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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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POLÍTICA COM TEMPERO

2010: O jogo começa a ser jogado

Foto: Arquivo pessoal

2010: O jogo começa a ser jogado
Foi, realmente, uma grata surpresa a repercussão do primeiro “Política com tempero”. Jamais imaginei que receberia tantas manifestações, inclusive redescobrindo velhos amigos de quem há muito não tinha notícias. Já solicitei à administração do Olhar Direto os emails enviados para que eu possa respondê-los pessoalmente.


Disse aqui, na semana passada, que uma das novas alegrias que tive oportunidade de descobrir recentemente foi a culinária. Ela oportuniza, através da harmonização de temperos e ingredientes, resultados fantásticos e, às vezes, desastrosos.

Isso vale também para a política. Quem não se lembra da tentativa de harmonização tentada entre Júlio Campos e Bezerra, adversários históricos que se aliaram e tiveram uma inesquecível e fragorosa derrota na eleição de 1998. E como esse, outros exemplos existem para alegria dos historiadores que muito têm a contar na formação sócio, política e cultural, com relação à história política dos estados. Estamos aqui vivendo o início de um novo processo eleitoral: 2010 já está no segundo turno com as candidaturas Serra e Dilma. Ou alguém acredita que se possa vislumbrar algo diferente disso?

E quais as conseqüências desse processo? Aqui no nosso mato Grosso, com a desistência do governador Blairo Maggi de passar novamente pelo crivo das urnas, o que na verdade seria o carimbo efetivo da aprovação ou não de seu governo, tem-se a impressão de que a grande revolução por ele prometida ainda levará um bom tempo para acontecer.

Pagot, seu fiel escudeiro, e principal opção imaginada,optou, a pedido do presidente Lula e, com certeza, com a bênção de Maggi, mostrar seu lado “fazedor” na intrincada e paquidérmica burocracia da máquina do DNIT, adiando o sonho de candidatar-se ao governo.

Aliás, gostando-se dele ou não, Mato Grosso já tem resultados concretos de sua presença à frente do órgão: nunca se viu nesse estado um volume de obras rodoviárias como hoje. Só a BR-163 e as ordens de serviço para a BR-158, farão com que em breve o mapa do Brasil seja virado de ponta cabeça e o nosso desenvolvimento seja a grande alavanca para encurtar em muitos anos o ingresso real do Brasil como um dos grandes da economia mundial.

E como se arma o jogo, então? A tradição política de Mato Grosso, sempre elegeu com antecipação seus governadores, a partir da eleição de Júlio contra Padre Pombo. Todos sabiam que após Júlio, Bezerra seria governador, bem como sabiam que o mesmo aconteceria com Jayme Campos, na sucessão de Bezerra, e Dante de Oliveira, na sucessão de Jayme. E foi aqui que entrou em cena o advento da reeleição. Dante, que todos imaginavam seria derrotado por Júlio, virou o jogo em cima da aliança já acima citada do PFL com o PMDB.

Reeleito Dante, imaginava-se que tinha todas as chances de fazer seu sucessor, além de uma retumbante vitória ao Senado da República. E deu no que deu: Dante inacreditavelmente derrotado; Blairo governador; Serys eleita a primeira senadora mato-grossense. Há os que até hoje desenvolvam as mais absurdas teorias para explicar o desastre do que foi a eleição de 2002.

Nada de muito complicado, apenas a arrogância de Dante que se achava imbatível pela aprovação que tinha de seu governo e, como a duvidar da inteligência do eleitor, mais uma vez uma aliança inimaginável se fazia, agora com personagens diferentes, mas também inconciliáveis: o já PSDB de Dante com o velho PMDB de Bezerra.

E mais uma vez os temperos que não se harmonizavam jamais. E foi assim que Antero Paes de Barros “pagou o pato”, vendo escorrer, por entre os dedos, a chance de governar Mato Grosso. Perdeu para alguém que preconizava, entre outras coisas, que transformaria Mato Grosso numa grande empresa, enterrando velhos hábitos políticos e fazendo transformações profundas, principalmente na carga tributária. Pura conversa.

No meio de todo esse processo, foram muitos que olharam com desdém a um moço que começava sua carreira, em 1982, elegendo-se prefeito de Juara: José Riva.
Quando chegou à Assembléia em 1995, depois de uma rápida passagem como suplente no mandato anterior, ninguém seria capaz de imaginar no que se transformaria aquele que é hoje, mesmo contra a vontade de muitos, o homem que detém o maior poder político no estado.

Nada se faz sem seu aval, sem a sua concordância. Além de comandar de fato e de direito a Assembléia Legislativa, mantém forte poder de fogo em todos os demais órgãos da administração pública.

