Imprimir

Opinião

Queda do avião da Chapecoense

Marcelo Alonso Lemes

Olá moçada. Eu demorei um pouco para escrever porque a cobertura da imprensa foi maciça, e não poderia ser diferente, até porque profissionais do setor faleceram na tragédia, mas agora posso fazê-lo. Foi com muita tristeza que toda nação recebeu a notícia da queda do avião da Chapecoense na Colômbia, onde iria disputar a final da Copa Sulamericana contra o Atlético Nacional de Medellín.

Times como o Torino (1949) e Manchester United (1958) passaram por situação semelhante. Apesar de termos sobreviventes, miraculosamente, foram 71 mortos entre jogadores, comissão técnica, convidados, jornalistas e tripulantes. A cidade de Chapecó sofreu uma enorme perda e a ela, todos os familiares, cidadãos e cidadãs, meus sinceros pêsames e solidariedade. As investigações já conseguiram apontar a causa do acidente, falta de combustível, e isso continuará a ser assunto nos próximos dias. Mas o que chamou a atenção de todos nós foi a onda de solidariedade que varreu o planeta neste momento tão triste.

 Minutos de silêncio em todo mundo, cores verde e branco em monumentos, gols dedicados ao time, esgotamento de camisas da Chape nas lojas, times propondo jogar a última rodada do Brasileirão com a camisa da Chape ou com seu escudo no uniforme, times se propondo a emprestar jogadores sem ônus à Chape, o Atlético Nacional solicitando que o título da Sulamericana seja entregue à equipe catarinense, além da fraterna homenagem que seus torcedores fizeram no estádio em Medellín, aumento no número de sócios-torcedores, proposta de não rebaixamento da Chape pelos próximos três campeonatos brasileiros, comovente homenagem do povo chapecoense na Arena Condá, declarações do Papa, Maradona e outras personalidades e tantas outras coisas sensacionais que vimos e que nos deixaram comovidos nos últimos dias.

E foi aí que me dispus a esta reflexão. A dor nos uniu em torno da Chapecoense e do povo de Chapecó. Nós, seres humanos, somos assim, nós buscamos apoio no próximo em momentos difíceis, de dor, e geralmente somos correspondidos. Eu tenho esta crença: O ser humano é bom, é solidário, é fraterno. Eu não sei o que acontece na vida de uma pessoa que faz com que ela se torne má, mas acredito que ninguém nasce mau, que haja um gene da maldade.

Agora, se nós nos unimos na dor, porque não podemos nos unir na alegria? Por que não tomamos este momento de solidariedade e fraternidade com a Chapecoense como exemplo e levamos para os estádios em todos os jogos? Por que brigar? Por que agredir? Por que não podemos tranquilamente ir ao estádio com nossa família, com a camisa do nosso time, torcermos durante a partida, vibrarmos, sofrermos e voltarmos para casa sabendo que nada nos acontecerá? Sim, as gozações, brincadeiras, rivalidades continuarão, mas precisamos de violência, agressão e intolerância?

 É em momentos como este que devemos refletir sobre isto e mudar nosso comportamento nos estádios, porque se declararmos apoio, solidariedade, mensagens bonitas nas redes sociais ao time catarinense e no próximo jogo nos comportarmos como animais, bestas feras nos estádios, tudo não passará de hipocrisia.

Fica a reflexão. Grande abraço a todos.

Marcelo Alonso Lemes (marcgeografia@yahoo.com.br).
 
Imprimir