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Opinião

Remoção de tumor no cérebro é feito com paciente acordado

Roger Rotta

Receber um diagnóstico de tumor cerebral, afeta drasticamente o emocional do paciente, principalmente quando esse tumor esta em áreas responsáveis pela fala, movimentos, visão e cognição, isso o torna muito mais devastador.  Nos grandes centros a abordagem destes tumores vem sendo realizada através de um procedimento neurocirúrgico conhecido como "awake craniotomy" (craniotomia acordada), que consiste em remover tumores em áreas eloquentes (áreas fundamentais) do cérebro com o paciente acordado, estando este consciente durante a cirurgia.
 
Essa é uma técnica cirúrgica que aborda áreas essenciais do cérebro (visão, linguagem, áreas relacionadas ao movimento do corpo, além de áreas responsáveis pela cognição) afetadas pelo tumor. Com esse tipo de abordagem o neurocirurgião consegue mapear essas regiões e ter certeza que o tumor pode ser removido de forma segura e as funções neurológicas possam ser preservadas.
 
Mas, qual a importância deste procedimento com o paciente acordado?
Vários tumores cerebrais surgem em áreas funcionais importantes do cérebro (linguagem, motora, memória, cálculo...) e muitas destas funções só podem ser localizadas durante a ressecção do tumor, quando o paciente esta acordado.
 
Como é realizado esse procedimento?
Inicialmente o paciente é minuciosamente avaliado e assistido por um neurocirurgião e auxiliado por sua equipe multidisciplinar. Esse procedimento é realizado com anestesia local (de modo que não sentirá dor). Durante o procedimento são realizados testes que avaliam as funções cerebrais ( nomeando figuras, cálculo, leitura e etc...) durante os testes o cirurgião realiza pequenos estímulos mapeando as regiões ao redor e até mesmo sobre o tumor, se alterações são observadas (speech arrest – parada da fala, movimentos em braço e perna,  alterações visuais, e etc..), essas regiões são marcadas, pois se lesadas podem causar sequelas definitivas.
 
Toda ressecção, seja ela possível ou não, é baseada nesse mapeamento, minimizando os riscos de lesões definitivas das áreas essenciais (linguagem, motora e visual), preservando assim suas funções, permitindo um grau maior de ressecção de forma precisa e segura visando aumentar a sobrevida global e o tempo livre de doença, com  boa qualidade de vida.
 
Essa cirurgia já está sendo feita em Cuiabá tanto pelo SUS quanto por planos de saúde e  particulares. Esses e outros avanços, de acordo com a literatura mundial, vem aumentando significativamente a sobrevida e o tempo livre de doença com qualidade de vida desse paciente oncológico, que em muitos casos voltam a falar, melhoram a função motora e permitem regressar as atividades diárias.
 

Dr. Roger Rotta é Neurocirurgião Oncologico, Membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Fellowship em Oncological Neurosurgery no MD Anderson Cancer Center em Houston - Tx, além de Coordenador da Residência em Neurocirurgia no HGU em Cuiabá, é pioneiro no implante do reservatório de Ommaya em Mato Grosso e ressecção de tumores cerebrais com paciente acordado.
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