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Opinião

Quanto pior, melhor?

Onofre Ribeiro

 

A expressão é irônica e vem da política mineira. Quer dizer que depois do pior, a tendência é só de melhorar. Cabe neste momento na política de Mato Grosso. O governador Pedro Taques apareceu no Jornal Nacional da Rede Globo apontado como beneficiário de dinheiro vindo de desvios na Secretaria de Educação na campanha de 2014. Claro que uma notícia dessas causa considerável terremoto. O momento da política no Brasil é de justiçamento imediato no julgamento popular. O histórico apurado na Operação Lava-Jato e os absurdos da era petista colocam no mesmo saco qualquer situação semelhante ou não. Há sinais de que os fatos na Secretaria de Educação remontam à gestão Silval Barbosa.  A situação atual faz parecer que recursos movimentados na Operação Rêmora tenham sido usados na campanha eleitoral.

O calendário mostra que em 13/1/2016 chegou uma denúncia ao Gabinete de Transparência do governo estadual. Convocado, o secretário Permínio Pinto negou. Mas a questão permaneceu sob observação. Em 13/5/2016 o GAECO citou publicamente a denúncia que resultou na Operação Rêmora. A atitude do governo estadual foi demitir o secretário de Educação e afastar os funcionários citados, além de abrir a Secretaria de Educação às investigações do GAECO.

Do ponto de vista dos desdobramentos políticos, recorro ao título do artigo. Há um vasto campo político a ser explorado com ganhos de muitas naturezas. Quanto pior for o desempenho nos desdobramentos desse episódio, melhor será para o campo político. Como se trata de um ambiente muito obscuro que paira sobre a nação, qualquer referência cai no julgamento do inconsciente coletivo.

Numa visão justa, parece claro que não daria pra misturar financiamento de campanha com os desdobramentos e nem com a origem da Operação Rêmora. Uma vez que não se resolva essa confusão, o ambiente político fica conturbado e convém a muitos interesses da engenharia política de olho nas eleições de 2018. Quanto às delações geradas pela delação do empresário Alan Malouf, elas acabaram por reforçar essa mistura entre o financiamento da campanha e a Operação Rêmora.

O certo, contudo, é que o julgamento emocional de toda essa situação,  no atual ambiente conturbado, o quanto pior melhor, não será o melhor pra sociedade. Penso que os líderes dos poderes e os dirigentes das instituições privadas deveriam se movimentar, porque, em última instância todos sairão perdendo num ambiente de caos que vier a se instalar em Mato Grosso. Aliás, absolutamente indesejável.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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