A prática da Integração Lavoura-Pecuária-Silvicultura - ILPS, é a maneira mais eficaz de enfrentar o grande desafio mundial de aumentar a produção de matérias- primas, alimentos, fibras e agroenergia, sem ampliar o desmatamento, defende o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT).

A ILPS consiste em implantar em uma mesma área, de forma consorciada, rotacionada ou sequencial, diferentes sistemas produtivos. Essa prática não é nova, observa o deputado, a diferença é que, atualmente, isso vem sendo feito com a adoção de técnicas aplicáveis às mais diversas situações socioeconômicas e ambientais, o que possibilita a consecução de objetivos pré-estabelecidos.

Segundo estudo técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os principais objetivos da ILPS são: recuperar ou reformar pastagens degradadas; melhorar as condições físicas e biológicas do solo com pastagem em área de lavoura; produzir pasto, forragem e grãos para alimentação animal na estação seca; reduzir os custos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária; e diversificar e estabilizar a renda do produtor.

Conforme o deputado, a prática vem se mostrando uma alternativa eficaz na resolução do dilema do desmatamento, porque aumenta a capacidade produtiva das áreas de cultivo e, sobretudo, possibilita a recuperação de áreas degradadas.

O Brasil possui cerca de 220 milhões de hectares de pastagens, e a metade dessa área constitui-se de pastagens cultivadas. Estimativas da Embrapa apontam que cerca de 70% dessas apresentam algum grau de degradação, com baixa capacidade produtiva de forragens e, consequentemente, baixa produção de carne e/ou leite e elevado índice de erosão, de desgaste, com reflexos negativos na economia e no meio ambiente.

“Recuperar essas áreas é, seguramente, a melhor forma de aumentar a produção agropecuária no País, sem a necessidade de expandir a fronteira agrícola”, defende Bezerra.

Em Mato Grosso, conforme Bezerra, os resultados da ILPS já são visíveis. “São citadas experiências de produtores que atestam os ganhos financeiros e a recuperação das áreas degradadas, ou seja, a viabilidade e a sustentabilidade dessa forma de exploração da terra”.

As experiências em Mato Grosso e em outras partes do País, segundo Bezerra, evidenciam que a ILPS pode reduzir problemas decorrentes das práticas agrícolas tradicionais, como pragas, doenças e plantas daninhas.

Sabe-se, por exemplo, que as gramíneas forrageiras são altamente resistentes à maioria das pragas e doenças e contribuem para romper o ciclo dos agentes bióticos nocivos às plantas cultivadas. Introduzi-las nessas áreas pode assegurar maior produtividade, com redução do uso de defensivos agrícolas, ou seja, pode gerar aumento da receita e melhoria da qualidade de vida no campo.

Ainda, acrescenta o deputado Bezerra, ILPS, aliada a práticas conservacionistas como o Plantio Direto (PD), é, seguramente, uma alternativa econômica sustentável, na medida em que otimiza o uso do solo, aumenta a produção em áreas usualmente de pastagens e, ao mesmo tempo, incrementa a renovação do solo e o aproveitamento da adubação residual da lavoura de grãos.

“Estou absolutamente convicto de que esse é o caminho. Por essa razão, fiz questão de levar à tribuna da Câmara essas informações e essa reflexão. Pensemos nisso e mudemos rapidamente nossas práticas, para fazer frente ao desafio que se coloca e para protagonizar as mudanças em âmbito mundial”, afirmou.