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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Saiba mais sobre os acordos assinados entre EUA e Rússia

No início de uma visita à Rússia para reparar relações estremecidas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder russo, Dmitri Medvedev, concordaram em estabelecer uma meta para redução de armas nucleares e firmaram um acordo que permitirá a aviões militares norte-americanos sobrevoarem o território da Rússia.



Em uma cordial entrevista à imprensa num amplo e dourado salão no Kremlin, os dois líderes falaram de sua decisão de deixar as divergências para trás e se concentrarem na cooperação para resolver problemas mundiais como a proliferação de armas nucleares.

Ambos mencionaram ainda os temas que ainda os dividem: a oposição da Rússia aos planos dos EUA de construir um escudo de defesa antimísseis na Europa Central e a insistência norte-americana na integridade territorial da Geórgia. Mas os dois destacaram em público os pontos positivos.

Redução de armas

Obama e Medvedev fizeram um acordo sobre os parâmetros para a redução das ogivas nucleares dos dois países para um número entre 1.500 e 1.675, sete anos depois do Tratado Estratégico de Redução de Armas (Start, na sigla em inglês), acordo anterior que expira em 5 de dezembro.

O novo pacto terá a duração de dez anos. Os dois países já estão comprometidos em reduzir seus arsenais para um número entre 1.700 a 2.200 ogivas, conforme estipula o Tratado de Moscou (Sort, na sigla em inglês), em vigor até 2012. Mas o Sort não inclui o detalhamento de procedimentos de verificação, como já faz o Start. O acordo assinado nesta segunda-feira terá esse detalhamento, segundo informou a Casa Branca.

Afeganistão

A Rússia concordou em permitir que aviões dos EUA cruzem seu território transportando armas, equipamentos e pessoal militar com destino ao Afeganistão. Até agora, o Pentágono só podia levar suprimentos não letais através do território russo, mas outros países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Alemanha, França e Espanha possuem acordos mais liberais.

O novo acordo traz alívio aos EUA que sofre ataques cada vez mais frequentes na rota atual, que passa pelo Paquistão. O acordo é ainda um complemento ao acordo feito no mês passado com o Quirguistão para prorrogar o uso da base aérea dos EUA nesse país da Ásia Central, acordo criticado como traição pelo Kremlin.

A Casa Branca informou que o acordo com a Rússia permitirá aos EUA diversificar suas rotas de transporte, levar mais rapidamente tropas e suprimentos ao Afeganistão e realizar até 4.500 voos por ano sobre o território russo.

Autoridades dos EUA disseram que isso significará uma economia de até US$ 133 milhões por ano em custos com trânsito aéreo.

Comissão governamental

Os dois líderes concordaram em reativar uma comissão conjunta estabelecida em 1990, mas que deixou de ter importância no primeiro mandato do presidente norte-americano George W. Bush. Era conhecida como Comissão Gore-Chernomyrdin, em uma referência à participação do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e do ex-primeiro-ministro russo Viktor Chernomyrdin.

A nova comissão tratará de energia, controle de armas, energia nuclear, combate ao terrorismo e tráfico de drogas, esforços para promover os negócios e vínculos científicos. Será presidida por Obama e Medvedev, tendo como coordenadores a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, e o chanceler russo, Sergei Lavrov.

Defesa antimísseis

Os líderes minimizaram, mas não esconderam, suas divergências no encontro no Kremlin, dizendo terem concordado em continuar a trabalhar em conjunto para avaliar a ameaça dos mísseis balísticos para o mundo.

Medvedev observou que Obama ouviu as objeções russas sobre a defesa antimísseis. Ele usou termos marcadamente mais suaves ao falar do assunto do que as autoridades russas vinham adotando até então. "Ninguém está dizendo que a defesa antimísseis é nociva por si só ou (...) que represente uma ameaça para alguém", afirmou Medvedev na entrevista conjunta à imprensa, ressaltando, contudo, que é preciso mais negociação sobre o tema.

"Creio que com o tempo vamos terminar vendo que as posições dos EUA e da Rússia nesses temas podem ser conciliadas e que na realidade temos um interesse mútuo em proteger nossas populações", disse Obama sobre a defesa antimísseis, que, reiterou, não visaria a Rússia e sim uma ameaça iraniana.

Cooperação militar

Os chefes militares assinaram um plano de trabalho e um esboço para a retomada da cooperação militar, capaz de garantir a realização de atividades bilaterais suspensas depois da guerra na Geórgia, em agosto de 2008, quando a Rússia interveio contra a invasão georgiana a duas repúblicas separatistas, Ossétia do Sul e Abkházia.

Eles concordaram em avaliar a realização de exercícios conjuntos sobre como lidar com um sequestro de avião no espaço aéreo internacional e também um exercício naval militar.

Os dois países anunciaram ainda que vão reavivar uma comissão conjunta criada em 1992, e paralisada havia cinco anos, para ajudar a localizar militares desaparecidos na Segunda Guerra Mundial e nas guerras do Vietnã e do Afeganistão.

Cooperação nuclear

As duas partes esperam que seu novo acordo sobre armas nucleares possa funcionar como um trampolim para fortalecer suas posições na grande revisão que será feita no ano que vem de um antigo acordo internacional de não proliferação de armas.

Embora a Rússia e os EUA controlem 95% das armas nucleares do mundo, ambos querem impedir maior disseminação das armas nucleares além dos países que já são potências nucleares declaradas, para nações como Coreia do Norte e Irã ou grupos que não formam um Estado.

O apoio de Obama para a redução das armas nucleares já ajudou a conquistar o apoio de 189 signatários do Tratado de Não-Proliferação, de 1970, com o objetivo de buscar um entendimento sobre uma agenda para uma grande revisão em 2010.

"O presidente reiterou seu compromisso em fortalecer a cooperação para coibir a proliferação nuclear e impedir atos de terrorismo nuclear", assinala um comunicado da Casa Branca resumindo os principais pontos do acordo com a Rússia.

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