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Opinião

"A distância que nos une" é o retrato da desigualdade

Evertom Almeida

A cada dia, mais um leão é morto, um obstáculo é enfrentado, uma barreira é superada. Nas ações corriqueiras e, de certo modo, automáticas, do cotidiano, deixamos de lado o convívio social para se dedicar arduamente à máxima do capitalismo: juntar dinheiro para quitar as dívidas.
 
Você pode falar que isso não tem nada a ver com o capitalismo. Afinal, ele é um sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro. Mas quem move toda essa roda, somos nós, trabalhadores assalariados, que mal temos para garantir a subsistência de nossas famílias.
 
Nem adianta mostrar seu gordo holerite de R$ 5 mil. Você está tão na lama quanto os outros que ganham 1 salário mínimo. Seu carro está financiado em 60 meses, seu apartamento em 30 anos.
 
No início da semana, um relatório da organização Oxfam escancarou a desigualdade social do Brasil. Sob o título " A distância que nos une", o documento revelou que apenas SEIS bilionários brasileiros concentram a mesma riqueza que metade da população mais pobre.
 
E ainda, segundo o estudo, mesmo que essas seis pessoas gastassem um milhão de reais por dia, seriam necessários 36 anos para acabar com todo o dinheiro que eles possuem.
 
Outro dado aterrorizante foi saber que 5% dos mais ricos detém a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. O relatório também mostrou as diferenças salariais entre gênero e raça. E se, você for mulher e negra, sua situação está pior que a de todos os outros recortes.
 
E, mesmo nos últimos 15 anos, o governo tendo conseguido retirar mais de 28 milhões de pessoas da pobreza, a grande concentração de renda no topo da pirâmide social se manteve estável.
 
Esses e outros dados alarmantes presente neste relatório só corroboram o que já sabíamos: seja em momentos de crise ou de crescimento econômico, não importa quem esteja no governo, ele irá se aliar aos ricos e poderosos para se garantir no poder.


Evertom Almeida é Gestor Público, especialista em Gestão de Cidades e servidor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT)
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