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"Todos os acertos no governo são daquele jeito", teria dito ex-procurador sobre esquema de desvio de R$ 15 mi

28 Set 2016 - 08:44

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Francisco Lima Filho

Francisco Lima Filho

"Todos os acertos no governo são daquele jeito”, teria dito o ex-procurador do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (vulgo "Chico Lima"), ao diretor da empresa Santorini empreendimentos Imobiliários Ltda., Antônio Rodrigues de Carvalho. A frase faz referência a um acerto fraudulento para desviar mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos para os bolsos da organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa. A declaração foi trazida à tona no âmbito das investigações conduzidas pela Delegacia Fazendária (Defaz) durante a “Operação Sodoma 4” e veio a público pelos decretos de prisão assinados pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda.


Leia mais:
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Conforme exposto pela Polícia e o MPE, as investigações evidenciam que o pagamento da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, em Cuiabá, no valor total de R$ 31.715.000,00 à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do imóvel, se deu pelo propósito específico de desviar dinheiro público.

Cerca de 50% do valor pago pelo Estado pela desapropriação, ou seja, R$ 15.857.000,00, retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso. Parte deste dinheiro, cerca de R$ 10 milhões, serviu para Silval pagar dívidas que possuía com o empresário do ramo de factoring, Valdir Piran.

Segundo consta do documento, Antônio Rodrigues relata que foi chamado, em janeiro de 2014, a uma reunião agendada por Francisco Lima Filho com o então Secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi. O encontro que ocorreu na sede da Sefaz-MT. Na ocasião, Cursi disse que o pagamento da indenização pela desapropriação poderia ser feito por precatório ou por dinheiro, mas que somente 50% desse valor ficaria com o empresário, pois os outros 50% deveriam retornar à organização criminosa.
 

* Trecho de decreto de prisão da "Operação Sodoma 4".

O empresário conta que chegou a reclamar ao então procurador que “além de ter que aceitar a avaliação inferior, feita pelo Estado, ainda teria que abrir mão de 50% do preço pago”. Foi então que, usando de certa ironia, Francisco Lima Filho teria dito que "todos os acertos no governo eram daquele jeito, que era normal, que ninguém recebe nada do governo se não pagar e que tinha que se dar por satisfeito porque não tinha outra maneira de receber tal pagamento".

Francisco Lima Filho foi preso no Rio de Janeiro na manhã desta segunda-feira (26). Ele residia em um edifício em Copacabana e trabalhava de motorista Uber. Deverá ser transferido para Cuiabá ainda está semana, onde deverá ficar preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) onde já esteve em outra ocasião. 

Entenda o Caso:

Ficou comprovado na investigação, conforme o órgão ministerial, que, além de Silval Barbosa, participaram da fraude Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretario de fazenda), Arnaldo Alves De Souza Neto (ex-secretario de planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do proprietário do imóvel Antonio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado, o operador financeiro do grupo criminoso, Filinto Muller, e os empresários Valdir Piran e Valdir Piran Junior, pai e filho.

Silval Barbosa, que está preso no Centro de Custódia de Cuiabá, teve novamente uma prisão preventiva cumprida, além de Marcel De Cursi, Arnaldo Alves, Silvio César Correia Araújo e Valdir Piran.

Para prestarem interrogatórios, foram conduzidos coercitivamente Valdir Piran Junior, Eronir Alexandre, Marcelo Malouf, José Mikael Malouf, Willian Soares Teixeira, além do cumprimento de buscas e apreensão em residências e empresas dos investigados.

Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, procurador de Estado aposentado, foi preso por mandado de prisão preventiva no Rio de Janeiro (RJ), por policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

Os investigados Valdir Piran e Arnaldo Alves tiveram os mandados de prisão cumpridos em Brasília, com apoio da Polínter do Distrito Federal.

Toda a operação conta cotou suporte da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) de Mato Grosso, da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, e da Polínter de Brasília. Para a operação foram mobilizados cem policiais civis (delegados, investigadores e escrivães lotados na Defaz, Deddica, GCCO, GOE, Dema, DRE).
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