Com uma capacidade de trabalho inigualável, ninguém, ninguém mesmo, é capaz de pensar e trabalhar política 24 horas por dia como ele. Com um poder de articulação sonhado por muitos e alcançado por poucos, Riva é, hoje, salvo um acidente de percurso, o homem por cujas mãos passarão não só a sucessão estadual, bem como o comando do legislativo mato-grossense nos próximos anos.

Vale lembrar de que quando assumiu a primeira secretaria da Assembléia em 1995, de lá pra cá jamais deixou de estar nela ou na presidência da casa.

Riva vem dizendo há anos que trabalha na construção de um projeto de senador para 2010. Já era esse seu projeto em 2002. Com a aliança do Dante, Antero e Bezerra, restou a Riva indicar Janete, sua mulher, a vice de Antero, “engolindo”, na última hora a aliança com o PMDB com Bezerra candidato a senador na segunda vaga a ele reservada.

Agora, quando começam as movimentações para 2010, mais uma vez Riva volta com essa conversinha fiada, como diria Roberto França, de quer ser senador. Quer nada! E não há nenhuma razão pra isso.

Por que deixar o poder político exercido em toda a sua plenitude nos limites do estado de Mato Grosso, por um cargo onde seria mais um entre outros oitenta e sem qualquer poder de fogo, perdendo paulatinamente toda a sua influência no estado ?. Riva é um homem de Mato Grosso. Fora daqui seria peixe fora d’água e sabe-se lá quanto tempo levaria pra conseguir em Brasília o poder que exerce no estado? E, pior, será que conseguiria?

O PP, partido que hoje comanda, com apoio de outros nomes de peso da política do estado sabe, com a devida antecedência, que Riva será novamente o presidente da Assembléia Legislativa, por mais dois anos, a partir de 2011. E depois primeiro secretário e depois presidente e assim sucessivamente, se os ventos não mudarem.

Mas parece que eles estão mudando. Sente-se no ar o cheiro de uma mudança quase inesperada. Começam a soprar por todos os cantos do estado e com bastante consistência o projeto Riva governador 2010. Seria o único posto capaz de torná-lo ainda mais forte do que é, sem prejuízo de seu comando político.

Senão vejamos: quem mais do que ele conhece a fundo os quatro cantos do estado por onde, pessoalmente, já esteve diversas vezes, construindo uma capilaridade sem paralelo com qualquer outro possível concorrente?

Quem que já andou pelos mais longínquos cantos deste Mato Grosso e não viu um mourão de porteira ou um boné com o nome Riva com a estrela que se lhe associa ao nome? Quem mais do que ele investiu ao longo dos anos no marketing pessoal, patrocinando desde festas de rodeios, concursos de miss, festas de igreja e torneios de futebol?

Quem mais do que ele participou desde eleições de presidentes de bairros, condomínios, além de extensa participação na vida cultural do estado? Ninguém!
Com uma musculatura invejável na construção de uma chapa para deputado federal e estadual, com possibilidade de oferecer as vagas de senado para a formação de uma grande coligação, José Riva hoje é, realmente, o cara que pode dizer com todas as letras que não aceita prato feito. E à mesa de negociação da qual ele não fizer parte estará, naturalmente, fadada ao fracasso.

PSDB e DEM já começam a se desentender. Os deputados estaduais do DEM que compõem a base política do Palácio Paiaguás não estão dispostos a subir em encontros regionais cuja tônica é o ataque à forma de administrar de Blairo Maggi. E, pior, terem de ouvir calados. Aí o caldo começa a entornar. E isso é política. Política que terá de ser resolvida nos meses pela frente quando as coligações serão consolidadas. Até lá, nada de perder as benesses do poder. É ficar calado, quieto para aproveitar ao máximo o que o governo possa dar.

E assim Riva, junto com outro mestre da política, Pedro Henry, vai construindo, hoje, o projeto de maior musculatura pra 2010. Com Blairo fora da parada, sonhando como antes Dante um dia sonhou em ser vice-presidente da República e querendo a qualquer preço enterrar a motosserra que marcou o seu governo, mas que será a grande marca da sua passagem pelo comando de Mato Grosso, apesar das conquistas importantes que tenha implementado em sua gestão.

Silval Barbosa, o nome que resta a Blairo para sucedê-lo é, sem dúvida, uma grande figura. Foi o vice “perfeito”. Não criou caso, conquistou a confiança do titular nas várias vezes que o substituiu, mas tem um grande problema na disputa surda pelo comando do PMDB: o cacique Carlos Bezerra que até agora não deu a menor sinalização, não abençoou a candidatura de Silval. Afinal Silval não é escolha sua. É de Blairo. E isso enfraquece seu velho comando partidário.

Assim, o momento exige que os alimentos sejam ‘marinados’ por mais tempo. Os temperos devem ser escolhidos cuidadosamente e um cuidado especial deve ter a atenção especial do provador. Caso contrário, não tenho dúvida nenhuma: Mato Grosso coroará inapelavelmente Riva governador em 2010.
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