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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Requisito básico

Pouca força política impede criação de universidade em Rondonópolis

A comissão para criação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), acredita que a negativa do Ministério da Educação (MEC) em aprovar a criação da UFR é meramente política.

A comissão para criação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), formada por oito professores do campus de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), acredita que a negativa do Ministério da Educação (MEC) em aprovar a criação da UFR é meramente política.


O professor Paulo Issac, membro da comissão, explicou que no parecer o MEC aponta a falta de recursos financeiros para a criação de novas universidades, como um dos aspectos da recusa. Além disso, o documento alega que o ministério comprometeu-se a cumprir um decreto presidencial que trata do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e não de criação de novas universidades. O documento ainda diz que o MEC “não proporciona espaço econômico ou político para a obtenção de novos recursos econômicos e de pessoal que permitam viabilizar a Universidade Federal de Rondonópolis”.

Mas segundo o professor Paulo Isaac, a justificativa não condiz com a prática. Isso porque, explica ele, o MEC aprovou em 19 de junho deste ano a criação da Universidade Federal da Fronteira Sul, com sede em Chapecó (SC) e campi em cidades no Norte do Rio Grande do Sul e Sudoeste do Paraná. Conforme Paulo, também está tramitando no Ministério a criação da Universidade Federal de Integração da Amazônia. As duas instituições não contam com infra-estrutura física e nem de recursos humanos. Na contramão da retenção econômica, as duas novas instituições terão amplo aporte financeiro para a estruturação que precisam para funcionar.

Dos cinco requisitos necessários para a criação de uma universidade, apontados pelo MEC no documento, o campus local já atende quatro, segundo o professor. A primeira exigência é que a universidade ofereça pelo menos 16 cursos de graduação ou pós-graduação, em diferentes áreas do saber. O campus de Rondonópolis conta com 16 cursos. São eles: Pedagogia, História, Geografia, Biblioteconomia, Letras - Língua Portuguesa, Letras - Língua Inglesa, Ciências Contábeis, Psicologia, Matemática, Informática, Biologia, Zootecnia, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Mecânica, Ciências Econômicas e Enfermagem. Neste mesmo item, o MEC exige que a universidade também tenha três cursos de mestrado e um de doutorado. O campus de Rondonópolis ainda não possui nenhum, mas tem encaminhamentos feitos para a criação, ainda neste ano, do mestrado em Educação, e tem projetos para implantar os demais até 2012, conforme apresentado no Plano de Desenvolvimento Institucional enviado ao MEC em 2005.

No segundo item, o MEC pede que sejam desenvolvidos programas institucionais de extensão nos campos do saber abrangidos pela instituição, o que já é feito em Rondonópolis. Um terço do corpo docente em regime de tempo integral ou dedicação exclusiva também é exigido, mas o corpo docente do campus local é composto por dois terços de doutores e mestres com dedicação exclusiva. Metade do corpo docente com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado, sendo pelo menos metade destes doutores, é outro ponto exigido e que o campus de Rondonópolis atende. E por último, o MEC exige a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, política já praticada pelo campus, que pode ser comprovada pelos projetos de pesquisa e extensão registrados no MEC.

Devido aos fatos apresentados, a comissão para a criação da UFR acredita que a negativa do MEC sobre a criação da universidade, seja unicamente política. Na tentativa de reverter a situação, os professores membros farão uma reunião nesta segunda-feira (29) para definir novos encaminhamentos. A idéia, segundo Paulo Isaac, é tentar marcar uma audiência com o governador Blairo Maggi, para apresentar uma atualização do projeto de criação da UFR e pedir apoio perante o ministério. “Vamos levar o projeto reestruturado para o governador. É preciso que os políticos assumam isso de verdade, com mais força, com mais empenho. Nós vamos para a luta, vamos cobrar do MEC”, enfatizou ele.

Luta não isolada

A favor da emancipação do campus de Rondonópolis da UFMT, o estudante do terceiro ano de Engenharia Agrícola e representante discente do Conselho da Congregação do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas (ICAT), Felipe Barbosa Teixeira, acredita que o assunto deve ser melhor discutido. Ele defende uma maior participação da comunidade acadêmica como um todo e enfatiza que o projeto não envolveu os alunos. “A razão da Universidade Federal de Rondonópolis existir é em virtude do estudante e do bem-estar dos professores e técnicos para que possam formar profissionais capacitados. E o projeto não envolveu nós, os alunos; não foi discutido num congresso universitário. E essa não é uma luta isolada”, defendeu o estudante.

Felipe exemplifica ainda algumas dificuldades de infra-estrutura do campus local, que acredita ser um dos fatores para a negativa do MEC. Ele fala que a universidade necessita de mais professores e que para um curso de mestrado ser implantado, é necessário de oito a 15 professores-doutores na área do curso. Ele acredita que não só uma melhor aplicação de recursos é necessária, mas também que a discussão tenha a participação de todos. “Isso tudo é reflexo de uma falta de discussão aqui dentro. Não há democracia. Precisamos de uma visão mais ampla, mais humanista, mais social, e não somente técnica. Aí sim veremos resultados não só para a emancipação do campus, mas para outras questões que enfrentamos aqui”, completa o aluno.
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