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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Técnica contra malária usa mosquito e parasita vivos

Um experimento ousado conseguiu imunizar pessoas contra a malária usando uma dose controlada do mesmo fator que provoca a doença: picadas de mosquitos contaminados com o parasita Plasmodium. Recebendo quantidades ínfimas do patógeno no sangue e sendo tratados com a droga antimalária padrão, voluntários do teste desenvolveram resistência a futuros ataques, como se tivessem tomado vacina.


O sucesso do experimento, realizado pela Universidade Radboud, de Nijmegen (Holanda), foi revelado em um estudo publicado ontem na revista "New England Journal of Medicine". Após o teste, voluntários recrutados na própria Holanda submetidos ao experimento adquiriram imunidade, enquanto outros, que foram examinados apenas para efeito de comparação, continuaram vulneráveis à doença.

Jacquelyn Martin/AP

Mosquito do gênero Anopheles pica dedo de voluntário; técnica contra malária utiliza mosquito e parasitas vivos picando voluntários

Por enquanto, dizem os cientistas, o estudo deve ser considerado apenas uma prova de princípio, pois o uso dessa estratégia de imunização não é viável em grande escala. O resultado, porém, pode ajudar cientistas a desenvolverem uma técnica mais robusta para obter o mesmo efeito.

A ideia para o estudo surgiu do fato já conhecido de que ao contrair malária repetidas vezes as pessoas desenvolvem resistência ao plasmódio. Recebendo o parasita ao mesmo tempo em que eram medicados com a droga cloroquina, porém, voluntários puderam se beneficiar da infecção sem desenvolver a doença propriamente dita. O truque foi aumentar aos poucos a dose de picadas.

Voluntariado doentio

O teste na Holanda foi feito com dez voluntários. Outros cinco serviram como comparação. Todos receberam cloroquina por três meses e foram expostos, uma vez por mês, a uma dúzia de mosquitos que estavam infectados. Os cinco do grupo de controle recebiam picadas de insetos "limpos".

Depois, todos os 15 pararam de tomar cloroquina e, dois meses depois, foram picados por mosquitos infectados. Nenhum dos dez no grupo que já tinha sido exposto à malária apresentou parasitas no seu sistema sanguíneo após isso. Por outro lado, todos os outros cinco, que não haviam sido expostos à malária previamente, apresentaram tais parasitas.

Robert Sauerwein, um dos médicos que conduziram o experimento, afirma que essa estratégia "não é uma vacina" no sentido técnico do termo, mas uma maneira de mostrar como os parasitas podem ser usados para imunizar pessoas. Vacinas são preparados capazes de ativar defesas do organismo sem usar patógenos vivos ativos.

A Sanaria, empresa farmacêutica americana, está desenvolvendo agora uma vacina que usa parasitas vivos enfraquecidos por radiação.

A importância de desenvolver uma vacina está demonstrada em outro estudo publicado hoje na mesma revista médica, mostrando que plasmódios que circulam no Sudeste Asiático estão desenvolvendo resistência à artemisinina, uma das principais drogas usadas hoje para tratar a malária.
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