Os casos de violências física e psicológica praticadas contra crianças e adolescentes diminuíram de 85 para 48, entre 2007 e 2008, conforme relatório do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). A explicação, segundo Dilma Camargo, é medo dos pais de serem punidos. Na física, é mais comum haver marcas visíveis, hematomas, escoriações e quebraduras de braços e pernas. Já na psicológica, a criança ou adolescente apresenta mudanças de comportamento, fracasso escolar e baixa auto-estima. “É sempre bom o professor estar atento porque na maioria das vezes, os casos tornam-se aparentes no ambiente escolar”.

Também houve recuo nos números de abusos sexuais praticados contra crianças e adolescentes, que caíram de 71 casos notificados, em 2007, para 64 no ano passado. Ainda assim, Dilma avalia que exista bastante subnotificação. A maioria das situações acontece no ambiente familiar, onde o “silêncio” impede que as vítimas de denunciarem. As mães em geral são coniventes com o agressor. A mudança precisa ser cultural. “Ficamos chocados com alguns casos. Outro dia, um pai disse em depoimento à polícia disse que agiu corretamente, se a filha estava andando pela rua, qualquer poderia ter feito, antes ele ter sido o primeiro”.

O pior é que em muitos casos a família fica contra a própria vítima. Nessa denúncia acompanhada pelo Creas, os parentes da garotas que tem 15 anos fizeram pressão para que ela retirasse a denúncia contra o pai. Alegação: ela teria se insinuado, usando roupas curtas e sensuais. Mas argumentos desse tipo fazem parte do passado. Os tempos mudaram, e a legislação vem evoluindo junto, os exemplos são o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Maria da Penha. “É um trabalho árduo mostrar para essas pessoas que crianças e adolescentes têm direitos, que os pais são exemplos. Se quem deveria defender é o primeiro a agredir como vai ser lá fora?”.

Creas: Endereço: Rua Pedro Celestino, esquina com Rua Campo Grande, centro de Cuiabá. Tel: (65) 3025-6954.