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Opinião

​ Balcão de negócios espúrios

Licio Antonio Malheiros

A crise moral e institucional, que assola nosso país, do Oiapoque ao Chuí, vem se tornando uma constante, capitaneados por leis frágeis, morosidade na execução das mesmas, além da flexibilização, tendo como origem, o famigerado foro privilegiado. Existem no Brasil, várias operações de combate à corrupção em curso, a mais impactante e contundente, tendo em vista, a magnitude dos poderes constituídos envolvidos, é a Operação Lava Jato. Com a colaboração premiada feita pelo  ex-governador Silval Barbosa, preso na Operação Sodoma, acabou sendo desencadeada, uma verdadeira avalanche de denúncias e acusações contra políticos, intuições e poderes constituídos. O ex-governador Silval Barbosa, não poupou nenhum dos envolvidos, em um dos casos mais emblemáticos, envolvendo propina,  conhecido como  mensalinho ou   merenda, que o Executivo oferecia a membros do Legislativo Estadual com nosso dinheiro, para pagar contas de campanhas e até mesmo manter mordomias, luxúrias, vaidades pessoais de nossos representantes de diferentes poderes constituídos. Entre os citados figuram: um ministro, dois prefeitos e deputados estaduais, até o momento foram citados 18;  também figuram nessa lista negra, membros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT). 

A Operação Sodoma, mandou para prisão em 2015, o ex-governador Silval Barbosa, além de secretários  de estado, assessores e por ai vai. A priori ele aparecia como chefe de uma organização criminosa em Mato Grosso, que cobrava propina de empresas em troca de incentivos fiscais.

A delação premiada de Silval Barbosa foi homologada pelo Supremo Tribunal Federa (STF), no último dia 9.

Silval, literalmente abre a caixa preta ou caixa podre, citando todos os envolvidos em um esquema de corrupção vergonhoso, imoral, espúrio, que deixou a população cuiabana e mato-grossense estarrecida.

Ele responsabiliza o ex-governador Blairo Maggi, como sendo, o responsável pela criação do mensalinho,  e que ele, teria herdado esse espólio, usado como moeda de troca,  para que pudesse se tornar governador do Estado de Mato Grosso.

As denúncias feitas na delação premiada de Silval Barbosa, não ficaram apenas em descrições verbais, foram anexadas às mesmas, imagens fortíssimas envolvendo membros de poderes constituídos.

Em tempos passados, os velhos corruptos da política brasileira, através da propina, usavam para carregar dinheiro ilícito: meias, cuecas e por ai vai.

Agora, através do processo evolutivo, os flagrados recebendo mensalinho, só mudaram, o modo de transportar o produto da propina, como aparecem nas imagens.

O  prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB)  colocou o dinheiro no bolso do  terno com tamanha empolgação, que acabou deixando cair no chão, parte do dinheiro da merenda, que vergonha.

Depois, aprecem nas imagens fortes, o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP), colocando o dinheiro da merenda em uma caixa de papelão, o deputado estadual Hermínio Barreto (PR), colocando o dinheiro em uma mala, a atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB), colocando o dinheiro em sua bolsa, no áudio, ela ainda zomba da cara da população, fazendo piadinhas com dinheiro público, o ex-deputado estadual Alexandre Cezar (PT), aparece no vídeo levando o dinheiro em uma mochila.

O ex-deputado estadual Antonio Azambuja (PP), leva o dinheiro em uma pasta de computador, José Domingos Fraga Filho (PSD) também em caixas, Antonio Português (PSD), e sua irmã Vanice Marques, ex-secretária estadual. Entre outros, que a população já viu e ouviu exaustivamente nos meios de comunicação de massa.

No caso  emblemático envolvendo o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB); quem deveria exigir uma retratação ou mesmo uma punição exemplar, com a  cassação de mandato, tendo em vista se tratar de provas contundentes; deveria partir da nossa egressa Casa de Leis,  Câmara Municipal de Cuiabá.

A imprensa local, como forma de levar informação à população local, entrevistou o presidente da Casa de Leis, vereador Justino Malheiros (PV); ele foi bastante cauteloso em sua colocação, acerca do tema em questão, ao dizer que, "preferia esperar para constatar se esse dinheiro seria proveniente de corrupção ou não".

Com todo respeito ao nobre vereador e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Justino Malheiros (PV), se essas imagens de recebimento de dinheiro em um balcão de negocio, na antessala do gabinete de um governador de estado, pago em espécies, não for corrupção, o que é corrupção então?

Obviamente todos os citados, terão amplo direito de defesa e do contraditório. Agora, para aqueles que aparecem nos vídeos com áudios comprometedores; dificilmente conseguirão provar, a legalidade desse dinheiro.

Pare o mundo, quero descer!!!!!!!!!!!


Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo (liciomalheiros@yahoo.com.br)
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