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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Notícias | Agronegócios

Seca no Centro-Oeste é nova ameaça para a safra de soja

Os problemas provocados pela escassez de chuvas, que já contabilizam enormes prejuízos nos três estados do Sul, colocam agora regiões produtoras do Centro-Oeste em situação de emergência. No Mato Grosso do Sul, os 50 mm de chuva observados na última semana não serão suficientes para recuperar os mais de 60 dias de estiagem que prejudicaram diversos municípios da região. As perdas estimadas para a soja no estado são da ordem de 25% da safra inicialmente prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 4,59 milhões de toneladas.


Na cidade de Dourados, um dos principais polos produtores do grão no País, a situação é ainda mais crítica devido ao grande percentual de soja precoce usado nas lavouras. Segundo levantamento das entidades rurais da região, dos 140 mil hectares plantados com soja no município metade está sendo cultivada com o grão de ciclo mais curto.

"Se o volume de chuva permanecer constante há chance de recuperação para uma parte da produção, mas a soja precoce já está totalmente perdida nas regiões que tiveram estiagem", afirma Marisvaldo Zeuli, presidente do Sindicato Rural de Dourados.

Hoje, após uma reunião entre produtores e entidades de pesquisa, deverá ser decretada situação de emergência em Dourados. Também participarão da reunião representantes do Banco do Brasil para que seja viabilizada a tomada de crédito aos produtores que perderam parte da produção.

"A atual situação já torna passível o pedido de estado de emergência, mas se ela for decretada os produtores podem ter problemas no acesso ao crédito para o plantio da safrinha de milho", destaca Zeuli. A safrinha de milho na região começa a ser plantada em meados de março.

César Dierings, produtor rural de Dourados, é um das centenas de agricultores que optaram pelo uso da soja precoce, buscando reduzir o número de aplicações de defensivos e a viabilidade da alternâncias de culturas. No entanto, os prejuízos provocados pela seca já fazem com que o produtor reveja a estratégia para o próxima safra. "O milho está ruim de preço [o grão está cotado a R$ 14 a saca na região], então é melhor mudar o esquema no próximo ano, plantando soja de ciclo mais longo e diminuindo o milho safrinha", diz Dierings. Na temporada atual, o agricultor plantou 60% da sua produção utilizando a soja precoce. "Este ano ainda fica como está, já tivemos prejuízo na soja então vamos tentar recuperar com o milho", completa.

José Tarso Rosa é outro produtor que lamenta os efeitos do clima sobra a sua lavoura. A propriedade do agricultor está localizada no Município de Laguna Carapã, na região da Grande Dourados, onde já foi decretado estado de emergência. "Eu sou produtor há 20 anos e o último trimestre foi o pior que eu peguei em todos os tempos", avalia. Para ele, os prejuízos com a soja não deve ficar restrito apenas aos produtores já que o cultivo do grão é a principal fonte de economia regional.

Reflexos no preço

Uma redução generalizada da oferta de soja no País deverá garantir a retomada dos preços do grão aos produtores brasileiros. O indicador de preços da soja Esalq ficou ontem em R$ 47,88 a saca, alta de 1,68%. Em dólar, o indicador ficou em US$ 21,96 a saca, incremento de 5,17%.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados ontem, os estoques finais da safra em curso no Brasil serão de 3,18 milhões de toneladas, volume 9,2% inferior ao registrado no período anterior, de 3,47 milhões de toneladas.

A previsão do órgão norte-americano revela que o volume dos estoques projetados para a safra conseguem atender apenas 19 dias do consumo no Brasil, seja para abastecer o mercado interno ou para atender os exportadores, forçando indústrias e exportadores a utilizar seus estoques do grão.

O estudo do USDA indica ainda que o consumo mundial de soja na safra 2008/2009 será recorde e terá um crescimento de 1,7% sobre o ano anterior.

A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) também prevê que o volume de vendas externas ficará estável em relação à demanda de 2008, quando o País embarcou 24,5 milhões de toneladas da commodity


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