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OPERAÇÃO BERERÉ

Botelho admite ter sido sócio da Santos Treinamentos, mas nega que empresa seja 'de fachada'

14 Mai 2018 - 14:31

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira / Da Reportagem Local - Carlos Dorileo

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Eduardo Botelho

Eduardo Botelho

Ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Eduardo Botelho (DEM) negou que a empresa Santos Treinamentos, o qual figurou como sócio, fosse "de fachada".


A empresa é apontada pela "Operação Bereré" como a responsável por "lavar" a propina enviada pela empresa EIG Mercados (antiga FDL Serviços) para manutenção do contrato com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Mato Grosso.

Botelho foi ouvido ao longo de toda a manhã desta segunda-feira (14) na sede do Ministério Público Estadual (MPE). O deputado é um dos alvos da ‘Operação Bereré’, que investiga suposto esquema de corrupção que teria desviado pelo menos R$ 30 milhões do Detran-MT.

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“Foi esclarecido tudo. Eles fizeram o levantamento de todos os cheques que saíram, e eu fiz a explicação de um por um, desses cheques que foram repassados, meus. Eu esclareci tudo para eles, a questão da minha entrada na empresa. Não tem nada de novo, além do que eu já tinha falado antes. Eu entrei como investidor, não tinha gerencia, não participei de nada, apenas entrei como investidor e tinha recebimento. A empresa não é de fachada. Isso eu garanto. Tudo que foi pedido, eu apresentei e foi esclarecido", afirmou à imprensa.

Segundo as investigações da 'Bereré', a empresa Santos Treinamentos seria de fachada. “Conforme se pode extrair das informações prestadas pelos colaboradores, tinha a finalidade exclusiva de camuflar o pagamento de propina efetuado pela FDL de modo a esconder a origem ilícita do dinheiro, ou seja, a Santos Treinamento servia exclusivamente à lavagem de dinheiro”.
 
O Gaeco ainda revela que o endereço da empresa é o mesmo de uma empresa de advocacia em que Antonio Eduardo da Costa e Silva figura como sócio/administrador/responsável. Elas ainda possuem o mesmo número de telefone e endereço de e-mail.  Nas imagens feitas no local, não é possível visualizar nada na fachada que demonstre a presença da Santos Treinamentos.
 
Também foi constatado, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que a empresa possuía apenas uma funcionária ativa cadastrada no sistema, no período de 10 de fevereiro de 2009 a 29 de abril de 2010 e outra no período de 03 de maio de 2010 a 03 de setembro de 2010, sendo que atualmente não possui nenhum empregado vinculado à empresa.
 
Em 2014, a empresa recebeu a quantia de R$ 7.3923.452,74, referente a créditos identificados em seu extrato. Também é ressaltado que todos esses valores vieram da EIF Mercados (antiga FDL Serviços), o que demonstraria que a Santos Treinamentos não teria outro cliente além da já citada.
 
A maioria dos valores, segundo as investigações, foi repassada da empresa para os próprios sócios. Os débitos e créditos foram praticamente equivalentes e todo o valor recebido não ficou nas contas da Santos Treinamento. Por fim, não foram apresentadas despesas com alugueis, energia elétrica, água, telefone, salários de funcionários, entre outros.
 
“Todas estas circunstâncias são típicas das chamadas empresas fantasmas, que são utilizadas, exclusivamente para a prática de crimes, de forma a ocultar os verdadeiros criminosos. Assim sendo, resta comprovado que a Santos Treinamento é uma pessoa jurídica de fachada, criada exclusivamente para o branqueamento dos gigantescos valores ilícitos, repassados pela FDL Serviços aos integrantes da organização criminosa”, diz trecho do documento.

Botelho:

O deputado Eduardo Botelho também foi alvo da operação, mas o desembargador José Zuquim Nogueira, do Tribunal de Justiça do Estado, negou seu pedido de afastamento, feito pelo Ministério Público. Questionado nesta manhã sobre a prisão de Savi, o presidente da Assembleia garantiu não ter nada a temer e disse que todo o seu patrimônio está declarado. “Não tenho [temor]. Tudo meu está mais do que claro. Não fiz nenhuma ação para tentar atrapalhar e não tenho nada que possa ser escondido. Está tudo declarado”.

Operação Bônus

O ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques e o deputado estadual Mauro Savi (DEM) foram presos em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.

A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.

A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.

Bereré

A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.

Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho. O ex-deputado federal Pedro Henry também foi alvo na ocasião.

O governador Pedro Taques decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
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