Jogo de carta marcadas, ditado por  tráfico de influências e relações nada republicanas com o poder e a política, as promoções dos policias militares de Mato Grosso, principalmente no caso dos oficiais superiores, há tempos deixou de ser caso de competência para dar lugar à troca de favores e apadrinhamentos políticos.

Há menos de um mês para próxima promoção da Polícia Militar – que acontece no dia 7 de setembro -, mesmo antes da Comissão de Promoção dos Oficiais (CPO) se reunir para a ‘escolha’ dos concorrentes as duas às vagas de major, o site Olhar Direto teve acesso com exclusividade à ‘lista’ dos já escolhidos para as vagas.

De acordo com uma fonte do site, os oficiais ‘apadrinhados’, que serão os promovidos no dia 7 de setembro a major são o capitão Rivadavia Borges Neto, supostamente por uma indicação do procurador geral de justiça, Marcelo Ferra, e a capitã Rubia Fernanda Diniz Robson Santos de Siqueira, irmã de criação e indicação do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rubens de Oliveira.

Os oficiais acima citados realmente foram ‘colocados’ na lista dos concorrentes à promoção publicada no boletim da PM, e que estará no próximo Diário Oficial do Estado.

“A CPO se reuniu apenas pra cumprir tabela mesmo. Todo mundo sabe na PM que a determinação é para que os dois sejam os promovidos. É desmotivador. Caso o capitão seja promovido ele passará na frente de pelo menos 50 oficiais mais antigos que ele, que deveriam ser promovidos antes. Ela também. Fatos como esse têm feito com que jovens oficiais, com grande potencial não queiram mais assumir o comando das companhias de policiamento, nem trabalhar em batalhões no serviço operacional. Agora eles só querem saber de ‘encostar’ em políticos, ou conseguir cargos administrativos no governo para fazer lobby, pois sabem que se não fizerem isso ficarão esquecidos, vendo os que passam o dia em gabinetes subindo de patente, enquanto correm risco nas ruas”, denunciou a fonte do Olhar Direto.

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Osmar Lino Farias, confirmou a indicação dos dois, que junto a mais quatro oficiais compõe a lista tríplice (três concorrem por cada vaga disponível), a ser enviada para o governador Silval Barbosa (PMDB) decida quem serão os promovidos.

Farias negou que a CPO tenha sofrido qualquer tipo de pressão política para que o nome desses oficiais fosse inserido na lista. Segundo ele, as duas vagas para o posto de major da próxima promoção, estão disponíveis apenas para o critério de merecimento. Com isso independente dos capitães indicados serem mais modernos que outros oficiais que não estão concorrendo, ao preencherem o quesito de interstício mínimo entre uma patente e outra, que é de três anos, já estão aptos a concorrer.

Geralmente, as promoções são realizadas obedecendo 2 critérios distintos, a antiguidade e o merecimento. Para cada 5 oficiais promovidos, apenas 1 consegue ascender por tempo de serviço prestado. Os outros 4 são escolhidos pelo governador do Estado que recebe, para cada posto, o nome de 3 oficiais encaminhados pela Comissão de Promoção de Oficiais da Polícia Militar (CPO).

A CPO, é presidida pelo comandante geral da PM e composta por mais 4 coronéis. O problema maior não está apenas na composição da lista de ‘candidatos’, mas sim no momento em que ela chega ao governador, já que o mesmo é bombardeado com ofícios e pedidos de políticos e autoridades para que seus ‘afilhados’ sejam promovidos.

Como prova de que essas indicações e o lobby realmente acabam prevalecendo na escolha dos promovidos, o Olhar Direto teve acesso um desses ofícios, referente à promoção passada, ocorrida no dia 21 de abril, onde o deputado José Riva (PP) pedia ao governador que promovesse à patente de tenente-coronel, o então major Alexandre Correa Mendes. O pedido foi acatado e o oficial foi promovido. (Veja o ofício)

“Como fazer para mudar isso? Como vamos convencer os oficiais a atuar nas ruas e no comando de suas tropas, que é função fim, se enquanto eles estão correndo atrás de bandido, o cara que ficou no ar condicionado o tempo todo, será promovido e ele não? O ‘sistema’ está acabando com o que tínhamos de mais glorioso no militarismo, que era o fato de os oficiais galgarem com muito esforço e determinação suas promoções”, finalizou a fonte do Olhar Direto.