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Opinião

LGBT e o escuro caminho profissional

Aureo Patrick de Araujo Dutra

O Brasil é um país regido por um documento chamado Constituição Federal  que compõe um conjunto de normas oficiais importantíssimas; e lá nas escritas somos esclarecidos quanto o que é o Estado Democrático de Direito, o que situa estes direitos. Em resumo, trata-se do que é regido por regras gerais e princípios fundamentais para a civilização que garante sua base de validade. É o mais importante registro que absolutamente todos cidadãos devem ter solido respeito, pois asseguram os direitos e deveres  individuas e coletivos. Tudo lindo e fundamental para a manutenção do Estado, o princípio da unidade regula e pacifica os conflitos de diversos grupos que formam uma sociedade. Diversos grupos que não aceitam a diversidade, não respeitam as diferenças, não prioriza a paz e o amor.

Lindo é o que sonhamos em viver, num país onde é tudo tão difícil, país que prega a equidade.  Lindo é o que deveríamos ter de direto de viver. Porem não é a realidade o que nos deparamos. Um país onde 61% dos homossexuais escondem sua orientação sexual no trabalho, não por vergonha, mas grande maioria porque sabe onde pisa, conhecem bem os ambientes onde convivem para ganhar o pão, isso com dignidade e muito medo de sofrerem a represaria e a perca do emprego.

Com toda essa inversão de valores, onde o que se considera “normal e padrão”, fala mais alto que a empatia pelo ser humano, eis que ainda existe um grande caminho a se percorrer em rumo ao Estado de Direito que a Constituição tanto assegura.

Segundo a Associação das Travestis e Transexuais do Triângulo Mineiro (Triângulo Trans), apenas 5% das travestis e transexuais de Uberlândia estão no mercado de trabalho dito formal. As demais, 95%, estão na vida de  prostituição e sofrendo todos os tipos de violências possíveis, é um numero assustador. Número semelhante é apresentado pela ANTRA - Associação Nacional de Travestis e Transexuais, segundo a qual 90% das travestis e transexuais estão se prostituindo no Brasil. Mesmo que elas queiram e muito arranjar um trabalho direitos perante as leis trabalhistas, jornada diaria e carteira devidamente assinada. O preconceito fica evidente quando elas se candidatam a uma vaga, muitas não conseguem se quer passar para a próxima fase após o primeiro contato por telefone com feito pelas empresas no ato de recrutar. Isso é uma realidade que merece ser analisada pelas Politicas sociais, Politicas que trabalham em prol de cidadãos independente de genero e sexualidade.

Segundo pesquisa feita pela Elancers (2015), empresa de  recrutamento e seleção, realizada com 10 mil empresas, apresenta que 20% não contrataria homossexuais para determinados cargos. Entre as empresas consultadas pela pesquisa, cerca de 1.500 responderam a pesquisa online, colaborada por 2.075 recrutadores. Os profissionais ouvidos são essencialmente mulheres - 75% do total.

Segundo o presidente da Elancers Cezar Tegon “Quando 11% dizem que não contratariam homossexuais para determinados cargos, eles se referem essencialmente a cargos executivos que, via de regra, representam a empresa em público. Somados aos 7% que dizem que não contratariam homossexuais de modo algum, temos um cenário onde quase um quinto das empresas não contrataria homossexuais no Brasil”.

Não para por aí, em um estudo com 230 profissionais LGBT, com idades  entre 18 e 50 anos, de 14 estados brasileiros, elaborado pela consultoria de engajamento Santo Caos, apresenta que 40% dos entrevistados disseram já terem sofrido discriminação direta no ambiente profissional. Segundo o sócio-diretor da Santo Caos, o problema dificulta o engajamento dos funcionários LGBT com a empresa, o que muito influencia na satisfação das pessoas com o ambiente do trabalho, na produtividade e, consequentemente, nos resultados.

Com todos estes dados, fica evidente que o Brasil precisa urgentemente de mais investimentos em uma inovadora educação cultural, inclusive corporativa, não meramente que se tenha uma plaquinha escrita “Apoiamos a diversidade” e sim que se tenha o respeito, dentro dos manuais de condutas internos das organizações, e que se apliquem, através da conscientização; para que as pessoas LGBT gozem dos plenos direitos de ocupar lugares, cadeiras, com mais igualdade, mais respeito e mais dignidade. As empresas precisam acreditar mais, principalmente em grandes resultados por parte de quem luta por uma nação de força, e de muita superação. Hora de deixar as diferenças imaginarias de lado e pensar no fim de muitas questões que as politicas sociais parecem ser  insuficientes em luta, causas que depende muito da iniciativa popular, através da credibilidade, da oportunidade, da inclusão, do apoio e principalmente através do respeito. Afinal, todos somos iguais, a diferença esta meramente no ponto de vista, e isso graças a evolução, é mutável, as vezes podemos adiantar a adesão deste novo olhar, para que tudo se ajeite. Que prevaleça o Respeito e a Igualdade.

Aureo Patrick de Araujo Dutra
Psicólogo em Cuiabá – Atuante com a Terapia Cognitivo Comportamental
CRP-MT 18/03399
psicologoaureo@hotmail.com
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