Imprimir

Opinião

As doenças da Saúde cuiabana

Ubiratan Braga

Até parece perseguição, mas não é. Até parece epidemia, também não. É mais que Endemia essa cantilena na área da saúde pública municipal. Sobre a estadual conto no próximo capítulo desse mesmo filme de horror.

Vamos numa osmose às cenas de espanto: fiquemos doente agora de qualquer jeito, afinal são cenas de ficção, mas no final terá a emblemática frase: "Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência".

Um dia e hora qualquer da semana num posto de saúde em Cuiabá: "Por favor alguém pode auferir minha pressão?" Do outro lado: "Cadê o cartão?" "Qual cartão, se nem conta em banco eu tenho?" Atrás do biombo sorri, disfarçadamente, a agente de saúde que deveria estar visitando porta a porta. A atendente na frente do PC, nem espera anotar nome e outros dados, disfarçadamente também, corre atrás do biombo para saber das mensagens que chegam ao seu celular num surrupio do wi-fi, mas fala: "Vai ter que ir buscar". Já para quem tem diz: "Aguarde um instante que será chamada (o)". 

E o tempo passa, passa, passa...e nada de médico, remédio, ambulância, até 'injeção na testa' deixou de ser promoção pejorativa.

São centenas de histórias e 'estórias' num círculo vicioso que enchem almanaque, quando na verdade funcionários que se orgulham de encorpar vestimentas brancas, e muitos sequer sabem sobre o princípio da farmacopeia, fogem da real missão de atender qualquer cidadão ou cidadã. Exatos os pagadores de impostos e dos salários desses cânceres desviadores de funções.

Tem gente hipócrita confundido o Juramento de Hipócrates, aquele mais antigo (1948) que se tem notícia no mundo ao se recepcionar novos médicos. " Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade...Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica... Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza."
 
Vi e sei de doutor enganando e se escondendo entre outros afazeres renegando o que já jurou num passado não muito distante. Muitos já viram vídeos de alguns curtindo whattsapp e 'Tô nem aí' para o doente. Muitos deles sequer tem no sangue o engrossar sindical das filas nas greves, outros são os primeiros no front a defender a classe, porém dane-se se o medo ronda aquelas simples enfermeiras (como classificam), pois as tem como meras serviçais. 

Enganam-se esquenta-jalecos. Essa prática virula o bem-estar social coletivo, destarte ser um ato contagioso. Curem-se com o alivio da retidão, honra, humanismo e acima de tudo com o devido respeito ao cidadão e ao erário.

*Ubiratan Braga é jornalista e publicitário em Cuiabá
Imprimir