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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Manusear serpentes é experiência mais procurada no Instituto Butantan nas férias

Gabriela, 6, nunca havia pegado em uma. Gamou. Gostou tanto que não queria se despedir da coral que, coitada, já estava estressada com tanta paparicação.


"Sabia que a cobra é o animal de que eu mais gosto?", dizia a menina, com aquela carinha de pena quando percebia que precisava dividir o "brinquedo" com as dezenas de crianças que chegavam, desconfiadas, à área localizada em frente ao Serpentário do Instituto Butantan. 

O desafio não era pequeno. Todas queriam participar do "Mão na Cobra só no Butantan", projeto do instituto que, pela primeira vez, funciona também no período das férias. Uma experiência que não dura mais de uma hora, justamente para preservar os animais, e é monitorada por biólogos.

Sorte de Gabriela, que há três anos mora com os pais na Espanha. Por lá, já havia até visto cobra de pertinho, no zoológico. Mas, segurar o bicho, isso ela, definitivamente, não esperava.

E não foi um simples toque. A menina fez "colar de cobra", deixou que o animal deslizasse por suas costas e até posou com o nariz coladinho à serpente. "Estou tão feliz. Vou contar para as minhas amigas de Madri", repetia ela.

Nem toda criança tem tamanha disposição, muito menos, intimidade com os ofídios. A maioria se deu por satisfeita com um toque sutil. Às vezes, só o carinho com o dedo anular bastava. E houve, claro, os que, na hora H, desistiram da aventura.

Como o carioca Pedro, 5. Foi o menino quem pediu aos pais para que incluíssem o Instituto Butantan no itinerário de passeios paulistanos, após aprender sobre as cobras na escola. Longe dos livros e perto dos bichos, Pedro mudou de ideia. Viu à distância a empolgação da irmã Luísa, 7. Com a máquina fotográfica nas mãos, a garota não sabia se segurava a serpente ou se fazia as fotos que comprovarão às amigas da escola no Rio que o passeio por São Paulo foi emocionante.

Com tantas sensações, ficava difícil prestar atenção à explicação técnica sobre as duas espécies ali expostas: uma dormideira e uma falsa coral. "Fiquem tranquilos que elas não têm veneno nem dentes", disse o biólogo Cristian Alexandro Gomes. 

Sem entender nada da explicação nem por qual razão estava ali, Samuel, de cinco meses, fez o que a mãe pediu. "Pega na cobra, filhinho", encorajava a empresária Vanessa Seoane, 36. Já que o pedido foi da mãe, ok. Com um sorrisinho ainda sem dentes, o bebê segurou a serpente, que precisou ser "libertada". Como Samuel não sabia do que se tratava, apertou com muita força a dormideira.

Além de Samuel, o caçula, Vanessa trouxe os outros três filhos --Stephanie, 6, Sérgio, 4, e Sharon, 2-- para o passeio. Todos muito corajosos. "Eles adoram esse tipo de coisa. Vou passar o dia aqui. Assim, aprendem e se divertem", afirmou a empresária. Na programação, paradas nos museus Histórico, Biológico e de Microbiologia.

Gabriela, que deve voltar para Madri hoje, aproveitava os últimos minutinhos com a "falsa coral", nome de que não gostou muito. O que a menina queria era que a serpente tivesse um nome só para ela. 'Isso ela não tem', explicou a bióloga Ana Bárbara Barros. Assim, o instituto evita que as crianças vejam as cobras como um animal doméstico. Portanto, "mão na cobra só às quintas no Butantan", afirmou. "Em qualquer outro lugar, fiquem longe delas."

A pequena tentou, só mais uma vez. "Se cobra é como cachorro, tem as bravas e as boazinhas, eu poderia ter uma em casa."

Não, não pode. Na mala de viagem vão só as fotos. Provas suficientes de que a menina aproveitou, mesmo, as férias tropicais no Brasil.
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