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Opinião

Seleção do Rio de Janeiro x Seleção de Mato Grosso - Campeonato Nacional de Corrupção

Eustáquio Rodrigues

Começou a partida entre Rio de Janeiro e Mato Grosso, válida por mais uma rodada do Campeonato Brasileiro de Corrupção. Os jogadores se aqueceram rapidamente e prometem um jogo duro para saírem daqui com a vitória no bolso do paletó.

O jogo começa com dois gols de placa do Rio ao se tornar sede da Copa do Mundo de 2014 e sede das Olimpíadas de 2016. Foi na base do chuveirinho: choveu dinheiro na conta dos dirigentes que comandam o esporte mundial. Mas Mato Grosso desconta logo em seguida: Caldo dribla todo o centro-oeste e marca um gol de letra, de letra não, gol de número com muitos zeros à direita. Mas o Rio não se intimida e faz um ótimo lançamento: O VLT, o qual, liso como sabão faz escorregar muita grana ralo abaixo. Mas Mato Grosso responde na mesma moeda: tira de campo o BRT e se lança ao ataque até conseguir aprovar também seu VLT - mais conhecido como Trem Fantasma.

Jogo empatado até então. Mas time que tem craque sempre balança as redes e aumenta a conta bancária. Cabralzinho organiza o meio-campo e arquiteta uma jogada de mestre com incentivos fiscais pra joalheiras e leis que beneficiam irregularmente empresas de ônibus. Mato Grosso sente o baque desses gols e chama reforço. Sai do banco Secretário e começa a tramar jogadas pelas beiradas, negociando os incentivos fiscais em Mato Grosso, equilibrando a partida.

Mas o Rio não brinca em serviço. Começa a contratar jogadores para fraudar licitações, receber propinas e finalmente quebrar o estado. Mato Grosso, atrás do placar, promete terminar obras que nunca acabaram, comprar trens sem ter trilhos e chama para o ataque os pesos pesados da Assembleia. Um dos atacantes, quando ia entrar em campo, deixa o dinheiro cair do bolso do uniforme em cima da chuteira dizendo que isso é seu ritual para dar sorte no jogo.

Porém, no intervalo do primeiro para o segundo mandato, quando tudo se encaminhava para um empate em que todo mundo ia se dar bem, entra em campo a Polícia Federal e põe quase todo mundo em cana.

Alguns dos jogadores entram com recursos no tapetão, os quais são julgados em tempo recorde e conseguem sair rapidamente. O craque do Mato Grosso ficou quase dois anos afastado das partidas. Só saiu quando ajudou a garimpar e revelar os novos talentos do esporte no estado. O craque do Rio ainda está recolhido, porém, empreendedor e visionário que é, está revolucionando a prisão com seu menu gourmet - pois para ele as refeições são diferenciadas e contam com castanhas, queijo coalho, presunto de Parma, bacalhau e camarão - provando que preso tem bom gosto para a comida e não se contenta com simples marmitas.

Embora esse grande clássico tenha sido suspenso, as duas seleções estão bastante ativas e operantes, pois não faltam jogadores talentosos para continuar o jogo. A julgar pelo número de "talentos" no país, a Copa do Mundo das Eleições de 2018 promete ser bem disputada. Vamos ver quais craques os torcedores eleitores vão escolher para dirigir as grandes seleções dos estados e do país nos próximos 4 anos: se vão apostar nos jogadores veteranos, fichas sujas e incompetentes ou vão apostar em novos talentos, revelações cujo slogan inspirador e que nos enche de esperança é "pior que está não fica".


Eustáquio Rodrigues é Servidor Público
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