, onde faz uma “mea-culpa” quando analisa seus erros e acertos neste período. Segue um trecho na íntegra: “Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista”. Perceba que Dirceu apenas repete, com outras palavras, o desiderato do partido, insculpido em seu estatuto com uma linguagem amena e confessado explicitamente no relatório acima mencionado.

Se você ainda tem dúvidas acerca de tudo o que foi dito acima, acalme-se. Um amplo material que revela com riqueza de detalhes o “modus operandi” do PT nos dezesseis anos de governo já encontra-se em poder da justiça. Trata-se dos anexos da delação premiada de Palocci, o italiano das planilhas da odebrecht. Depois de Dirceu, Palocci era o homem forte do presidiário de Curitiba e provavelmente teria ocupado o lugar de Dilma caso não houvesse caído em desgraça anos antes. Dirceu, como um guerrilheiro “raiz” não delatou a ORCRIM. Palocci, mais pragmático e destituído da “veia revolucionária”, para salvar a pele, abastecerá a população brasileira com os detalhes sórdidos dos bastidores do poder petista. Será o fim do PT? Dificilmente. A cosmovisão marxista foi “projetada” para resistir a abalos dessa natureza. Talvez alguns soldados caiam (como caíram muitos) mas a ideologia estará protegida por uma rede intelectualizada e aparelhada. É como uma hidra, corta-se uma cabeça e nasce outra em seu lugar. Basta observar o papel vergonhoso que a mídia nacional está protagonizando. Autores e pessoas conservadoras ou liberais são imediatamente taxadas de “nazi-fascistas”. A coisa perdeu o limite.

Infelizmente, como disse Meira Penna, jamais aceitarão o colapso de suas teorias insanas, ao tempo em que estamos sendo sodomizados pela ideologia  em um grau que não temos sequer ideia. Parece que hoje estamos despertando e sofrendo coletivamente da “síndrome de deficiência imunológica adquirida ao marxismo gramsciano”.

Não há caminho fora do liberalismo econômico para atingirmos um patamar de prosperidade material que extingua ou mitigue os bolsões de pobreza ainda existentes no Brasil, notadamente na Região Nordeste (não por acaso, celeiro de votos do PT). Não há como optar entre socialismo e liberdade. Ou se é escravo no primeiro ou indivíduo liberto no segundo. Cabe ao Estado, como gerenciador das receitas fiscais, atuar na correção das distorções, promovendo a busca pela dignidade através do mínimo existencial até que o cidadão consiga andar com as próprias pernas e não perpetuá-lo na miséria para ser idiota útil da ideologia.

José Dirceu sabe, como já havia diagnosticado Hayek (HAYEK, Friedrich August von.  O Caminho da Servidão. São Paulo: Instituto Mises Brasil. 2010), que a mais “importante transformação que um controle governamental amplo produz é de ORDEM PSICOLÓGICA, é uma alteração no caráter do povo.  Isso constitui um processo necessariamente lento, que se estende não apenas por alguns anos, mas talvez por uma ou duas gerações”. Dito de outra forma, a esquerda “progressista” brasileira, via receita gramsciana, moldou uma mentalidade no povo brasileiro que o tornou hostil aos ventos do liberalismo econômico. Contrário senso, a “desconstrução” dessa visão de mundo também consumirá gerações.

Mas, nunca é tarde para buscar a cura, no caso, esta chama-se despertar do estado de ignorância!
 

Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)
 
 
 
 
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