A Grande Barreira de Corais da Austrália já está sendo afetada pelo excesso de gás carbônico na atmosfera. O estudo realizado por uma equipe do Instituto Australiano de Ciência Marinha detectou uma redução de 14.2% na taxa de crescimento dos corais desde 1990. É o maior declínio visto nos últimos 400 anos. As informações são do The Guardian.

O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico científico Science.

Os pesquisadores analisaram as taxas de crescimento de 328 colônias corais do gênero Porites em 69 recifes espalhados por toda a Grande Barreira, o grupo liderado pelo oceanógrafo Glenn De'ath notou uma redução, em alguns casos drásticos, na velocidade à qual esses organismos se calcificam, ou seja, aumentam seu exoesqueleto.

Corais de todo o mundo estão ameaçados pela poluição e aquecimento dos oceanos. No entanto, a mais provável explicação para queda na taxa de crescimento dos corais é a acidificação das águas devido ao aumento nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

Parecidos com cogumelos gigantes, os Porites crescem depositando anualmente camadas do mineral aragonita (carbonato de cálcio), formando anéis de crescimento análogos aos das árvores. Como algumas das colônias da Grande Barreira têm mais de 400 anos de idade, De'ath e seus colegas conseguiram contar a história de vida desses organismos ao longo desse prazo, cruzando os dados de calcificação com as condições ambientais.

Quase todas as amostras datando de 1990 a 2005 mostravam sinais fortes de redução de calcificação: uma taxa média de 1,44% de redução ao ano.

Há evidências de que em anos muito quentes os corais sofram um "choque térmico" e parem de crescer, afirma o pesquisador.

"Esses organismos são cruciais para a formação e a função de ecossistemas e cadeias alimentares, e mudanças na biodiversidade e na produtividade dos oceanos do mundo podem ser iminentes", dizem os pesquisadores.