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Opinião

O Judiciário e o golpe

Paulo da Rocha Dias

Mesmo sendo fãs de futebol, os irlandeses tem uma seleção insignificante. Mas conseguiram levar avante uma atuação maravilhosa na Copa do Mundo de 1990, na Itália. O técnico, Jack Charlton, criou um mote que era repetido por todos os irlandeses: keep them under pressure!Literalmente isto quer dizer: mantenha o adversário constantemente sob pressão. Uma espécie de guerra psicológica constante contra o adversário. É isto que Judiciário, a Polícia Federal e os vampiros de Curitiba tem feito em relação à Presidenta Dilma.

O Vampiro Mor, Sérgio Moro, não vê nenhum óbice moral em manter os nossos líderes do Poder Executivo em permanente posição humilhante, em permanente pressão, tendo constantemente de responder a acusações e de ter a sua agenda política definida por outros. 

Além da direita política, é o Judiciário que não tem deixado a Dilma governar. Interfere constantemente nas decisões, como acabou de fazer agora em relação ao novo e simpático Ministro da Justiça. Ao manter a Dilma sob pressão constante, desfazendo todas as suas decisões, inclusive aquelas relacionadas à Reforma Agrária, o Judiciário Brasileiro atravessa o Poder Executivo e se constitui como uma ditadura clara e perfeita.

Num governo de esquerda, a direita e seus ladrões amestrados procuraram dar "autonomia" a todos os órgãos e poderes. Como bem disse nosso eterno Lula, somente a Dilma não tem autonomia para governar. Seria um desastre a Polícia Federal transformada em Polícia Política no estilo SS nazista ter a autonomia que vem pedindo por meio de emenda constitucional em discussão no Congresso. 

É igualmente um absurdo um Judiciário sem nenhum controle externo. O Conselho Nacional de Justiça não passa de uma farsa, pois seu presidente é sempre o presidente do STF em turno. Não há controle externo. Fazem o que querem, emitem pareceres sem mesmo conhecer a Constituição Federal, como o fez esta senhora da 7ª Vara em relação ao Ministro Aragão. É o Judiciário que tem transformado o nosso governo em um caos. E se caracteriza cada vez mais como um poder leniente e acovardado quando as questões se referem a pilantras como Eduardo Cunha e seus comparsas.

Se o golpe vingar, a Operação Lava Jato cessará no dia seguinte. Os juízes, todos filhotes das elites econômicas do país, agasalhar-se-ão sob as asas de um poder que lhes agrada e cairão no anonimato como estiveram durante toda a nossa vida republicana. Apenas degustando os imensos salários que tiram de nossas parcas economias.

Por outro lado, quando se ouve falar que o STF é o último bastião da democracia e da cidadania, corre em nossos olhos um raio de esperança de que este STF possa barrar o golpe. Se não o fizer, o povo o fará nas ruas. Temer, traidor e usurpador, não terá um dia de sossego. Cresce a cada dia o número de pessoas nas ruas gritando contra o golpe e em defesa da democracia. A juventude, sobretudo a juventude, vai compreendendo passo a passo o que é a crise que atravessamos. Golpe é golpe. Mesmo quando é apoiado e articulado pelo Judiciário, via Operação Lava Jato.

No passado, as elites se ajuntaram aos militares para sazonar o ódio contra Getúlio Vargas e o seu PTB. O molde é o mesmo. Hoje elas se ajuntam ao Judiciário. Havia naquela época um homem que foi fiel a Getúlio do começo ao fim. Seu nome era Tancredo Neves. Caiu o Getúlio, passaram-se os anos, entrou o João Goulart, Tancredo Neves, foi seu Primeiro Ministro naquele Sistema Parlamentar. E ficou primeiro Ministro até o golpe que jogou Jango no exílio. Passados vinte anos de ditadura, acreditando as elites e os militares que o Getulismo e o PTB estariam totalmente esquecidos, devolvem o poder que usurparam. Ironia. O Presidente seria Tancredo Neves. O único recurso foi assassiná-lo e colocar o Sarney no lugar. Será assim com o Lula. Quando acreditarem - Judiciário, Polícia Federal e Vampiros de Curitiba - que o Petismo e o Lulismo estariam definitivamente enterrados, o Lula vencerá as eleições presidenciais. Um pesadelo para as elites fascistas de nosso país.

 

*Paulo da Rocha Dias é Jornalista e professor do Curso de Jornalismo da UFMT e autor do livro de crônicas "Um chapéu, um cavalo branco e uma lant

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