O investimento anunciado nesta quarta-feira pela General Motors no Brasil mostra que as empresas brasileiras estão melhores que suas matrizes nos países desenvolvidos, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante cerimônia realizada em Brasília para anunciar os investimentos, o presidente Lula disse também que os líderes dos países desenvolvidos estão "boquiabertos" com os resultados da indústria automobilística brasileira, que voltou a bater recordes. Lula esteve reunido com os presidentes e primeiros-ministros dos países desenvolvidos na semana passada, no encontro do G8, na Itália.

"É incomensurável o orgulho de ser brasileiro em um momento em que a gente percebe que as nossas empresas brasileiras estão melhores que suas matrizes nos países desenvolvidos", afirmou.

Precipitação

O presidente disse que o investimento da GM de R$ 2 bilhões, incluindo a ampliação da fábrica em Gravataí (RS), mostra uma retomada da confiança da montadora no país. O dinheiro virá da própria GM do Brasil (50%) e também de bancos estatais (50%), sem participação da matriz americana, que acabou de sair de um processo de concordata.

Lula criticou, no entanto, o que chamou de precipitação do setor, que realizou um grande número de demissões no fim de 2008 por causa da crise.

"A gente poderia estar melhor se não fosse a precipitação do setor no fim do ano, possivelmente influenciado pelo pânico no final de novembro e dezembro", afirmou Lula.

O presidente lembrou que o setor bateu recorde de vendas no primeiro semestre deste ano e que algumas montadoras já estão fazendo horas extras, incluindo a GM. Para Lula, esse é outro sinal de que houve precipitação em relação às demissões.

"Quando a empresa anuncia uma crise, manda trabalhador embora e três meses depois começa a chamar hora extra, significa que ela está acreditando no futuro e está percebendo que foi precipitada no mês de dezembro", disse Lula, provocando risadas da platéia de executivos da montadora e políticos.

Paixão e independência

O presidente citou dois casos em que as desonerações promovidas pelo governo ajudaram a aumentar o consumo no país, veículos e máquinas de lavar, e aproveitou para fazer uma brincadeira.

"O carro continua sendo, depois da mulher ou, depois do homem, a paixão do ser humano. Quem já tem quer trocar todo ano. Quem não tem quer ter o primeiro. Às vezes o cidadão pensa em ter o primeiro carro antes de ter a primeira mulher", afirmou.

Lula destacou também o crescimento de 30% nas vendas de máquinas de lavar após as desonerações promovidas pelo governo.

"A máquina de lavar cresceu as vendas em 30%. Porque cresceu? Porque a máquina é um dos itens de independência da mulher. É um dos jeitos que se tem de fazer os homens também lavarem roupa. É pegar a roupa dele e jogar", afirmou.