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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Voyage vs. Siena: confronto de gerações

Corria o começo da década de 90 e quem procurasse um sedã compacto encontraria nas concessionárias da Volkswagen e da Fiat o Voyage e o Prêmio, ambos derivados dos hatches mais vendidos da época, Gol e Uno. Mas, quando a VW decidiu lançar o famoso Gol “bolinha” em 1994 (como linha 1995), optou por sepultar o Voyage. No ano seguinte, a Fiat lançava o Palio, que, pouco tempo depois, ganhava um companheiro sedã: o Siena.


Tal qual Pelé e Maradona ou Schumacher e Hamilton, o encontro de Voyage e Siena ficou apenas no terreno da suposição. Quem seria melhor? Quem venderia mais? Se os dois gênios da bola ou das pistas não podem rejuvenescer, os automóveis, sim. Hoje, 11 anos depois, Voyage e Siena, enfim, se encontraram no mercado. Por isso, o portal Carro Online comparou as versões de entrada dos dois veículos para saber qual deles se dá melhor na disputa.

Para esta batalha, escolhemos as opções mais básicas dos modelos, colocando o VW Voyage 1.0 (R$ 28 990, já com a isenção do IPI, que vigora até março) lado a lado com o Siena Fire 1.0 (R$ 28 917, nas mesmas condições do imposto), ambos com motorização bicombustível. Confira esse duelo de gerações.

Antes de qualquer comentário, é bom lembrar que os dois modelos comparados levam motorização 1.0 e, por serem sedãs (mesmo que compactos), obviamente contam com uma massa maior que nos hatches (970 kg no Volks e 1 040 no Fiat), o que influencia na relação peso/potência.

Esclarecido isso, vamos ao que interessa. Os dois modelos têm blocos parecidos, mas com potências consideravelmente diferenciadas. O Voyage sai na frente nesse ponto, com 76 cv, 10 a mais que seu concorrente, quando abastecido com álcool (a diferença cai para 7 cv com 100% de gasolina no tanque).

Os dois modelos sofrem para subir serras e passar por trechos íngremes, o que é algo evidente quando a cilindrada fica em 999 cm³. Porém, cada um apresenta características diferenciadas ao dirigir. O Voyage tem um torque maior (10,6 kgfm, contra 9,2 kgfm do rival), mas, pela relação das marchas, a primeira impressão é de que a reação é mais lenta que a do Siena. Por outro lado, as características do sedã compacto da Fiat o fazem, em seguida, ter uma arrancada pior.

Os números comprovam a grande superioridade do Volks nesse ponto, indo de 0 a 100 km/h em 15s9 contra 19s3 do Siena, de acordo com nossas medições na pista de testes. Até mesmo em relação ao consumo o Voyage leva a melhor, fazendo uma média de 9,5 km/litro, enquanto o concorrente fica em 9 km/litro. Vitória do novo sedã, portanto.

Dirigibilidade

Por ter um ajuste de suspensão mais rígido que o de seu concorrente, o Voyage passa uma maior sensação de estabilidade e equilíbrio nas curvas, o que também tem certa influência pelas maiores distâncias entreeixos (quase 10 cm a mais) e largura (2 cm a mais) em relação ao Fiat. Assim, o motorista “sente mais o carro”, característica oposta à do Siena, que acaba tendo movimentos mais macios, mas com menos precisão (o que pode ser notado, inclusive, nas frenagens).

A posição de guiar do VW é um de seus principais destaques, mesmo sem contar com ajustes de altura e profundidade do volante (como opcional, custa R$ 410 e vem acompanhado do brake-light, enquanto é indisponível no Siena Fire). Mesmo em longas viagens, o motorista não sente desconforto quando está a bordo do Voyage. O modelo da Fiat também oferece uma posição confortável, mas passa longe do rival neste quesito.

O banco do motorista deixa a desejar nos dois modelos em relação ao conforto. Em ambos, quem está dirigindo não se sente muito bem encaixado, o que, ironicamente, é uma característica interessante em outros automóveis da marca italiana. E no conjunto do item, nova vitória do Voyage.

Design/atualidade

A Fiat reformulou o visual da linha Palio (incluindo o Siena) no ano passado, mas a tendência não foi estendida à versão Fire. Assim, com a mesma cara mostrada em 2004, o modelo acaba por ter linhas já desgastadas, mas que, por outro lado, também não desagradam.

Quando colocamos ao lado do Voyage, entretanto, mais uma vez o modelo da Fiat fica em desvantagem. O VW tem as novíssimas linhas do Gol, que, de acordo com a própria companhia, são baseadas nas do utilitário esportivo Tiguan. A traseira, apesar de levar um design novo em relação aos outros modelos da marca, não tem elementos inovadores.

O carro da Fiat, porém, tem maior quantidade de cores disponíveis, com quatro básicas e três metálicas (totalizando sete), contra duas básicas, três metálicas e uma perolizada (totalizando seis) do VW.

