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Opinião

Várzea Grande: de cidade industrial a periferia de Cuiabá

Elizeu Silva

Denúncias de surrupio financeiro contra setores estruturais da administração pública como: Segurança, Educação e Saúde já não é privilégio apenas da capital federal, Brasília e dos grandes centros urbanos a exemplo de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Imputação de cretinice com o dinheiro do povo também tem se desabrochado pelas bandas de Várzea Grande, cidade a completar em 15 de maio, jubileu de 150 anos de fundação.

Para os manteigueiros de plantão, as denúncias que vem sendo feitas na mídia e ao Ministério Público, seja contra servidores públicos ou políticos do município, são puramente eleitoreiras e que Várzea Grande caminha em passos largos, e tem muito pra se comemorar. Mas, existem aqueles que discordam e defendem que a cidade caminha de marcha-ré. Para os mais cépticos a situação, aqueles que defendem que Várzea ruma no alvo correto são os "amigos do rei", e por isso os tais são taxados de "lambe-botas" de quem ocupa o momentaneamente o poder. 

Contrários a situação pelo qual o município atravessa, oposicionistas dizem que a administração municipal continuada nas mãos de membros de uma mesma família (familiocracia), atrelada ainda a péssima aplicação dos recursos públicos e os intermináveis embates entre grupos políticos, tem sido os grandes empecilhos para que a alcunha "Vegê" patine no tempo.

As más línguas alfinetam aos quatro cantos da cidade de que a afeição pela cadeira maior do Paço Municipal de Couto Magalhães faz com que as velhas raposas não aceitam largar o osso após ter devorado a carne até o cepo, e até calculam-se que Várzea Grande está estagnada em atraso de pelo menos 40 anos, se comparada ao desenvolvimento de outras cidades brasileiras e outras muitas do próprio Estado de Mato Grosso. Não é à toa que há muito, o lugar perdeu a boa fama de cidade industrial.

Tais mazelas públicas realmente não são difíceis de comprovar. Sem planejamento a urbanização de Várzea Grande se deu de forma desigual. Verifica-se o aumento do tamanho da cidade de maneira horizontal. Esse elemento ampliou a brecha de exclusão social, tônica no desenvolvimento do município. Com isso, a piora na qualidade de vida e deterioração na infraestrutura e principalmente, na rede de serviços de saúde, tem sido inevitáveis. Outros índices como; ausência de salas de aulas, coleta de lixo, ruas sem asfalto e distribuição de água encanada, também estão relacionadas na negatividade dos indicadores de qualidade de vida dos várzea-grandenses.

Sem uma discussão de planejamento territorial com estratégias deliberadas para induzir e estimular o desenvolvimento, a cidade continua a inchar num sentido vertical que dificulta ainda mais o Poder Publico de atuar. Sem ocupação dos espaços vazios no centro da cidade, ainda se depara com grandes terrenos sem cerca ou muros e ainda repletos de mato e lixo.

Sinceramente! Não se vê ações concretas para corrigir essa realidade ou ao menos estanca-las. E, sem esse esforço a "Vegê" continua atolada, saindo do status de cidade industrial e se tornar uma grande periferia da capital, Cuiabá.

*Elizeu Silva é jornalista em Mato Grosso – elizeulivramento@gmail.com
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