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Opinião

​Doe sangue, compartilhe vida

Evertom Almeida

Não dói quase nada e leva só uns minutinhos pra você salvar a vida de até 10 crianças ou 4 adultos. Quando você abre seu coração e se dispõe a doar o sangue a alguém que nunca viu, podemos dizer que a fé na humanidade é minimamente restaurada. Em média, cada bolsa contém de 400 a 450 ml de sangue que são fracionados em plasma, hemácias, plaquetas e crioprecipitado.
 
No mês passado foi comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. O dia 14 de junho foi celebrado em várias capitais do país com ações que reforçaram a importância de compartilhar vida. O sangue e os componentes sanguíneos são indispensáveis para ajudar as pessoas a sobreviver a condições graves de saúde, procedimentos médicos e cirúrgicos complexos, partos e lesões causadas por acidentes e desastres.
 
Cada doação é imprescindível para que os bancos de sangue consigam atender à demanda dos hospitais que a cada dia estão mais cheios de pacientes que dependem de transfusões para se manterem vivos.
 
A situação do nosso país é ainda mais preocupante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o percentual ideal de doadores para um país esteja entre 3,5% e 5% de sua população. No Brasil esse número é baixo, pois não chega a 2%. Esta quantidade, ainda sofre queda durante o inverno e as férias, períodos em quem os hemocentros são praticamente obrigados a operar com menos que o mínimo necessário. Ainda, complementando alguns dados estatísticos, o Ministério da Saúde divulga que os homens são responsáveis por mais de 70% das doações no Brasil e os jovens de 18 a 29 anos, correspondem a 50% dos doadores.
 
Alguns mitos prestam um desserviço aos bancos de sangue. Pessoas sem conhecimento sobre o assunto acabam por desencorajar a doação alheia ao dizer que:
 
- Quem doa sangue uma vez, deve doar sempre;
- A doação "engrossa" o sangue, entupindo as veias;
- A doação faz o sangue "afinar", "virar água", provocando anemia;
- Doar sangue engorda;
- Doar sangue emagrece;
- Doar sangue vicia;
- Mulheres menstruadas não podem doar sangue;
- "Posso ficar sem sangue suficiente";
- Os doadores correm risco de contaminação.
 
Tudo isso é mentira, já que a reposição do plasma leva 24 horas e os glóbulos vermelhos se reproduzem em quatro semanas. No entanto, para realizar uma nova doação o homem deve esperar, no mínimo, 60 dias e a mulher 90, pois é dentro desse intervalo que os níveis de ferro atingem o mesmo nível de antes da doação. Num período de 12 meses, é admitida a frequência máxima de quatro doações para os homens e de três para as mulheres.
 
Doar sangue é um gesto de amor e compaixão. Hoje é você quem doa, mas amanhã você é quem pode precisar. Por isso, se você está em boas condições de saúde, tem entre 16 (com autorização dos responsáveis) e 69 anos, possui mais de 50kg, dormiu mais que 6 horas na noite anterior e está bem alimento, dirija-se até o banco de sangue público mais próximo – em Cuiabá, o Hemocentro fica na Rua 13 de junho, próximo ao Hospital Geral Universitário – com um documento oficial com foto e realize sua doação.
 
A regularidade desse ato também traz alguns benefícios previstos em lei como meia entrada em estabelecimentos culturais e atividades recreativas; atendimento prioritário em bancos, e uma folga por ano no trabalho.
 
Todo sangue é bem-vindo, independente de sua tipagem e fator RH ele vai fazer diferença. O que pra você pode ser apenas mais uma tarefa a ser cumprida no dia, para quem precisa significa mais uma chance de viver.
 

Evertom Almeida é Gestor Público e doador de sangue há 10 anos
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