Com máquinas em punho e olhares afiados, o mundo ao seu redor é parte de um retrato que deve ser desvendado. É crítica, é arte, é paixão, é uma arma. Nesta quarta-feira, dia 8 de janeiro comemora-se o Dia Nacional do Fotógrafo. Hoje em dia, com a inserção tecnológica e câmeras fotográficas embutidas em smartphones, tablets e com preços acessíveis, a fotografia está ao alcance de todos. Mas, a fotografia como arte aliada a técnica e ao olhar afiado, prometem revelar esferas do mundo e da vida, que não podem ser encontradas em nenhum Instagram.
Leia também: São Gonçalo Beira Rio homenageia padroeiro da comunidade com fim de semana de festa
Para homenagear os fotógrafos que moram em Cuiabá ou nasceram aqui, e que de alguma forma contribuíram para a cultura e a arte no Centro-Oeste, o Olhar Conceito separou a visão de alguns renomados profissionais como Rai Reis, Mario Friedlander, José Medeiros, Tchélo Figueiredo e Lucas Ninno (que já concederam entrevista a este veículo).
Desde a década de 80, Mario Friedlander atua na fotografia com uma pegada crítica e a defesa ambientalista. Já são 30 anos de trajetória, e Friedlander considera a câmera como uma verdadeira arma. “Quando percebi o poder da fotografia, eu me entreguei”, disse em entrevista sobre mudanças que alcançou como a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, da qual atuou ativamente. Friedlander além de fotografar a natureza e sair em busca de novas aventuras, também faz um registro profundo sobre os povos tradicionais.
Foto de Rai Reis
Já Rai Reis concedeu entrevista ao Olhar Conceito quando lançou o seu livro: Cuiabá – Tradição e Modernidade. “Não podemos esperar a criatividade. Temos que ir atrás dela”, revelou. O fotógrafo também explica que faz por necessidade, porque tem que fazer. “A fotografia é uma caçada. Sou profissional, mas também fotografo para relaxar. É uma abstração. Você esquece do mundo e cria seu universo pessoal com a imagem, e isto exige concentração total que te desconecta. Um buraco da fechadura que reenquadra o mundo. É um vício”, assim definiu a sua arte.
José Medeiros organizou a I Maratona Fotográfica de Cuiabá que resultou em mais de 100 fotógrafos participantes que deveriam registrar a cidade com seu olhar. Na ocasião, o fotógrafo encaminhou um texto sobre a fotografia para marcar a memória de Mato Grosso com as mudanças que ocorrem devido a Copa do Mundo de 2014.
Foto de José Medeiros
“A ideia é fazer com que a fotografia de Mato Grosso comece a mostrar a sua cara, mas fazendo as pessoas entenderem que não precisam fazer uma grande viagem para produzir uma boa foto. Idealizador da Maratona, insisto na ideia da simplicidade para estimular a formação de ainda mais fotógrafos locais. "A boa foto", defendo, "pode estar no seu quintal”, concluiu José Medeiros.
Foto de Tchélo Figueiredo
![](https://www.olharconceito.com.br/uploads/tchelo.jpg)
Outro fotógrafo que atua em Cuiabá, Tchélo Figueiredo ressaltou que a fotografia pode ser arte, paixão e trabalho. “Pode ser os três e ao mesmo tempo nenhum.. Mas no meu caso, seria amor a esta arte que resulta em trabalho. É a minha vida, é o que eu escolhi para fazer. É algo que não consigo descrever simplesmente em poucas palavras. Mas me realiza e sei que cada dia cresce mais dentro de mim a criatividade de produzir mais coisas e mais coisas.. já tenho até uns ensaios marcados. Vocês verão em breve”, salienta.
Lucas Ninno foi se aventurar lá no Chile. Da paixão pela fotografia artística surgiu a oportunidade de aliar este olhar mais sensível com o fotojornalismo, tendo sido contratado pela United Press International (UPI). Cobrindo protestos que assolam o país, Ninno conta que os coquetéis molotov, gás lacrimogêneo, spray de pimenta, são alguns dos empecilhos na hora de registrar o momento.
Mas, Ninno ressalta que a melhor foto é aquela que consegue narrar o que aconteceu. “A melhor foto faz pensar, diz algo a mais para o leitor, e sintetiza o sentimento geral daquele acontecimento. Todos nós buscamos isso. É a medalha de ouro do fotojornalismo. Mas, conseguir tirar essa foto são outros 500, é uma soma de fatores”, disse.
“Às vezes você tem que sair do ‘quebra-quebra’, e entender que apesar disso chamar muita atenção e ser o epicentro dos protestos, uma manifestação é mais que isso. A melhor foto pode estar longe do gás lacrimogêneo também”, esclareceu.
Foto de Lucas Ninno
Para o fotógrafo, o maior desafio é trazer um material criativo. “A tendência é que a imprensa e a arte se misturem cada vez mais, e claro, levo minha parte autoral paralelamente a isto”.