pela votação expressiva da presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, a Câmara de Vereadores de Maceió se destaca pela representação feminina.
A capital alagoana, além de ter 47,9% das mulheres chefiando famílias, maior índice do país, segundo o Censo 2000, foi a que elegeu, proporcionalmente, o maior número de vereadoras no Brasil.
Das 21 cadeiras, sete são ocupadas por legisladoras, o que dá uma média de 33,3% - quase três vezes mais que a média brasileira, que é de 12,5%.
Tantas vereadoras levaram o Legislativo de Maceió a ser chamado de "A Casa das Sete Mulheres" e as mudanças causadas pela ocupação feminina já são sentidas.
A força das mulheres está demonstrada na composição da Mesa Diretora, onde elas ocupam 50% dos cargos, algo inédito. Dos seis eleitos, três são do sexo feminino: a vice-presidente, Fátima Santiago (PP); a primeira-secretária, Silvania Barbosa (PMN); e a terceira secretária, Tereza Nelma (PSB).
A proporção feminina levou o tema "discriminação" à pauta da Casa. A Câmara vai realizar uma semana exclusiva de discussões sobre o assunto a partir desta segunda-feira (9).
O evento, que está prevista no regimento da Casa, mas sempre se resumiu a uma única sessão especial, terá a participação da senadora Patrícia Saboya (CE), que vai ministrar a palestra "Inclusão e exclusão das mulheres no Nordeste", e da deputada federal Luiza Erundina (SP), que vai falar sobre "A Ação política das Mulheres no Século XXI". As duas serão homenageadas com a Comenda Selma Bandeira.
Votação expressiva
Ex-deputada estadual e ex-senadora, Heloísa Helena teve 29 mil votos na eleição de outubro de 2008 e sua popularidade fez com que uma colega de partido, Ricardo Barbosa, também fosse eleito vereador. Com 7,4% dos votos válidos, ela teve a maior votação proporcional entre todos os vereadores País.
Sua história na política foi marcada pelo forte discurso pela moralidade, mas neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, ela foi mais sutil na hora de falar sobre feminismo.
Durante uma caminhada na orla de Maceió, Heloísa distribuiu panfletos e evitou falar de política.
"Viva as mulheres lutadoras do povo, que juntam seus próprios pedaços todos os dias e todas as noites, com toda a ternura, quando a sociedade e suas hierarquias perversas insistem em quebrá-las em muitos pedacinhos... E elas continuam repetindo para quem quiser ouvir, e para quem não quiser ouvir também. Viva a maravilhosa experiência de ser mulher", dizia o folheto.
Ao comentar a expressiva participação feminina na Câmara de Maceió, Heloísa Helena afirmou que o Legislativo é um lugar onde todos os parlamentares devem defender "a ética, a cidadania, a justiça social, a igualdade de direitos, a cidade e o povo de Maceió, para homens e mulheres sem distinção".
Segundo ela, mais importante do que ser a "Casa das sete mulheres", são valores éticos dos vereadores eleitos. "Cada um tem que ter o compromisso público de fazer política com decência, transparência e legalidade. Esse é o princípio que deve nortear o trabalho de todos", ressaltou.
Deficientes
A Câmara de Maceió também ganhou destaque após o ingresso inédito de duas deficientes físicas. Rosinha da Adefal (PT do B) e Thaíse Guedes (PSV) chegaram ao Legislativo após trabalhos em prol dos deficientes em Alagoas.
A eleição delas mudou a rotina da Casa. O plenário da Câmara de Vereadores, localizada no centro da cidade, fica no segundo andar e, sem elevador, é inacessível para as duas.
Com isso, a sede do Legislativo precisou ser transferida para a Escola de Enfermagem Valéria Hora até que o problema seja resolvido. Uma licitação para reforma já está sendo realizada, mas o edital ainda não foi lançado.