Por dentro, a sensação do Voyage, mesmo em sua versão mais básica, é a de que você realmente está a bordo de um veículo moderno, criado há pouco tempo e com soluções novas. Essa não é a mesma percepção do Siena Fire, que conta com as mesmas linhas disponíveis na família Palio desde o fim dos anos 1990. Ou seja, a atualização conta novo ponto a favor do VW.

Acabamento/espaço/ergonomia

O acabamento dos dois modelos é bem simples e cada um dos concorrentes se destaca em um ponto. O Voyage apresenta muito plástico no interior e poucos pontos de tapeçaria, dando a impressão de um automóvel de menor qualidade. Por outro lado, tem os encaixes bem feitos e quase não apresenta rebarbas.

O Siena, por sua vez, tem mais tecido no interior, dando uma sensação maior de qualidade e melhorando, inclusive, a acústica, mas peca na montagem e construção das peças plásticas, que apresentam rebarbas e pontos mal encaixados. A Fiat também não foi feliz na escolha das cores do interior, bem envelhecidas em relação ao automóvel da Volks.

Sobre o espaço, tanto o Voyage quanto o Siena não fizeram feio, só que a Fiat deu mais atenção aos objetos do que às pessoas, oferecendo um porta-malas maior (500 litros contra 480 do VW), mas menos espaço interno para os ocupantes. É principalmente neste ponto que a maior distância entreeixos do Voyage (quase 10 cm a mais) dá ao veículo mais um ponto positivo.

Em relação à ergonomia, os dois modelos têm fácil acesso aos equipamentos e botões do painel, mas os comandos do Volks ficam um pouco mais à mão do motorista do que os do Siena. Este, por sua vez, leva um porta-luvas bem mais profundo que o do Voyage, no qual cabe o manual do carro e poucos outros objetos. Considerando os três itens citados, o VW leva nos detalhes. 

Mesmo sendo um automóvel mais novo, o Voyage também se deu melhor em relação ao preço de manutenção. Em nosso pacote de peças pesquisado, que conta com amortecedores dianteiros, jogo de pastilhas, retrovisor direito e pára-lama esquerdo, o preço estipulado pelas concessionárias da VW é de R$ 672, enquanto o da Fiat fica em R$ 720.

Em relação ao seguro, mais uma vitória para o sedã da Volks, que, principalmente por ainda ser um automóvel novo no mercado, teve a apólice cotada pelo preço de R$ 1 242 contra R$ 1 780 do concorrente. Ou seja, uma diferença considerável de R$ 538.

Para ambos os modelos, a garantia é de um ano. Já a revisão programada é a cada 15 000 km, tanto para o Siena quanto para o Voyage, que acaba vencendo aqui também.

Apesar de ter um nome conhecido, o Voyage ainda é jovem frente aos concorrentes. Por isso, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a Volks vendeu 2 282 unidades do modelo na primeira quinzena de dezembro. O número, apesar de menor que o do concorrente (2 655 vendas para o Fiat), está crescendo bastante nas últimas semanas. Para se ter uma idéia, apenas nos primeiros 15 dias deste mês a VW conseguiu comercializar um número próximo ao total de novembro (2 505).

Em relação ao preço, além de o Siena custar R$ 73 a menos que o Voyage, leva, ainda, um ponto muito importante: vem, de série, com direção hidráulica, o que não ocorre com o modelo da Volks, no qual você precisará desembolsar R$ 2 030 para ter a regalia (no Módulo Kit IV, junto com travamento das portas e vidros dianteiros elétricos). Ou seja, considerando o equipamento, o Voyage sairia por R$ 31 020, enquanto o Fiat custa R$ 28 917 com o mesmo nível de acessórios.

Os demais itens são bem parecidos entre as versões testadas, com importante ressalva para o ajuste de altura do banco do motorista, que está disponível de série para o modelo da Volks, mas não consta na lista do Siena nem como opcional. O Voyage leva, também, abertura interna do porta-malas (por meio de um botão no painel) e rodas de 14” de série, enquanto as do concorrente são de 13”.

Considerando a maior venda atual e os equipamentos que vêm de série pelo preço inicial – sem contar as opções de acessórios –, o Siena finalmente mostrou mais pontos positivos nesses quesitos.

Conclusão

O renovado Voyage 1.0 não teve dificuldade alguma para vencer a versão Fire do Siena neste comparativo. O modelo da Volks levou a melhor em cinco itens, deixando o sedã compacto da Fiat com apenas uma vitória na disputa.

Enquanto o Voyage dominou em Mecânica/desempenho/consumo, Dirigibilidade, Design, Manutenção/seguro/garantia e teve uma vitória um pouco mais apertada em Acabamento/espaço/ergonomia, o Siena conseguiu se destacar apenas no item Mercado/preço/equipamentos.

E é bem neste ponto que a Fiat aposta para tentar sustentar as vendas da versão Fire de seu modelo de entrada: maior número de equipamentos de série por um preço competitivo. Por outro lado, a Volkswagen conta com um automóvel totalmente renovado e baseado no sucesso de vendas Gol. Vitória tranqüila para o Voyage.
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