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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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COLABORAÇÃO PREMIADA

Em delação, irmão de Silval denuncia Henry, Savi e Botelho em esquema do Detran; repasses chegavam a R$ 500 mil

19 Fev 2018 - 10:22

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Silval Barbosa

Silval Barbosa

Informações que conectam os deputados Estaduais Mauro Savi e Eduardo Botelho e o ex-deputado Federal Pedro Henry a um suposto esquema no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) estão presentes nos anexos do acordo de colaboração premiada firmada por Antônio da Cunha Barbosa Filho, irmão do ex-governador Silval Barbosa, no fim de 2017. O acordo foi homologado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode ter sido o responsável pela “Operação Bereré”, deflagrada na manhã desta segunda-feira (19).


A ação de hoje é uma atuação conjunta da Delegacia Fazendária (Defaz) e Ministério Público Estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cumpriu mandados na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de deputados estaduais, em Cuiabá.

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“Aproximadamente no ano 2011 foi procurado em seu escritório por um servidor de alto escalão, que trabalhava na casa civil do Governo Silval. Na ocasião, lhe foi relatado que existiria um esquema de retomo ilícito de valores relacionados à empresa que gerenciava o sistema de lacre do Detran para o Deputado Mauro Savi, que se utilizava de uma empresa de consultoria para receber tais valores”, narra o colaborador.

“Na mesma assentada, foi indagado ao colaborador Antonio Barbosa se Mauro Savi repassava tais valores a alguém ligado a Silval Barbosa, pois segundo o servidor Mauro Savi a todo tempo dizia que repassava parte da propina que recebia ao Governador Silval Barbosa, deixando claro ali que se não existisse repasse o mesmo poderia começar a ser feito diretamente a Silval. Foi aí que Antonio Barbosa indagou ao seu irmão sobre a ocorrência de tais fatos, tendo Silval respondido que ninguém estava repassando nada. A partir daí, Silval determinou que seu irmão passasse a receber os valores oferecidos e encaminhasse a parte que cabia a Mauro Savi. O colaborador Antonio Barbosa chegou a receber umas duas ou três vezes repasses em dinheiro em espécie. Os valores recebidos foram de um total aproximado de R$ 210.000”.

Adiante, afirma que o deputado Mauro Savi recebia propinas da Detran. “Os repasses feitos diretamente pela empresa giraram em tomo de R$ 400 a 500 mil reais, dos quais a metade era repassada pelo colaborador Antonio ao Deputado Mauro Savi, diretamente a ele, em espécie”.

Momento seguinte, a delação de Antônio Barbosa passa para o tópico “Empresa FDL”, em referência a FDL Serviços, atual EIG Mercados Ltda., alvo da operação de hoje. Neste trecho, ele cita o nome do então deputado Federal Pedro Henry.

“Em meados de 2010, compareceu espontaneamente em seu escritório, um representante do então deputado federal Pedro Henry, indagando se o colaborador Antonio Barbosa tinha conhecimento acerca do retorno da empresa FDL, que prestava serviços de gravames de veículos ao Detran. Antonio Barbosa, então, teve um encontro com o ex- Deputado Federal Pedro Henry, que lhe esclareceu detalhes de como funcionavam os serviços prestados pela empresa FDL e como seria feito o pagamento de propina caso ele aceitasse”.

No trecho seguinte, Antônio Barbosa cita uma empresa prestadora de serviços de Cuiabá, que atuaria no esquema para repassar a propina supostamente vinda da FDL Serviços.

“Na reunião lhe foi explicado que uma empresa de Brasília (FDL) tinha a concessão, e repassava a propina através de uma empresa prestadora de serviços em Cuiabá, por meio de laranjas dos políticos beneficiados pelo esquema. Dentre os beneficiados, estavam os deputados estaduais Mauro Savi e Eduardo Botelho, além do ex-Deputado Federal Pedro Henry. Assim que aceitou receber os valores, após a reunião com o Deputado Federal Pedro Henry, o colaborador recebeu no primeiro mês a importância de R$ 100.000,00, que se repetiu mais uma vez no mês seguinte a mesma importância. Foi a partir daí que o colaborador indicou terceira pessoa para receber os valores em nome de Silval. A partir daí os valores passaram a girar em tomo de aproximadamente 80 mil líquidos mensais, valores estes utilizados para parte do pagamento dos valores devidos pela compra da fazenda AJ, que era do então Conselheiro do TCE Antônio Joaquim. (fazenda relacionada na lista de bens e já vendida)”.

A empresa cuiabana Santos Treinamento Ltda. foi alvo da operação na manhã desta segunda-feira (19). O Gaeco, entretanto, não explica qual o papel que seria desempenhado por ela no suposto esquema.

Na residência do deputado  Mauro Savi foram apreendidos aparelhos celulares, documentos e pen drives. 

A assessoria de imprensa do deputado Estadual Mauro Savi afirmou que ele se encontra em sua residência e não demonstra preocupação com a operação policial desencadeada na manhã desta segunda-feira (19). Ele deverá trabalhar normalmente e garante que já está se deslocando para a Assembleia Legislativa. Declarou ainda que nota de esclarecimento será emitida em breve. 

A EIG Mercados informa que mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos pela Polícia Civil de Mato Grosso, em sua sede, no Distrito Federal, e na residência do ex-gestor Merison Marcos Amaro, desligado da empresa em 2013, quando ela ainda se chamava FDL Serviços. Via assessoria, declarou que assim que tiver mais informações sobre os fatos em andamento, prestará todos os esclarecimentos. 

Estão envolvidos no cumprimento da ordem judicial uma força tarefa com aproximadamente 200 integrantes, dentre Policiais Civis, Policiais Militares, Delegados de Polícia e Promotores de Justiça.
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