Alunos da Escola Estadual Heliodoro Capistrano, do bairro Parque Cuiabá, estão mais motivados com a colocação alcançada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para atingir esse patamar, professores não se limitam a ensinar apenas em sala de aula e os estudantes se esforçam sem perder oportunidades. 

A unidade de ensino alcançou 502 pontos na avaliação e ficou com a melhor classificação entre as escolas da rede estadual de ensino em Cuiabá. Ao todo 56 alunos fizeram a prova do Enem. No ano anterior, a média da escola foi 469. Alguns deles foram aprovados em universidades públicas e particulares para os cursos de Psicologia, Matemática e Engenharia da Computação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Psicologia, Direito e Ciências Contábeis (Unic) e Gestão Pública na Unopar. 

O desafio não para. Novas turmas se preparam para encarar o desafio de melhorar esses dados e conquistar o sonho do curso superior. Reinaldo Anselmo dos Santos, 18, é um deles. Está entre os se destacam este ano. Filho de uma família de seis irmãos e pais analfabetos, ele traçou como objetivo passar para o curso de Biologia ou Medicina Veterinária. Para isso, se prepara para encarar a prova do Enem. 

“Todos os meus irmãos cursaram o Ensino Fundamental, mas eu quero ir além. Estou na escola (cursa o 3º ano) de manhã, trabalho a tarde e à noite faço as atividades escolares. Ainda aproveito as aulas com os professores que ficam um pouco até mais tarde no final do horário”, explicou o estudante. 

Na turma dele, 24 dos 31 alunos estão na média ou acima dela no quesito aprendizado. Com esses dados, a escola tem marcado presença nas Olimpíadas de Matemática. Nos anos anteriores os participantes eram mais do Ensino Fundamental. Na edição de 2015 participaram também do nível Médio. Todos aguardam ansiosos o resultado. 

Para o coordenador pedagógico do período matutino, Ednilson Luiz Gonçalves, o colégio prima pela qualidade, mas trata-se de um trabalho realizado em longo prazo. “Os resultados positivos são desdobramentos da dedicação de toda a equipe. No caso de alunos novos ou que não acompanham o ritmo dos demais, é feito um acompanhamento de reforço nas disciplinas e os professores se empenham nessa tarefa e eles não trabalham exclusivamente aqui. Tem professor que dá aula em três escolas”, explicou. 

Os pais também são responsabilizados em relação a educação dos respectivos filhos. Este ano, por exemplo, houve um aumento na participação dos mesmos na vida escolar dos estudantes, pontuando 40% do total, sendo que no ano passado foram apenas 33% dos pais. 

Os estudantes reconhecem o trabalho. “Eu me esforço porque tenho objetivos, mas os professores se dedicam bastante e tiram nossas dúvidas. Então é um conjunto de iniciativas que dão certo, os resultados comprovam”, declarou Reinaldo. 
Na unidade são disponibilizadas além de aulas de reforço o projeto Prinart, que envolve música, artes plásticas (pintura, desenho, escultura) e arte comunicação. Também há laboratório de informática e uma vez por semana, rádio e jornal. 

Os alunos de música que se destacam se apresentam junto com a banda do colégio. “É uma forma de estimulá-los pelo compromisso”, disse Roberto Luís Sól dos Santos, professor de música. 

Desafios 

Apesar dos bons índices, a escola enfrenta dificuldades para atender a demanda da região. Na unidade estão matriculados cerca de 1.300 alunos. Das 11 turmas de 1º ano do Ensino Médio, cinco são de alunos da própria escola (vindas do Ensino Fundamental), as outras seis são de estudantes novos. 

De acordo com o coordenador pedagógico, por falta de salas de aula, muitos pais não conseguiram matricular os alunos. Problema que será sanado a partir do próximo ano com as novas salas que estão sendo construídas pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc). 

Eles também reivindicam melhorias no ginásio de esportes, ampliação da biblioteca e novos laboratórios de Ciências da Natureza. Segundo a Superintendência de Monitoramento e Estrutura Escolar da Seduc, este ano estão foram destinados mais de R$ 360 mil para a escola, que serão aplicados na ampliação de salas, rampa e escada de acesso e instalações elétricas. 

Em 2008 a escola foi contemplada com a ampliação do refeitório e da parte administrativa. Mas, apesar de estarem em uso, tais obras não foram recebidas pela escola porque apresentaram irregularidades e a empresa responsável não sanou os problemas.