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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Montadoras vivem momento contraditório no Brasil

Mesmo com a crise que assolou, entre outros, o mercado de automóveis brasileiro no final de 2008, o setor comemorou recordes históricos de vendas no ano passado. Apesar disso, a montadora de origem francesa Renault decidiu suspender por cinco meses os contratos de trabalho de mil funcionários. 


A medida pegou de surpresa o próprio setor automobilístico. “Eu posso até dizer a vocês, que está muito melhor do que a gente podia imaginar há 90 dias. Nós fomos pegos de surpresa”, diz Sérgio Reze, presidente da Fenabrave.

Quando o ano terminou, ficou a sensação de que a crise tinha acertado em cheio as concessionárias. Outubro e novembro foram meses que elas queriam riscar do calendário, mas as vendas até setembro já tinham sido tão boas que compensaram o prejuízo e fizeram de 2008 o melhor ano da história.

Um gráfico mostra a evolução de vendas no país desde 2005, quando foram vendidos 2,7 milhões veículos. Nos anos seguintes, três saltos: em 2008 os brasileiros compraram quase cinco milhões de veículos.

E dezembro não foi ruim como se imaginava. As vendas aumentaram 11,5% na comparação com novembro, destravadas pelas medidas do governo para estimular o setor.

“Com o anúncio da redução do IPI deu uma alavancada em 15, 17 dias deu uma subida. O mercado vendeu, pelo menos aqui nós na concessionária, vendemos bastante”, diz Eduardo Moliterno Pelegrino, gerente de vendas.

Apesar do alívio nas concessionárias, as montadoras continuam com o pé no freio. Os pátios ainda estão cheios. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a General Motors anunciou férias coletivas para mais 300 funcionários a partir da semana que vem.

A quarta, desde que a crise começou. A fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, anunciou a suspensão dos contratos de trabalho de mil funcionários. A produção vai cair pela metade.

“Neste momento nós estamos trabalhando justamente com o curto prazo, que é o que a gente pode gerenciar”, declara Carlos Eduardo Magni, diretor Renault.
“Uma coisa que a gente não sabe o que vai acontecer, se vai passar ou não essa crise”, diz Cleberson Pedrit, operador de produção.

Os metalúrgicos vão ficar em casa por até cinco meses, recebendo uma bolsa de qualificação profissional, paga pelo Fat - Fundo de Amparo ao trabalhador - e também um complemento de renda, feito pela montadora.

Para uma consultora financeira, o caso da Renault é mais grave, porque a montadora ainda não conseguiu conquistar o mercado.

“A Renault, inclusive é uma montadora que do ponto de vista de penetração no Brasil não é muito forte. Você tem de fato aqui montadoras como a Fiat que tem uma penetração muito maior, mas eu diria que não é só isso. Eu diria que tem o pedaço que é a crise, o ajuste de produção e aí, eu acho que é geral; acho que a tentativa da Renault é uma tentativa de inovação no sentido de não mandar embora, vamos esperar, que eu acho positiva”, diz Tereza Fernandes Dias da Silva, consultora financeira.

E foi o setor de automóveis o maior responsável pela queda na produção da indústria brasileira em novembro de acordo com dados do IBGE. A fabricação de veículos levou um tombo de 22,6% na comparação com outubro e fez a produção industrial recuar 5,2%, a maior queda desde maio de 1995.



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