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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Mais dois projetos vão garantir trabalho e renda a reeducandos de dois presídios em Cuiabá

Reeducandos da Penitenciária Central do Estado e do presídio feminino Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, terão, a partir de agora, uma nova oportunidade de capacitação e geração de renda. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da Fundação Nova Chance, assinou, nesta sexta-feira (19.06), contrato com as empresas Crines do Brasil e Multi Vidas para instalação de projetos de manufaturas de crinas e confecções variadas dentro das respectivas unidades prisionais. O objetivo é contribuir para a capacitação e trabalho remunerado de homens e mulheres em privação de liberdade.


Pentes de aço, barbantes, alicates, martelos de borracha são algumas das ferramentas de produção de 36 homens e mulheres do presídio feminino Ana Maria do Couto May e da Penitenciária Central do Estado para realizarem a seleção e classificação dos fios de crinas de bovinos e eqüinos, fazendo o processo de esticamento dos fios e preparação para exportação. “O material selecionados pelos reeducandos será a base para fabricação de vassouras, pincel de pintura, de barbear, entre outros objetos oriundos de pelagem”, explicou o diretor e presidente da empresa sul-mato-grossense, Carlos Garceti.

Segundo o empresário, o trabalho alcança 500 reeducandos de 15 penitenciárias em quatro estados da federação (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e agora Mato Grosso). “Estamos no mercado há mais de 12 anos, e iniciamos o projeto em Mato Grosso do Sul. A meta da parceria com a Fundação Nova Chance na atuação nas duas unidades (presídio feminino e PCE) é contribuir para a reintegração, disciplina e mão de obra qualificada dos reeducandos”, disse Garceti.

Inicialmente, 16 reeducandas do regime fechado da unidade feminina e 20 reeducandos do regime fechado da Penitenciária Central do Estado participarão dos projetos. A remuneração dos homens e mulheres será feita por produção. Para cada um quilo de material produzido a empresa Crines do Brasil pagará aos reeducandos o valor de R$ 1,62.

Os reeducandos que participarão dos projetos foram selecionados pelos diretores das unidades prisionais, assistentes sociais e psicólogos. A cada três dias trabalhados, eles terão um dia a menos de pena cumprir.

CONFECCIONANDO NOVA CHANCE

Outro projeto que será desenvolvido na unidade feminina é o Livre Modas e Artes da empresa Multi vidas Uniformes e Artefatos. O projeto consiste na fabricação e confecção de roupas, artefatos têxtil para uso doméstico (avental, guardanapo, etc) artigos de cama, mesa e banho, uniformes de empresas em geral e demais acessórios como bordados e crochês.

Segundo a proprietária da empresa, Lúcia Aparecida de Souza, todo material produzido pelas reeducandas será distribuído para Mato Grosso. “É uma oportunidade interessante para os reeducandos, pois gera emprego, renda e capacitação, para quando saírem conseguir entrar para o mercado de trabalho”, disse. “Eu indicaria a mão de obra para outros empresários, afinal, eles também são responsáveis pela ressocialização dos reeducandos”, completou Lúcia.

Tanto para a manufatura de crinas quanto para a fabricação das roupas e acessórios, os reeducandos contarão com instrutores das empresas que auxiliarão na produção. Todo material é fornecido pelas empresas. Pelo projeto Livre Modas e Artes, as reeducandas receberão por lote de peças produzidas.

Durante a assinatura do contrato, o secretário adjunto de Justiça, tenente-coronel Zaqueu Barbosa, parabenizou as empresas por acreditarem no trabalho das reeducandas. “A Secretaria acredita em vocês, na força de vontade e no potencial de vocês. Essa é uma chance para vocês reingressarem melhor à sociedade e com capacitação profissional”, falou o secretário às reeducandas.

Para a diretora do presídio feminino, Dinalva Oriede, as reeducandas são peças fundamentais na realização dos projetos. “Sei do potencial de cada uma de vocês. Eu e toda equipe da unidade prisional acreditamos em vocês, e o objetivo com esses projetos é que vocês tenham uma nova chance quando saírem daqui”, disse Dinalva às reeducandas.

Reclusa há oito meses por tráfico de drogas, Ana Paula Aparecida Egues, de 24 anos, não vê a hora de iniciar o trabalho. “É uma nova oportunidade que estou tendo. É a segunda vez que estou presa, e agora estou tendo a chance de mudar de vida”, falou a reeducanda, que participará do projeto de seleção e classificação dos fios de crinas de bovinos e eqüinos.

Para a reeducanda Claudinéia de Oliveira Bezerra, de 36 anos, presa há um ano e oito meses na unidade feminina também por tráfico de drogas, participar do projeto é uma forma de mudar de vida. “Vim parar aqui por falta de oportunidade. E dentro da unidade aprendi a ter respeito pelas pessoas, a ter dignidade, humanidade, caráter. Acredito que ao concluir minha pena sairei preparada para ser aceita pela sociedade e para ingressar no mercado de trabalho. Sairei de cabeça erguida”, comentou Claudinéia, que trabalhará no projeto Livre Modas e Artes, da empresa Multi Vidas.

Conforme o diretor da Penitenciária Central do Estado, José Carlos Freitas, essa é uma oportunidade única de remissão de pena para esse homens reclusos. “É a chance deles terem uma atividade profissional remunerada e desse trabalho servir como experiência para quando forem buscar emprego lá fora. Muitos quando terminam suas penas são rejeitados pela sociedade. E com a capacitação por meio de cursos a possibilidade de rejeição é menor”, acredita.

Segundo o presidente da empresa Manufaturas Crinas Brasil, industria e comercialização de exportação de sub-produtos proveninetes de bovinos, eqüinos e suínos, Carlos Garceti, ao terminarem o curso, os reeducandos receberão um certificado da empresa.

Para o reeducando Noel Simon Colontoni, preso há um ano por tráfico de drogas na Penitenciária Central do Estado, o trabalho é uma forma de ocupar o tempo. “É uma motivação, além de receber remuneração”, disse.


UNIDADE FEMININA

Confecção de artesanatos, tapetes e telas são projetos de ressocialização desenvolvidos no presídio feminino Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Pela boa estrutura física e trabalho de humanização desempenhado com as reeducandas, a unidade foi reconhecida pelo levantamento da CPI do Sistema Carcerário Nacional, da Câmara Federal, como o segundo melhor presídio feminino do Brasil, atrás apenas da Associação de Proteção ao Condenado (APAC) de Belo Horizonte.

Além dos projetos de atividades ocupacionais e de geração de renda, tanto a unidade feminina quanto a Penitenciária Central do Estado possuem salas de aula para alfabetização, Educação de Jovens e Adultos (EJA), ensino fundamental e médio, proporcionando aos reeducandos as condições mínimas necessárias para o reingresso social.
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